Análise Dead Space (PlayStation 5)
Dead Space, clássico survival horror espacial, está de volta aos consoles e PCs refeito de maneira primorosa pela Eletronic Arts.
Das várias franquias que se aventuraram pelo estilo horror de sobrevivência pós 1996, nenhuma foi tão bem sucedida ou tão amada quanto Dead Space. Com grandes influências de O Enigma do Horizonte, um clássico do cinema de ficção científica/terror, o primeiro jogo era considerado uma das jóias da gigante Eletronic Arts. Dead Space foi uma franquia tão famosa e querida que sua ausência deixou um espaço bastante difícil de preencher. Para nossa sorte, a EA percebeu o ás que possui na manga e agora podemos viver novamente o pesadelo ocorrido na USG Ishimura.
Vácuo ocupado
Dead Space conta a história de Isaac Clarke, engenheiro da companhia proprietária do “Planet Cracker” USG Ishimura. Essa estação de mineração é o local de onde partiu a última transmissão da sua namorada, a Drª Nicole Brennan e a transmissão, o motivo para que ele embarcasse nessa viagem. O que Clarke e sua equipe não faziam ideia é que a Ishimura havia sido tomada por criaturas grotescas cujas origens estão relacionadas a um artefato sagrado para os seguidores de uma religião bastante particular. Cultos à parte, nosso objetivo como Isaac Clarke é tentar colocar a Ishimura de volta “nos trilhos” e, claro, encontrar Nicole antes que os necromorfos a encontrem.
Resident Evil é a comparação mais óbvia a se fazer quando se trata de Dead Space. Não sem motivos, já que o remake acertao do segundo jogo da franquia da Capcom certamente serviu como incentivo para que a EA também trouxesse a sua história espacial de volta à vida e em grande estilo com esse remake belíssimo, especialmente pra mim, que joguei o Dead Space de 2008 no meu PlayStation 3.
Visualmente o jogo é um primor. A Ishimura, que sempre esteve em destaque, agora está mais imponente do que antes com corredores inundados de detalhes e um sistema de “condição aleatória” que faz alguns lugares mais claros ou escuros randomicamente. Esse sistema tem um impacto direto na imersão do jogador, especialmente porque escutamos os batimentos acelerados do coração do Isaac quando ele entra em uma sala totalmente escura ou logo que termina um combate contra os monstros. Um recurso de gênio. A planta da nave mineradora é bastante caótica, e faz bastante sentido que ela não siga um desenho similar a uma mansão com vários quartos ou de um hospital ou qualquer construção mundana.
O traje/armadura do Dr. Isaac, um ícone por si só do jogo, também ganhou uma merecida repaginada com a inclusão de detalhes mais nítidos condizentes com a geração gráfica atual: em outras palavras, ela parece mais um traje tecnológico e menos uma roupa de malha. Mais uma vez, quem jogou o Dead Space nos consoles da sexta geração vai ficar de queixo caído com as melhorias. Um aspecto que não sofreu melhorias foi a interface do jogo, por um motivo muito justo: nesse quesito, Dead Space sempre esteve à frente de seu tempo com seus ícones e indicadores completamente integrados no personagem. Então, o que já era incrível, continua incrível.
A jogabilidade é um pouco mais ágil do que os jogos da Capcom e Isaac consegue se movimentar muito bem pelos corredores inclusive pra fugir quando o necromorfo pega, mesmo com o traje que também serve como armadura e roupa espacial para as partes em zero gravidade que agora estão mais livres do que eram originalmente pois Isaac agora tem a habilidade de se mover livremente por esses ambientes, quando no jogo de 2008, ele apenas pulava entre as superfícies. Mais uma novidade que inclui encontros interessantes com os necromorfos. O remake ainda cria novos quebra-cabeças e dá ao jogador dilemas pra resolver como escolher entre cortar o oxigênio de parte da nave para manter as luzes acesas ou manter a ventilação e escurecer tudo dando uma camada de risco e recompensa a trechos onde isso não existia. Brilhante. Não canso de dizer.
Para mim, onde Dead Space brilha mesmo é no modo coerente e criativo como ele integra os recursos do jogador com a proposta e com o design do jogo. O sistema de tiro com mira de precisão serviria para desmembrar zumbis em outros títulos, porém em Dead Space, o desmembramento não é apenas uma tática, mas o modo correto de lidar com a ex-tripulação da Ishimura e Isaac não é um soldado ou espião; ele é um engenheiro que sabe exatamente o que fazer para retomar as funções vitais da nave mineradora para abrir seu caminho na busca por Nicole enquanto as armas, exceto por um rifle com tiro secundário explosivo, são ferramentas adaptadas para o combate.
Todos os elementos inseridos no jogo estão lá de modo que fazem total sentido e nada parece deslocado e nem polui o visual minimalista de Isaac, que tem a função de enfatizar os inimigos e o cenário de terror em torno do protagonista, ou melhor, ao nosso entorno (além de ser muito elegante).
Bem vindo de volta!
Nesses anos todos, apenas Alien Isolation foi capaz de entregar uma experiência original tensa em um ambiente tão marcante quanto a USG Ishimura e ainda assim a aventura da Amanda Ripley, tinha uma proposta distinta (apesar da premissa similar). O design do jogo é primoroso, a ambientação, o som, as mecânicas integradas ao combate e à jogabilidade como um todo também são impecáveis e modo que eu simplesmente não sou capaz de elencar algo problemático nesse remake. Então, se você também sentiu falta de um bom jogo de horror no espaço, fique tranquilo porque Isaac Clarke está de volta. Que venha Dead Space 2!
Essa análise de Dead Space foi escrita graças a uma cópia digital gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo. Dead Space também está disponível para Xbox Series S|X e PC.