Análise The Serpent Rogue (PS5)
The Serpent Rogue é um jogo de criação, exploração, gerenciamento e combate que foca na ambientação e no ritmo tranquilo. Confira a análise!
The Serpent Rogue é um jogo que aposta suas fichas no ritmo e na atmosfera. Começamos com nosso protagonista, chamado apenas de Warden (algo como “guardião”) que entra em cena com visual de médico medieval para livrar o mundo da corrupção da entidade chamada “Serpent Rogue”.
O jogo se passa em um mundo de fantasia com atmosfera soturna e possui como base de gameplay a combinação de ingredientes para a criação de poções e exploração do mapa. Se você gosta de jogos mais complexos, The Serpent Rogue vai te agradar.
A premissa do jogo é simples: controlando o protagonista, devemos limpar as áreas do mapa da corrupção causada pela Serpente. Para isso, podemos utilizar os materiais encontrados no cenário ou combiná-los para criar outros a fim de obtermos recursos e ferramentas úteis na missão (algo parecido com a mecânica existente em Minecraft e jogo de navegador/mobile Little Alchemy). Essa mecânica básica se desdobra para alcançar itens e habilidades avançadas, como a forja de ferramentas ou armas com a utilização de madeira e restos de metal, por exemplo.
No começo, podemos acessar áreas simples, onde não há qualquer ameaça para podermos desenvolver as habilidades de criação alquímica. Nessas áreas também podemos encontrar personagens não jogáveis e objetos de interação, como a forja e a cozinha, onde são criadas ferramentas e comida. Novas mecânicas e habilidades vão sendo reveladas à medida em que exploramos o mapa, como o cemitério e o porto, onde podemos recrutar companheiros para auxiliar nas tarefas, como cultivar uma horta, cuidar de uma criação de galinhas ou ganhar algum dinheiro com a criação de poções para a população.
Em relação ao combate, The Serpent Rogue possui mecânicas muito básicas, limitando a defesa e ataques, sendo a ausência de um tutorial um desafio bem maior do que os inimigos. A principal área de exploração e combate é a Wasteland, onde os inimigos são versões corrompidas dos animais e pessoas que encontramos no jogo e podem tanto serem mortos em uma luta ou curados com poções de purificação. A obtenção dos ingredientes e criação da poção de purificação fica por conta do jogador que deve fazê-lo com olho no indicador de corrupção da área, pois de tempos em tempos a Wasteland é varrida por uma tempestade mortal. Se você tiver comida na bagagem, vale tentar domesticar algum animal para ser seu companheiro. Mas cuidado, assim como na vida real a adoção precisa ser responsável e exige constante cuidado, sobretudo com alimentação dos bichos.
Outra mecânica muito presente no jogo é a de gerenciamento de inventário. Os itens encontrados possuem peso e debilitam o personagem ao ultrapassar o limite de carga, impedindo o uso do recurso de viagem rápida (algo essencial no jogo). Também devemos cuidar com o desgaste das armas e ferramentas, que acabam quebrando com o uso, inclusive o kit de criação. Claro que tudo pode ser recriado, mas os materiais de criação precisam ser encontrados, o que de modo geral, não é tarefa fácil.
Visualmente, The Serpent Rogue é possui gráficos simples mas com muita personalidade, buscando uma direção artística sombria e com uma dose sutil de humor. A apresentação do jogo é em 2D, embora utilize cenários e objetos em 3D com aspecto cartunesco: uma carta na manga dos jogos indies. O destaque fica para as criaturas e monstros do jogo. Em relação ao som, a ambientação musical e efeitos sonoros são competentes para criar uma atmosfera quase macabra, mas carismática na medida certa. Infelizmente, o jogo não está em português e nem conta com legendas em nosso idioma.
The Serpent Rogue é um jogo de ritmo lento e sistemático. A limitação de carga é um dos fatores mais relevantes, pois dita o número de viagens e objetivos de cada ida à Wasteland, fazendo com que o avanço nas áreas seja bastante lento. Se por um lado, o ritmo menos frenético ajuda a estabelecer uma identidade ao jogo e levando-nos ao relaxamento, por outro faz com que cada atividade precise ser planejada podendo inclusive levar à frustração, uma vez que é possível morrer e perder todos os itens não depositados nos baús.
No geral, a proposta de The Serpent Rogue é bem bacana. Os gráficos cartunescos e a direção de arte, aliados à trilha sonora, dão uma tônica sombria mas paradoxalmente amigável, que contrasta com jogos dentro do mesmo gênero de construção e gerenciamento, notadamente Stardew Valley, My Time At Portia e, porque não, Minecraft.
Contudo, o ritmo lento acaba ultrapassar o equilíbrio que leva ao relaxamento, esbarrando involuntariamente no tédio oriundo da repetição de tarefas em sistemas que não conversam para imprimir agilidade, de modo que o ciclo de gameplay que poderia ser melhor refinado. O destaque fica para a exploração e pelo senso de descoberta que provém da liberdade de criação de itens e improvisação. Se você conseguir encontrar um balanceamento entre a exploração, extração de recursos, criação e combate, vai conseguir extrair o máximo de diversão de The Serpent Rogue. Por outro lado, caso a paciência não o seu forte, vai ser mais difícil desfrutar de tudo que o jogo oferece. Portanto, vale embarcar nessa aventura por um preço camarada.
The Serpent Rogue foi desenvolvido pela Sengi Games e publicado pela Team17 e está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC.
A análise foi feita com base em uma cópia de PlayStation 5 gentilmente fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.