Análise The Sojourn (PS4)
Quebra-cabeças em primeira pessoa com dificuldade gradual, gráficos lindos e uma história aberta tornam The Sojourn um game bastante agradável.
The Sojourn é um jogo bem simples e direto, os comandos são básicos com poucos botões e o objetivo é seguir duas esferas luminosas que reconstroem cenários e indicam a direção de quebra-cabeças que precisam ser resolvidos para liberar os próximos.
E apesar de não ser complexo mecanicamente, cada nova área irá apresentar um novo conceito que somado aos anteriores vai gradativamente aumentando a dificuldade dos puzzles deixando tudo sempre fresco e desafiador, mas nunca injusto.
Desenvolvido pela Shifting Tides e publicado pela Iceberg Interactive lançado em 20 de setembro de 2019 para PC, Xbox One e Playstation 4, The Sojourn está totalmente legendado em português do Brasil e apesar de não haver diálogos ou uma quantidade excessiva de textos é ótimo ter essa opção disponível para quem não domina o inglês.
Pontos de vista
Existe uma história em The Sojourn, mas ela é altamente interpretativa, em diversos momentos achei que o tópico central era a passagem pelos diferentes estágios da vida, em outros momentos comecei a pensar se não era sobre a busca por conhecimento, ou seria uma história sobre ganância e como pessoas com poder tiram vantagem das menos favorecidas?
E por mais filosófico que isso possa parecer talvez a narrativa aqui seja sobre tudo isso ou partes disso e imagino que cada pessoa terá uma interpretação diferente do que está lendo nas entrelinhas pela forma que essa história é contada.
Venha para o lado sombrio
Em contrapartida a toda essa história que deixa a imaginação voar livre o gameplay é bem rigoroso no que permite o jogador fazer.
Existem duas realidades paralelas, uma normal e um mundo sombrio que é acessado através de portais. Enquanto o jogador estiver nesse local sombrio ele pode enxergar, acessar e reconstruir locais que não são visíveis no mundo normal e vice-versa.
Por exemplo, digamos que um dos quebra-cabeças exija que o jogador atravesse uma ponte que está quebrada, ao alternar para essa outra realidade a ponte inteira novamente, porém existe um limite para o uso desse mundo sombrio e é aqui que as coisas começam a ficar interessantes.
A limitação da permanência nessa realidade escura não é por tempo e sim por distância. A cada passo dado uma barra diminui e ao ser esgotada o jogador volta ao mundo normal, revelando assim a mecânica central de The Sojourn: posicionamento.
Basicamente o objetivo do jogo é ir do ponto A ao ponto B passando por diversos obstáculos usando e alternando entre os diferentes mundos e para isso é necessário posicionar totens para liberar portões trancados, mudar de lugar com eles, cloná-los, os tornar ativos ou inativos, etc.
No início isso é bem simples, mas novos elementos vão sendo acrescentados ao final de cada conjunto de puzzles, como totens musicais em forma de harpa que só reconstroem caminhos durante a duração das suas músicas ou refletores que lançam feixes de luz sombria para criar novos caminhos ou ativar totens, por exemplo.
Além dos quebra-cabeças bases para se terminar a fase existem desafios extras que consistem em coletar um pergaminho e é nesse ponto que a dificuldade escala um pouco mais.
Às vezes o puzzle principal chega a ser pueril de tão simples, mas o que dá o sabor especial é coletar esse pergaminho, todavia como é opcional a escolha de completar ou não essa parte fica totalmente a cargo do jogador.
Mas é muito satisfatório conseguir encontrar as soluções quando todos esses elementos começam a atuar em conjunto de forma cada vez mais intrincada e ao mesmo tempo de forma tão orgânica.
Durante a minha jogada fiquei agarrado em algumas partes realmente difíceis por mais tempo, mas no final ao conseguir solucionar a sensação sempre era de: “Nossa, mas era tão simples assim e eu é quem estava complicando as coisas”.
A riqueza está nos detalhes.
O estilo gráfico de The Sojourn é lindíssimo e apesar de apostar em figuras e cenários poligonais essas são muito bem detalhados.
A paleta de cores é muito bonita e a iluminação contribui para ressaltar esses detalhes e cada um dos quatro capítulos em que é dividido tem áreas temáticas bem distintas entre si e cada uma mais bonita que a outra.
A trilha e efeitos sonoros minimalistas são outro ponto positivo de The Sojourn.
Agradável e sempre presente ela complementa muito bem a arte escolhida sem nunca puxar o protagonismo para si.
Como o objetivo é pensar e calcular caminhos uma trilha muito destacada poderia atrapalhar ou cansar muito rápido o jogador, o que não é o caso aqui.
Para quem esse jogo é indicado?
No balanço geral The Sojourn é recomendado para quem gosta de jogos de quebra-cabeças com uma proposta simples mas ainda assim desafiadora, que vai exigir um raciocínio maior em determinados pontos, mas sem obstáculos impossíveis de serem vencidos.
A história ambígua pode ser um ponto positivo que vai te fazer fez querer entender o que aconteceu com esse mundo ou até ser algo totalmente ignorável para quem só quiser focar na parte dos puzzles.
Depende exclusivamente do jogador o preenchimento das lacunas deixadas ou não.
E para os complecionistas que gostam de caçar troféus e achievements, a platina/1000 G de The Sojourn é bem direta, basta completar todos os puzzles e coletar todos os 46 pergaminhos dos desafios opcionais que ao final você terá feito tudo que o game tem a oferecer.
A análise de Sojourn foi escrita com base em uma cópia de PS4 fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.