Análise Assassin’s Creed Chronicles: Russia

Com proposta diferente, Assassin’s Creed Chronicles: Russia encerra bem a série Chronicles e trás como plano de fundo os conflitos de uma Russia dividida após o regime do Czar Nicolau II, o jogo abusa da furtividade e cores fortes.

Recentemente, a Ubisoft anunciou que não teremos um jogo da franquia Assassin’s Creed em 2016. Para compensar no final de 2015 e inicio de 2016 foram lançados os jogos da trilogia Assassin’s Creed Chronicles: China, Índia e Rússia.

A proposta destes spin-offs é bem diferente. Sai a ação entra a furtividade. Além disso o jogo apresenta uma visão 2D com cenários em 3D, também conhecido como 2.5D, o mesmo estilo visto em Rayman Legends e Valiant Hearts.

Assassin’s Creed® Chronicles Russia

Senta que lá vem história

Assassin’s Creed Chronicles: Russia possui uma história bem simples. O contexto é mostrado no inicio de cada fase. Para compreender melhor os fatos, vou fazer um breve resumo da situação política da Rússia na época.

No início do século XX a Rússia era governada pelo Czar Nicolau II. A população era muito pobre e a grande maioria vivia no campo. A classe operária crescia , principalmente em Moscou, São Petersburgo e na Ucrânia. O sistema czarista não era democrático e a liberdade era restrita.

Assassin’s Creed® Chronicles Russia

Em 1905, a Rússia entra em guerra com o Japão pela região da Coréia e da Manchúria. As forças armadas japonesas impuseram uma derrota humilhante ao governo do Czar. A inquietação da população aumentou muito após este desastroso desempenho militar, culminando na Revolução Russa de 1905.

Domingo Sangrento (1905)
Domingo Sangrento (1905)

Em 22 de janeiro de 1905, uma multidão se diria ao palácio do governo para entregar uma carta exigindo mais direitos a população e aos trabalhadores. Entretanto, a guarda do Czar foi ordenada ao não permitir a passagem da população, que não recuou.

Os guardas, então fuzilaram milhares de pessoas e a manifestação se dissipou. Este acontecimento é conhecido como Domingo Sangrento e gerou uma grande revolta em todo o país. Os trabalhadores começaram a organizar-se em grupos tanto no campo e nas cidades.

A Rússia passou por vários anos de instabilidade social e ela só se agravou com mais uma guerra. A Primeira Guerra Mundial foi o estopim para que mais uma revolução ocorresse. Em fevereiro de 1917, começava a primeira parte da Revolução Russa. Ela depôs o poder do Czar transformando a Rússia em uma república de cunho liberal, governada por um governo provisório.

Vladimir Lenin
Vladimir Lenin

Lenin, até então, estava exilado em Zurique . Após o fim do governo do Czar ele retorna a Rússia. Ele lidera junto ao partido dos Bolcheviques uma intensa campanha publicitária.

Com apoio popular, demonstrado nas eleições municipais, o partido era o que mais crescia da Rússia. Em Outubro de 1917, os Bolcheviches, liderados por Lenin tomaram o poder instalando o governo socialista soviético.

A dama e o plebeu

A história de Assassin’s Creed Chronicles: Russia se passa em julho de 1918, 9 meses após a Revolução Socialista Soviética. Esta foi a primeira revolução comunista marxista, que levou ao poder Vladimir Lenin.

A família do Czar Nicolau II foi mantida em carcere em uma casa na cidade de Ecaterimburgo.

Assassin’s Creed® Chronicles Russia
Nicolai Orelov, protagonista do jogo

O personagem principal de Assassin’s Creed Chronicles: Russia é Nicolai Orelov. Nicolai é um assassino, porém tem o desejo de abandonar a ordem e ir para os Estados Unidos com sua família.

Para obter o dinheiro para a mudança, ele aceita uma última missão, que é invadir a casa onde a família do Czar é mantida e recuperar um artefato que esteve na ordem por séculos. Durante a missão ele presencia o massacre da família do Czar e consegue salvar uma de suas filhas, Anastacia. Anastacia também é uma personagem jogável.

O jogo utiliza um dos rumores que cercam estas mortes. Para muitos na época, Anastacia teria sobrevivido. Inclusive algumas moças diziam ser a duqesa, porém todas foram consideradas fraudes.

Esta não é a primeira aparição de Nicolai. Ele já esteve presente nas HQs lançadas pela DC Comics, Assassin’s Creed: The Fall (2010-2011) e Assassin’s Creed: The Chain (2012).

Assassin’s Creed Chronicles: Russia possui muitos dos movimentos que existem na versão “normal” de Assassin’s Creed. Os assassinatos rápidos, imobilização, utilização do arpéu e combate corpo a corpo são bem semelhantes. Além disso, o jogo possuí movimentos próprios.

É possível realizar mortes deslizando. Este foi o tipo de morte que mais utilizei, é rápida e não faz muito barulho. Os personagens possuem características distintas. Nicolai é mais lento, possui uma barra de vida maior e utiliza um rifle.

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Com Anastacia um erro significa morte. A corrida Helix é ajuda muito contra muitos inimigos

Anastacia é mais ágil, porém bem mais frágil. Um erro e é morte certa. Nem adianta tentar combate corpo a corpo. Para compensar, ela possui a barra Helix. Ela é utilizada para ficar invisível por alguns instantes, assim, é possível mover-se entre esconderijos de maneira furtiva através da corrida Helix.

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Os inimigos possuem um campo de audição e visão limitados

Os inimigos possuem um raio de visão e um raio de audição. A movimentação deles é em um caminho pré-determinado. Se um inimigo te detecta por alguns segundos, ele vai investigar o local.

Caso ele tenha certeza que te viu ele vai alertar os demais guardas. Em algumas áreas podem surgir reforços. O estado de alerta dura 10 segundos, e então, segue a vida normal. Este sistema lembra muito jogos de estratégia antigos.

Assassin’s Creed® Chronicles Russia
Cada estágio possui uma classificação que desbloqueia melhorias

Cada estágio de uma fase possui uma avaliação de estilo ao ser completada: Ouro, Prata e Bronze. Isto gera pontos que ao final da fase são somados e liberam melhorias de vida, barra Helix e ações. Utilizar de força não letal e evitar ser detectado resulta em classificação mais alta.

Propaganda é a alma do negócio

Se em Assassin’s Creed Syndicate: DLC Jack The Ripper a imprensa escrita tem grande influência na história, aqui a influência da publicidade da Revolução Bolchevique está na arte de Assassin’s Creed Chronicles: Russia. Ela é claramente inspirada em cartazes.

Os Bolcheviques não tiveram uma participação ativa na derrubada do czar Nicolau II. Lenin só retornou a Rússia, após a Revolução de Fevereiro. Porém a instabilidade política havia criado uma oportunidade única para os comunistas alcançarem o poder.

Entretanto, para conseguir chegar ao poder, não era necessário apenas manobras políticas. Era necessário apoio popular. E a população que sofria com a fome e a guerra, ansiava por alguém que pudesse liderar a Russia.

Lenin como destaque de um cartaz Bolchevique com a mensagem "Para o futuro brilhante da sociedade comunista, prosperidade universal e paz duradoura"
Lenin como destaque de um cartaz Bolchevique com a mensagem “Para o futuro brilhante da sociedade comunista, prosperidade universal e paz duradoura”

A forma encontrada para conseguir tal apoio da população foi utilizar propaganda maciça. Cartazes foram espalhados por todo o país. Sempre envolvendo muito nacionalismo nas mensagens e ilustrações,  com predominância das cores vermelha, branco e preto.

As ilustrações do jogo tem traços e cores modernizados dos cartazes da Revolução Russa
As ilustrações do jogo tem traços e cores modernizados dos cartazes da Revolução Russa

O jogo não possui cutscenes. No lugar, ilustrações com traços e cores inspirados nos cartazes. São ilustrações simples, mas que funcionam muito bem.

Os desenhos não possuem movimentação, contudo os cenários, textos e personagens são mostrados na tela de forma alternada até formar a ilustração completa, dando uma sensação de movimento.

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Os cenários possuem um certo ar noir com as construções em tons de cinza que proporciona um aspecto sombrio. Postes, cartazes e cordas, todos os detalhes são em vermelho. O desenho da paisagem é mais simples é justamente o oposto dos edifícios. Com cores fortes e coloridas o contraste cria justamente a sensação de estarmos dentro de um cartaz da Revolução.

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Nicolai, o sniper

Os estágios possuem profundidade e alternância de plano é constante. Outra visão do jogo é a mira do rifle de Nicolai, para matar inimigos de longa distância e de forma silenciosa.

Veredito

Assassin’s Creed Chronicles: Russia tem uma proposta bem diferente da série principal. O jogo é muito bem feito, não sofri com bugs que vem assolando os últimos jogos da série. A arte dos gráficos tem uma proposta de estilo bem legal. A movimentação das personagens é muito semelhante aos jogos 3D, mesmo com a limitação de visão 2.5D.

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Furtividade é a definição do jogo

A história é bem simples. Para entender todo o contexto histórico, é necessário procurar algum texto sobre a Revolução Russa. É difícil ter uma afinidade com os protagonistas, algo que a própria Ubisoft conseguiu em Valiant Hearts.

Assassin’s Creed Chronicles: Russia, entrega uma experiência divertida e diferente. Todavia, a mecânica do jogo, que eu gostei, restringe muito o público. Com menos ação e mais furtividade, o jogo pode tornar-se monótono. Da série Chronicles, este foi o jogo mais difícil, todos os inimigos possuem armas de fogo, limitando a possibilidade de erros, principalmente com Anastacia.

Assassin’s Creed Chronicles: Russia foi lançado no PC, PlayStation 4 e Xbox One. Análise feita a partir de uma cópia da versão PC cedida pela assessoria de imprensa da Ubisoft Brasil.

João Ibarra
Sul-mato-grossense, mesmo, nunca teve console. Começou jogando no Super Nintendo na casa de amigos. Viveu a era de ouro das Lan Houses jogando CS 1.6 e NFS Underground. Analista de Sistemas, quase Engenheiro da Computação, vendeu a alma para a Steam, é grande fã das franquias Half Life e Max Payne.