Análise King’s Bounty II (PlayStation 4 e PlayStation 5)

King’s Bounty II é uma aventura RPG em um mundo de fantasia medieval que se destaca pela mistura de exploração open-world com combate por turnos.

King’s Bounty II me lembrou a infância. Quando éramos crianças, meu irmão e eu ganhamos um SNES de presente por ter fechado o ano na escola sem ficar recuperação. Naquela época, mesmo já no início da geração 32-bits, o console da Nintendo era um pequeno luxo e por sorte o nosso veio com Mario Kart, que permitia 2 jogadores simultâneos e também é um jogo incrível sob quase todos os critérios.

Eventualmente, éramos presenteados com um cartucho novo pelo nosso pai (um por ano) que mesmo sem conhecer nada de jogos, trazia pra gente algumas pérolas como Donkey Kong Country. Mas para cada compra acertada, a aquisição de cartuchos feita às cegas também rendia alguns “equívocos” como o Sonic 4 e o obscuro Golden Fighter, um beat ‘em up repetitivo e ruim de jogar que recebeu da gente a mesma atenção que dávamos ao Goof Troop ou Mortal Kombat, afinal, era cavalo dado e não possuíamos poder de decisão naquela altura da vida.

De certo modo, King’s Bounty II me trouxe a lembrança dessa época, mas quis o destino que fosse por se tratar de um RPG com exploração de mundo-aberto e combate por turno que dificilmente vai ser lembrado pelo mundo ou pelas lutas.

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Pouco carisma e dublagem apenas razoável.

Um lugar pra lá de comum

É difícil falar de King’s Bounty II com detalhes porque pouca coisa nele é única. Desde o mapa fantástico onde habitam anões, fadas e monstros elementais até o personagem de arquétipo europeu medieval barbudo (uma das 3 possibilidades de escolha) cujo carisma não chega aos pés do Ricardo Macchi, tudo parece derivado de outras obras. Não que haja qualquer problema em emprestar características desse ou daquele produto para compor algo novo, mas no caso desse RPG publicado pela 1C Entertainment, sempre acabamos nos lembrando de obras mais interessantes do que a que estamos jogando no momento. Um péssimo sinal.

A exploração rende ao jogador algumas peças de vestuário e muitos objetos de valor que poderão ser vendidos para que o jogador compre unidades para o seu pelotão que será usado nos encontros com inimigos que são, mesmo com seus problemas, a melhor parte do jogo.

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Meu batalhão não dá nem pro cheiro nessa luta.

Ao encontrar uma área de batalha – elas ficam delimitadas por um tipo de campo de força – a câmera sobe para um plano isométrico, como em Divinity: Original Sin, por exemplo, e nossas unidades ficam dispostas em um “tabuleiro” formado por hexágonos onde vamos organizar nossa estratégia para eliminar os inimigos. Estranhamente o personagem principal não entra na luta, mas fica fora do campo de batalha atuando como um comandante com habilidades especiais, sendo capaz de aplicar cura nos aliados ou dano específico nos inimigos – dano por fogo, redução da defesa, etc.

Um problema que me incomodou é que o movimento das unidades não é muito bem explicado. As áreas adjacentes aos soldados ficam verdes mas nem sempre são acessíveis para movimentação e a informação da tela não faz um trabalho muito bom em indicar qual é o alcance de cada “peça”. Exceto por esse detalhe, o combate é bastante óbvio pra quem já está acostumado com batalhas por turnos, mas sem maiores detalhes como uma fileira de movimentos visível na tela, pra citar um elemento bem comum no HUD dos RPGs.

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Cavalo ficou preso no portão.

Fora da batalha, a exploração desengonçada com o cavalo e a dublagem bem pouco inspirada fazem pensar se não seria melhor que o jogo exibisse diálogos apenas em texto e que o investimento em atores tivesse sido investido em polimento e o foco fosse mantido nas batalhas para extrair o máximo desse sistema que é interessante e uma das poucas coisas capazes de manter o jogador interessado.

Só consigo recomendar esse jogo como presente para aquela criança que não estudou, desobedeceu pai, mãe e professores, reprovou de ano e teve a cara de pau de pedir Skyrim Anniversary Edition como presente de Natal.

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Portal pra um mundo novo. Que seja melhor que esse aqui.

A análise de King’s Bounty II foi escrita graças a uma cópia digital gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.

Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!