Análise MediEvil (PS4)

MediEvil é um remake do jogo de ação e aventura, lançado originalmente para o primeiro PlayStation, bastante fiel a obra original, inclusive nos defeitos.

Não caro leitor, por mais que 2020 esteja sendo um ano bizarro você não voltou no tempo e está novamente no final de 2019 quando o remake de MediEvil foi lançado.

O que aconteceu foi que eu não tive a oportunidade de jogar na época que foi lançado no ano passado, mas agora que finalmente coloquei as mãos no game fiquei com muita vontade de dar a minha opinião sobre, então por isso você está lendo um review meio tardio sobre ele, mas fica aí que vai valer a pena.

MediEvil (que não tem remake como subtítulo) foi lançado às vésperas do Halloween de 2019, em 25 de outubro, e é uma releitura do título lançado em 1998 para o PlayStation One, produzido pela Other Ocean Emeryville e publicado pela Sony Interactive Entertainment exclusivamente para o PlayStation 4, com dublagem e legendas em português do Brasil.

A atualização gráfica ficou excelente

Mas será que essa diferença de 21 anos foi suficiente para que os fãs sentissem saudades desse cult clássico de uma época mais simples ou era melhor ter ficado na lembrança e nos polígonos do passado?

Tumbalacatumba tumba ta

A resposta para essa pergunta não é simples e é preciso levar em consideração diversos fatores antes de decidir gastar ou não o seu rico dinheirinho nele.

O primeiro ponto é que MediEvil, assim como Shadow of the Colossus, é um dos remakes mais fiéis à obra original que eu já vi, mas toda essa fidelidade cobra o seu preço quando ele também herda problemas de um jogo de 98.

Graficamente MediEvil é uma prova de amor e respeito e nitidamente um trabalho de fã para fã. Tudo foi refeito com grande cuidado e com um nível de detalhamento incrível, tanto para personagens como para cenários, e está tudo muito bonito dentro da proposta cartunesca do game.

Além dos gráficos o som também recebeu um tratamento especial

Tenho lembranças muito boas do primeiro MediEvil e apesar de nunca ter efetivamente terminado ele na época, por não ter um PS One e jogar por hora em locadora, era um game que eu adorava, o grande problema é que sempre que estava indo bem acabava o tempo e o dinheiro para continuar.

A forma que essa aventura era contada me transportava para um mundo mágico com pitadas de temas sombrios, como morte e criaturas monstruosas, de uma forma infantil e engraçada, que eu só havia conhecido em filmes que eram os meus favoritos na época: O Estranho Mundo de Jack, A Patrulha Monstro e Abracadabra.

Eu adorava esse filme quando criança

Achava o máximo a história do herói meio bobalhão e um tanto covarde que retornava a vida, ou quase isso, para se redimir e finalmente conquistar algum feito realmente heroico que permitisse ele celebrar eternamente no Salão dos Heróis.

E é notável o quanto conseguiram manter dessa essência e do clima original sem cair no que seria uma armadilha de uma atualização que descaracterizasse esses pontos para o fã de longa data.

Por outro lado, para novos consumidores ou que não conheceram MediEvil na época do primeiro lançamento pode ficar a impressão de um jogo muito simples para os padrões atuais.

E essas pessoas estarão cobertas por suas próprias razões.

MediEvil Rei Abóbora
As batalhas com os chefes são bem simples, exceto um ou dois um pouco mais difíceis

Uma surpresa agradável

MediEvil sempre foi um jogo simples e continuou assim no remake, não existem grandes atualizações na jogabilidade, os cenários e os quebra-cabeças são os mesmo e o combate basicamente se resume a esmagar o botão quadrado até os inimigos morrerem.

O único adendo a essa versão é a inclusão de um colecionável chamado Almas Perdidas, uma espécie de charada envolvendo exploração, que te incentiva a revisitar as fases caso você queira platinar o game. O único porém é que essas Almas só aparecerão ao abrir um baú específico em uma das fases finais.

Uma bônus é adicionado ao Menu Principal para aqueles que se dispuserem a coletar e retornar todas as 19 Almas Perdidas para o seu descanso final: MediEvil Original exatamente como foi lançado em 98, com a abertura clássica e som de início do PlayStation 1. Um prato cheio para os saudosistas.

MediEvil Original
Você pode desbloquear o game original dentro do remake ao cumprir determinados requisitos

No quesito dificuldade não existe uma grande estratégia para vencer em MediEvil, basta continuar desbloqueando armas mais poderosas através de cálices coletados ao derrotar todos os inimigos das fases, e fique esperto, alguns cenários têm alguns inimigos extras em caminhos menos óbvios. Fazendo isso você vai conseguir chegar ao final do jogo com certa facilidade.

Uma câmera que vai aprontar altas confusões

E se essa falta de um desafio maior pode ser encarada como um defeito lembre-se que MediEvil é um jogo indicado para todas as idades, e portanto uma excelente oportunidade para introduzir pessoas que não estão acostumadas com jogos eletrônicos ou crianças que estão dando os primeiros passos nesse mundo.

Mas um problema que todos encontrão neste remake, seja veterano ou novato, é a sua câmera antiquada e confusa em determinados momentos.

O ângulo de visão é algo que eu classificaria como semi-livre, em alguns cenários você pode controlá-la em todas as direções, já em outros a visão trava e você assiste a tudo de um ponto fixo.

MediEvil Demônio do Vitral
Um sistema de trava nos inimigos poderia amenizar os problemas de câmera

Essas mudanças de perspectiva não seriam um problema se muitas vezes isso não acontecesse no meio de uma batalha e deixasse tudo confuso. O posicionamento não decide se quer ser isométrico, ou se prefere ser uma visão mais colada ao ombro do personagem ou ainda a meia distância aérea.

Apesar disso, entendo que essa foi uma decisão de design consciente para evocar o espírito original do game de 98. Agora se isso é algo que agradou a maioria dos fãs aí já é outra história. Para mim, por exemplo, essa foi a parte que menos gostei no remake.

Mesmo com esse defeito, se você é fã do game original ou se quer um título com jogabilidade simples, lúdico e bonito para passar o tempo, MediEvil é uma boa escolha. Ao não reinventar a roda, e nem se propor a isso, a Other Ocean Emeryville assumiu um risco calculado e no final acredito que eles devem estar orgulhosos do produto que entregaram.

Sei que eu estou feliz de poder terminar a história de MediEvil depois de anos com ela pelas metades e, finalmente, dar o descanso merecido a Sir Daniel Fortesque, herói de Gallowmere.


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Papai Platina
(Pouco) conhecido como Willian. Marido, pai de três filhos maravilhosos, fã de Stephen King, filmes toscos e trophy hunter nas horas vagas. No Twitter como @papaiplatina e willianmarques na PSN.