Análise Predator: Hunting Grounds (PlayStation 4)
Em 1987, o novato diretor John McTiernan é convocado para dirigir um filme que é misto de ficção científica e terror. No elenco, um ator austríaco em franca ascensão em Hollywood. Nascia ali o “Predador”, um dos alienígenas mais queridos do cinema (pelo menos por mim), base de tantos produtos derivados anos depois. Será que Predator: Hunting Grounds faz jus ao histórico de jogos da franquia?
Como adiantamos aqui na nossa visita à BGS2019, Predator: Hunting Grounds é um jogo de ação multiplayer assimétrico, pois as partidas são organizadas em times de “4 contra 1”. Podemos escolher fazer parte de um time de mercenários, completando objetivos no mapa ou jogar como o Predador, tendo um único foco: caçar o time de mercenários. Não há campanha disponível e há um roteiro superficial que relaciona-se vagamente com o último filme da franquia (sobretudo com menção ao Projeto Stargazer) e, de certa forma, justifica a presença dos mercenários no local.
DO LADO ERRADO DA FRONTEIRA
Vamos começar deixando claro que Predator: Hunting Grounds é tecnicamente muito superior a Friday The 13h: The Game, também desenvolvido pela Illfonic. Os cenários são ambientados em uma floresta tropical fechada, com pontos de interesse onde existem inimigos controlados por inteligência artificial (IA), para dar início a um combate armado. O visual é muito bonito e o desenho das fases é bastante efetivo, sendo bem simples de chegar aos objetivos e entender onde estamos, mesmo com o ambiente de floresta em que estamos rodeados por árvores o tempo todo.
A trilha e os efeitos sonoros são excelentes! Sobre a ambientação musical, não preciso ir muito além do que dizer que a trilha original do filme de 1987 (com algumas variações), composta por Alan Silvestri está em toda parte, seja no combate ou nos momentos de tensão que o antecede. Em relação ao efeitos sonoros, o destaque fica para o Predador, que possui diversas assinaturas sonoras, desde o ruído que podemos ouvir quando ele está por perto (inconfundível), até a troca do tipo de visão em seu capacete espacial. Tudo que conhecemos sobre alienígena está lá.
SE SANGRA, PODEMOS MATÁ-LO
Para falar sobre mecânicas e gameplay é preciso separar os personagens do jogo: os Mercenários e o Predador. O grupo militar possui a jogabilidade familiar dos jogos clássicos de tiro em primeira pessoa, com uma arma principal e uma secundária. Conforme avançamos, podemos desbloquear equipamentos novos e escolher uma classe para atuar, como assalto, reconhecimento, suporte. A movimentação é rápida e fluída, mas limita-se a andar, correr, atirar e interagir com objetos. Não existe a mecânica de escalada de paredes e objetos mais elevadas, por exemplo, algo que atualmente é o padrão da indústria. Em contrapartida, os mercenários podem se cobrir de lama para burlar a assinatura de calor que os destaca do cenário na visão de calor do Predador.
Os objetivos das fases são bastante simplórios, bastando chegar em algum lugar e ativar um equipamento, buscar documentos ou destruir algo. Alguns objetivos demoram mais para serem concluídos, iniciando um cenário onde devemos defender nossa posição contra ondas de soldados inimigos. Infelizmente tais ondas são muito rápidas e a IA dos inimigos é sofrível a ponto de alguns deles passarem ao nosso lado sem dar bola. Assim, os inimigos controlados pela inteligência artificial são uma mera distração no caminho. Finalizados os objetivos, devemos sair da área indo até o ponto de encontro para a extração via helicóptero, sendo este o derradeiro momento de tensão.
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Jogando como mercenário, o verdadeiro desafio está em enfrentar o Predador. E se qualquer jogo parece fácil demais quando não temos um oponente à altura, tudo muda quando um jogador habilidoso controla o alienígena feioso. Acrescentando uma tensão constante como ingrediente, completar os objetivos simples sob o olhar do Predador passa a ser uma tarefa eletrizante, afinal ele pode estar em qualquer parte, sendo denunciado apenas pelo barulho característico e pelo laser triplo de seu canhão da plasma.
A SELVA O LEVOU
Chegou o momento de falar sobre a estrela do jogo. O Predador é incrivelmente ágil e movimenta-se rapidamente sobre as árvores que cercam o cenário, com um parkuor digno de Assassin’s Creed. O alienígena feioso é equipado com todas as armas e equipamentos vistas nos filmes, como o canhão de plasma, redes de pesca da desgraça, disco mortal, lança maldita, garras do tigre negro e até um facão! Todavia, as armas precisam ser desbloqueadas à medida em que ganhamos XP e créditos dentro do jogo. O Predador também conta com recursos como camuflagem que o deixa quase invisível, o equipamento de cura e a visão de calor, além de recursos mais avançados que pode ser desbloqueados, como armadilhas e distrações sonoras.
Embora o Predador seja muito bem equipado, encontrar os objetivos jogando com ele é mais difícil, uma vez que este movimenta-se muito bem sobre as árvores, que apenas cercam os cenários e enxergar os inimigos do topo da árvore não é tão fácil sem a visão de calor, que usa a mesma bateria da camuflagem. Existe um sonar que pode ser ativado e indica onde estão os outros jogadores e usá-lo é quase obrigatório, pois, caso contrário, é possível passar uma partida inteira sem saber onde os jogadores a serem caçados estão.
Uma vez no solo, o Predador pode usar ataques físicos contra os demais jogadores, esses sim muito efetivos, mas que nos deixa muito vulnerável aos ataques dos mercenários, exigindo uma certa tática para o ataque. Após derrubar os mercenários, podemos arrancar-lhes o crânio como troféu, o que faz com que eles não possam ser reanimados pelos companheiros (os mercenários podem aguardar a liberação de um equipamento para reviver os amigos, o que demora bastante).
Se por um infortúnio do destino (ou pela nossa total falta de habilidade), o Predador for derrubado, existem duas possibilidade: ele pode morrer de vez, hipótese em que devemos preservar o corpo do espécime para ser extraído, protegendo-o do ataque dos inimigos controlados pela IA ou, acaso o alienígena não morra, ainda temos a chance de matar a todos a nossa volta, ativando a famosa sequência de autodestruição. Em todo caso, com a morte do Predador, a partida termina.
NÃO DESGRUDA DAÍ
Predator: Hunting Grounds é um jogo competente, mas com problemas. Não há como negar que grande parte da diversão está na necessidade de um jogador muito habilidoso estar controlando o Predador, pois caso o contrário, as partidas são incrivelmente fáceis e simplórias, uma vez que a IA dos inimigos é risível. Mas repito, jogo fica maravilhoso quando o Predador é onipresente na floresta, causando medo e tensão nas selva tal como vimos no clássico do cinema. Todavia, encontrar uma partida ainda é muito trabalhoso, às vezes chegando a demorar entre 05 a 10 minutos, sobretudo quando escolhemos jogar com o Predador. Também existe a limitação de cenários, uma vez que o jogo se passa apenas na floresta, variando entre cerca de 4 ou 5 cenários distintos.
Existe, por outro lado, muito espaço para melhorias, tais como a anunciada inclusão do personagem Dutch, vivido no filme original por Arnold Schwarzenegger, além de novos cenários e personagens. O potencial está ali, mas precisa ser bem trabalhado. No final das contas, Predator: Hunting Grounds é um bom jogo. Melhor ainda se você gostar da franquia do cinema, principalmente do filme original de 1987, cuja atmosfera foi traduzida para o videogame de forma competente.
Predator: Hunting Grounds foi desenvolvido pela Illfonic e publicado pela Sony Entertainment e está disponível para PlayStation 4 e PC Master Race. A análise foi feita em uma cópia de PlayStation 4 fornecida pela desenvolvedora.
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