Análise Stranger Things (2ª Temporada)
Do Mundo Invertido surge uma ameaça ainda maior buscando destruir tudo que está em seu caminho, começando pela pacata cidade de Hawkins. Resta aos nossos pequenos amigos mais uma vez encarar seus medos, formar alianças e enfrentar este novo inimigo, tão perigoso quanto o Demogorgon.
Stranger Things talvez seja um dos maiores triunfos já conquistados pela Netflix em 2016. Seu sucesso em resgatar a atmosfera dos anos 80 com seus sintetizadores, trazendo de volta à memória filmes como Conta Comigo (1986), Os Goonnies (1985) e obras que diretores como Steven Spielberg, John Hughes e Stephen King produziram nessa época, é incontestável.
Com as suas referências e seu enredo sobre um grupo de amigos desvendando mistérios sobrenaturais na pequena cidade de Hawkins, a produção da Netflix fez com que uma febre começasse e a expectativa e teorias para a próxima temporada fossem gigantescas.
Nesse cenário, no dia 27 de outubro, beirando o Halloween, chegava a segunda temporada de Stranger Things (ou Stranger Things 2) respondendo algumas questões e ampliando outras. Já vale dizer de início que a série dos irmãos Matt e Ross Buffer tem a clara pretensão não só de ampliar o universo apresentado na primeira temporada como também de se arriscar. E tudo isso construído de maneira cinematográfica, como um filme gigantesco. Acompanhamos a repercussão dos acontecimentos envolvendo os integrantes do Clube de Jornalismo de Hawkins após um ano. Logo em seu primeiro episódio somos apresentados a um cenário diferente, fora de Hawkins, mas importante para o crescimento da série nos próximos anos.
Sobra espaço ainda para os novos personagens, como a Max (Sadie Sink) e o novo bullie de mullets Billy (Dacre Montgomery), todos com a sua devida importância na trama. Temos também a inserção do Dr. Owens (Paul Reiser), com um easter egg caprichado de Aliens- O Resgate e também Bob Newby, interpretado pelo medalhão dos filmes juvenis oitentistas Sean Austin. Trazer o personagem de Austin não só funciona na trama, como também dá um aspecto familiar e sentimental para toda uma geração que cresceu com a filmografia do ator, o que garante um ponto importantíssimo para a produção dos irmãos Buffer.
As novas interações entre alguns personagens é um dos aspectos mais interessantes e que fluem sem parecer algo forçado. A relação paterna-rebelde entre Eleven e o delegado Jim Hopper, a “disputa” amorosa entre Dustin e Lucas por Max, a relação entre Johnattan e Nancy e talvez uma das duplas mais cool e improváveis da série, Dustin e o agora bonzinho, ex-bullie, Steve, revigoram o interesse pela trama em acompanhar cada núcleo.
A segunda temporada de Stranger Things joga luz ao passado de Eleven tentando entender o seu lugar no mundo, além de aprofundar o universo do mundo invertido. Tudo isso levantando novas questões envolvendo o Laboratório de Hawkins e seus experimentos. E as referências não são gratuitas, temos: Os Gremlins, X-Men, O Exorcista, Aliens, The Warriors,Os Caça – Fantasmas e outras e outras. Temos aqui já um indício para onde a série quer caminhar, em especial no tão discutido episódio 7. O irmãos Buffer têm em suas mãos um produto em crescimento, e que se bem conduzido vai render grandes surpresas. Assim como seus acertos, há também algumas patinadas em seu apelo nostálgico, mas nada que estrague o seu enredo.
Com um orçamento maior, Stranger Things amplia a sua proposta iniciada em 2016, mais bonita visualmente, fechando algumas pontas soltas e deixando outras para o expectador, tudo na medida. Com uma trama que se encerra com coesão, afastando a impressão de que seja apenas algo plástico com o intuito de ganhar fãs pela nostalgia. A série mantém o seu foco no enredo e tem pretensões de ampliá-lo para fora de Hawkins. A expectativa se mantém para os próximos episódios e que venha Stranger Things 3.
A segunda temporada de Stranger Things já está disponível na Netflix.