Análise Neon Abyss (Nintendo Switch)
Neon Abyss chama atenção pelo visual, mas o gameplay e o desafio também são pontos altos nesse jogo de ação roguelike.
Como outros jogos indies, Neon Abyss utiliza-se de uma fórmula conhecida. É um jogo de ação/plataforma em que devemos atirar em quase tudo que aparecer em nossa frente, até encontrar o chefe do nível atual e, adivinhem, atirar nele também. Após passarmos um conjunto de cenários, liberamos a fase em que enfrentaremos os chefes principais. Enquanto não encontramos (e derrotamos) esses inimigos específicos, o progresso é apagado a cada morte. Quer dizer, mais ou menos…
A primeira coisa que me saltou aos olhos quando comecei Neon Abyss foi o visual das fases. Como o nome sugere, o jogo se passa em calabouços localizados dentro de um abismo no qual o personagem se joga a cada nova tentativa. As mecânicas do jogo são simples: pular correr, atirar e interagir com objetos no cenário. Tudo isso com o objetivo de localizar o chefe do nível para derrotá-lo. Durante a busca, combates são travados nos salões pelos quais passamos e podemos encontrar itens para ajudar na missão. Alguns itens são comuns, como moedas utilizadas para adquirir itens nas lojas, chaves e cristais roxos que abrem portas ou baús. Outros, armas e itens de melhoria, são a cereja do bolo de Neon Abyss, mas falarei disso mais adiante.
Quanto mais eu jogava Neon Abyss, mais percebia que as fases geradas proceduralmente possuem uma estrutura macro: todas possuem uma loja, uma sala de upgrades, uma sala com desafios, jogos, entre outros. Essa percepção nos auxilia na preparação não só para enfrentar o chefe daquele calabouço, mas para progredir no nível como um todo, pois até chegarmos no chefe principal, as pequenas fases podem ser consideradas como partes de um só todo. Assim, é com os itens localizados em cada tentativa que teremos que derrotar todos os inimigos. Os itens são valiosos, mas perdem-se com a nossa morte, afinal Neon Abyss é um roguelike. Existem, todavia, melhorias permanentes desbloqueadas com a utilização de moedas douradas obtidas a cada chefe derrotado. Da mesma forma, a derrota dos chefes principais também fica gravada no nosso progresso.
Como em outros jogos, os itens localizados funcionam como melhorias que designam novos atributos ao personagem, como aumento de dano, ou velocidade dos projéteis. Os upgrades são constantes (podemos encontrar 3 ou 4 por fase) e adicionam elementos visuais ao personagem que vão acumulando-se, um sobre o outro. Desse modo, podemos ter 10 upgrades diferentes e um personagem que parece ter saído de uma festa à fantasia. É interessante notar que não houve limites para a criatividade dos desenvolvedores em relação aos itens, que podem ser uma coroa ou um par de óculos e até um saco de pipocas sobre a cabeça ou mesmo a máscara de um filme muito famoso nos anos 1990. Cada item é uma surpresa diferente, mas é imperativo que coletemos o máximo deles possível, pois a cada cenário os inimigos vão ficando mais e mais difíceis.
Além de itens também podemos encontrar armas novas, cada uma com uma característica distinta e trazem consigo uma habilidade passiva ou ativa, que pode custar cristais para ser ativada. Também podemos encontrar pets que vão nos seguir durante o jogo e auxiliar com alguma habilidade. Esses pets possuem sua própria vida e são encontrados em ovos que aparecem aleatoriamente nos cenários, tal como em Yoshi’s Island. Parece muita informação? Não se preocupe, jogando Neon Abyss todas essas mecânicas interagem de forma satisfatória e garantem uma distinta assinatura ao jogo.
Visualmente, Neon Abyss é muito bonito na maior parte do tempo. Os efeitos visuais de explosões e de morte dos inimigos são bem legais e funcionam muito bem tendo a pixel art como aliada. A direção artística dos cenários se destaca em momentos de calmaria, revelando que os cenários na maior parte do tempo são bem simples. Nos momentos de ação, a combinação de explosões e tiros, somados aos elementos em neon do cenário, resulta em uma psicodelia digna de uma rave. Consequentemente, os cenários mais bonitos são aqueles em que não há combate, como salões de itens ou a loja do jogo, por exemplo. Nesse locais o cenário é de encher os olhos, sempre deslumbrante. A assinatura visual do jogo também está presente nos chefes de fase, que possuem uma apresentação bem bacana e geralmente dão um show à parte com os ataques e movimentação pelo cenário. Por outro lado, os efeitos sonoros são competentes, mas não trazem nada de memorável.
Voar não foi o suficiente #NeonAbyss #NintendoSwitch pic.twitter.com/IFSpRnz6mP
— tiagohardco ✝🍺🍕🎮🤘 (@tiagohardco) July 19, 2020
Mas você, leitor assíduo deste site, deve estar se perguntando: Neon Abyss é bom de jogar? Eu te respondo: sim! É muito divertido! A soma desses elementos resulta em um ótimo jogo de tiro, com muito bom humor e um desafio honestíssimo (se achar muito fácil, pode subir a dificuldade pro Hard). Os inimigos e chefes parecem fáceis no início, mas com o tempo dá pra perceber que Neon Abyss não exige somente habilidade motora dos jogadores, mas também uma boa dose de exploração e estratégia para abordar cada tentativa. Um exemplo é a memorização de cada item, pois eles não possuem propriamente uma descrição antes de pegá-los, apenas o seu nome. Isso significa que ao gastar moedas na compra de um item ou arma, fazemos isso às cegas e, ainda, que a combinação de uma arma boa com uma certa habilidade, pode deixar o jogo mais fácil ou mais difícil (tente combinar uma taxa de tiros lenta com munição explosiva e verá a receita do desastre).
Apesar de ser um jogo simples e divertido, Neon Abyss também vem com sua cota de bugs e defeitos, por assim dizer. Acho que o pior aspecto do jogo é a utilização, por padrão, do gatilho esquerdo para pulo (ZL, L2 ou LT, dependendo da sua plataforma) e o tiro automatizado ao apontar a arma com o controle analógico direito. Se por um lado eu me acostumei facilmente com o sistema de tiro, remapear o botão de pulo é quase a primeira coisa que faço quando volto a jogar, sobretudo porque algumas vezes o jogo não memoriza a alteração feita. Outro aspecto ruim encontrado foi o salto de frames em alguns chefes, especificamente quando a tela fica sobrecarregada de efeitos visuais. Eu imagino que esses defeitos sejam exclusivos do Nintendo Switch e não devem estar presentes nas plataformas mais robustas como PlayStation 4, Xbox One e PC. O jogo também não conta com textos em português, o que pode ser um complicador para quem não entende outro idioma. O lado bom é que esses aspectos parecem ser passíveis de correção por meio de atualizações futuras.
Isso foi um lag? #NeonAbyss #NintendoSwitch pic.twitter.com/z0eT5gg43O
— tiagohardco ✝🍺🍕🎮🤘 (@tiagohardco) July 19, 2020
De maneira geral, Neon Abyss é uma ótima adição ao universo de jogos roguelike e, apesar de não possuir uma narrativa explicita que dê suporte à campanha, mas algo abstrato, é um jogo divertido, competente no que propõe e possui elementos visuais e mecânicas únicas capazes de cativar os jogadores em busca de um desafio old school.
Neon Abyss foi desenvolvido pela Veewo Games e distribuído pela Team17 e está disponível para Nintendo Switch, Xbox One, PlayStation 4 e PC Master Race. A análise foi feita com base em uma cópia digital do jogo no Nintendo Switch gentilmente cedida pela Team17.
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