Análise Sniper Elite 5 (PlayStation 4 e PlayStation 5)
Sniper Elite 5 é um jogo deslumbrante ambientado na segunda guerra mundial que envolve planejamento, furtividade e ação em um pacote completo.
Depois de ter limpado a ponte que dá acesso à Ilha, o segundo tenente Karl Fairburne precisa encontrar uma maneira de invadir o perímetro da catedral cuja torre principal corta o céu limpo na costa da França ocupada pelos nazistas.
O guarda que cuidava da entrada lateral não deu trabalho algum, foi eliminado com um golpe de faca que dilacerou suas costelas e destruiu seu pulmão. Ele sequer viu quem o matou. Infelizmente, Fairburne se precipitou e o golpe que ele achou ter sido furtivo, foi testemunhado pelo guarda rondando a muralha que cerca a parte sudeste da cidadela. Se ele apertar o botão eletrônico ao final da passarela de pedra, centenas de soldados saberão que um soldado aliado está tentando frustrar o Projeto Kraken e o alemão está a apenas alguns passos de fazê-lo. Fairburne sabe da importância da sua missão e que pôs tudo a perder sendo descuidado, mas está tranquilo pois também sabe que aquele soldado jamais correrá mais rápido que o seu tiro.
Tudo entra em câmera lenta. Acompanhamos o projétil saindo do fuzil até atravessar os miolos do alemão que cai no mesmo instante. Fairburne cruzou a entrada lateral e agora está dentro do território inimigo.
Jogabilidade fácil, missões complexas
Sniper Elite 5, o novo jogo da série ambientada no maior conflito do século XX, foi lançado no final de maio e nele jogamos como o atirador de elite Karl Fairburne, personagem veterano dos títulos anteriores da franquia. Dessa vez, estamos no centro do conflito, investigando e invadindo bases fortificadas na França.
Quem for veterano da franquia, já deve conhecer e esperar pelos momentos em que a câmera segue o disparo até o projétil atingir os órgãos vitais do inimigo. Os novatos, assim como eu, irão descobrir ao jogar, que Sniper Elite 5 é mais do que apenas um simulador de ferimentos a bala e que a franquia é um caldeirão de inspirações amalgamadas em um produto elegante e desafiador, com mecânicas que se não são completamente inovadoras, adicionam personalidade a um jogo que de outra maneira se perderia no meio de tantos outros shooters de guerra.
As missões possuem dois tipos básicos de objetivos: localizar e recuperar informações ou localizar e sabotar equipamentos, ou ainda localizar e eliminar alvos valiosos. Se o verbo localizar aparece várias vezes nessa frase é porque nada é dado ao jogador de mão beijada. Precisamos ganhar terreno, eliminando (também é possível desacordar os inimigos mas, francamente, o ideal é fazer os nazistas dormirem com uma saída de ar extra na cara) um soldado por vez com o devido cuidado para não alertar os demais.
Nessa hora entram alguns sistemas do jogo que apesar de ser relativamente casual, leva alguns aspectos de modo realista como o som emitido pelo jogador e pelos seus equipamentos. Um disparo com uma pistola silenciada pode ser ouvido há alguns metros, conforme nos informa o quadro de características de cada arma, algo que só fui descobrir ao disparar um fuzil de longa distância dentro de uma mansão e ter que me virar pra despistar toda a guarnição inimiga.
O cuidado com o volume dos ruído que produzimos e a movimentação lembram bastante os controles da esquecida franquia Splinter Cell (exceto pela escalada), que também possui cenários bastante detalhados e dinâmicos mas a exploração, essa deixa os últimos jogos táticos publicados pela Ubisoftsob o selo Tom Clancy comendo poeira. Se Ghost Recon Wildlands e Breakpoint possuem foco no mundo amplo criado para exploração com veículos, Sniper Elite 5 condensa tudo em fases cheias de construções, corredores, andares e passagens secretas que só foram vistos em alguns cenários de The Division 1 e 2 – me perdoem os veteranos da franquia mas essa era a minha referência para jogos de ação furtiva, juntamente a série Metal Gear Solid, até jogar esse lançamento.
A jogabilidade, apesar de fluida, é um tanto pesada, lembrando novamente o primeiro jogo do Sam Fisher e pode não agradar quem gosta de movimentos ágeis como visto em Metal Gear Solid V, que talvez seja o ápice de jogabilidade furtiva nos videogames.
Enquanto a jogabilidade lembra Splinter Cell, a exploração e os cenários lembram demais a franquia de Tática em Tempo Real, Commandos. Horas serão investidas procurando equipamentos, revistando corpos caídos e arrombando cofres em busca de informações que facilitem o trabalho de Fairburne e tantas horas mais serão necessárias para cumprir todos os objetivos emergentes que são adicionados ao nosso diário de missões conforme descobrimos novos lugares de interesse dentro das fases, como uma academia nazista cujo instrutor Karl achou por bem eliminar enquanto avançava para encontrar o local de reunião dos líderes inimigos.
Itens e armas podem ser encontrados nos cenários ou obtidos de soldados abatidos, cada uma com suas características únicas (visão noturna, silenciador, munição não letal). Uma pena não podermos finalizar os nazistas usando o pé-de-cabra, mas não dá pra reclamar das execuções de faca.
Variedade e polimento
Vamos começar com o polimento. Sniper Elite 5 tem alguns problemas pontuais com glitches visuais aqui e ali e com a I.A. que por vezes parece que foi programada pelo Chaves do oito. Tudo isso é absolutamente pontual e passível de ser resolvido de modo que numa época em que os jogos são publicados sem entregar sequer o básico direito (Ghost Recon Breakpoint, Battlefield 2042, Cyberpunk 2077, Fallout 7… não, esse não), Sniper Elite 5 é tão bem acabado como se fosse um exclusivo.
Agora a minha parte preferida: a campanha do jogo pode ser jogada inteira em cooperação com até 3 amigos – eu só testei em dupla. O que adiciona uma ótima camada de organização da ação e decisões táticas, além de ser um ótimo reforço para quando nosso jogo for invadido por um jogador inimigo. Sim! Além de jogar em cooperação, também é possível jogar contra outros jogadores no ótimo modo de invasão em que assumimos o papel de um atirador nazista cuja missão é caçar os aliados infiltrados. Uma experiência multiplayer tirada direto dos jogos da From Software que melhora ainda mais um jogo que já estava excelente com os tradicionais modos multiplayer de cooperação e contra equipes.
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— Diego Matias (@DiegoMatias) June 3, 2022
O Dia D é só o começo
A conclusão é simples: Sniper Elite 5 é um jogaço. O estúdio Rebellion que já trabalhou em franquias clássicas como Rainbow Six, Alien vs Predator e Star Wars Battlefront hoje tem nas mãos uma franquia robusta que tem tudo pra ser muito bem lembrada pelos anos futuros e Sniper Elite 5 é mais uma adição sólida a esse conjunto de jogos. Recomendado!
Sniper Elite 5 também está disponível para Xbox One S|X, Xbox Series S|X e PC. A análise de Sniper Elite 5 foi feita graças a uma cópia digital do jogo gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.