Análise Nocturnal (PS5)
Desvende o mistério que assola a sua terra-natal em Nocturnal, uma excelente aventura em 2D que evoca nostalgia dos anos 1990!
Após uma difícil jornada por um mar agitado, Ardeshir, um soldado da Chama Duradoura, retorna à sua ilha natal de Nahran. Envolta em uma névoa sombria, Ardeshir deve contar com o fogo para extinguir as forças sinistras que tomaram conta de sua terra natal.
Nocturnal começa sem muita explicação. Ardeshir desembarca na costa de Nahran e logo é recebido por guerreiros que o querem morto por traição. Em meio a um cenário de desolação pela guerra, cabe a nós, no controle do protagonista, ultrapassar obstáculos e pôr um fim aos perigos que ameaçam a ordem.
A aventura acontece em uma ambientação em 2D com combate ágil e desafios de plataforma. Devemos avançar pelas fases, derrotando os inimigos e chefes. Para tanto Ardeshir utiliza o poder do fogo, que pode incendiar seu sabre por um curto período.
De uma maneira geral, o desafio consiste em lutar contra soldados que o acusam de traição e inimigos sobrenaturais que buscam espalhar a escuridão pelo mundo. Enquanto isso, levamos as chamas o mais longe possível, ativando mecanismos de portas e elevadores com o fogo enquanto lutamos contra soldados e inimigos sobrenaturais que buscam espalhar a escuridão pelo mundo.
A temática parece simples, mas é executada com uma narrativa minimalista, como vemos em Dark Souls ou Shadow of The Colossus, abrindo espaço para nossa imaginação preencher as lacunas e tentar desvendar a tragédia que acontece naquela ilha.
Bela nostalgia
Um dos aspectos que mais chama a atenção em Nocturnal é a arte em 2D que utiliza gráficos animados como os de uma animação tradicional ou anime. A escolha casa perfeitamente com o clima da aventura e dá uma cara de desenho animado que a turma dos anos 1990 assistia na TV, como Aladdin, por exemplo. Até mesmo a limitação de frames da animação contribui para essa sensação e, ao contrário de impor um ponto negativo na apresentação do jogo, auxilia na imersão nessa aura de nostalgia, sem apelar para signos óbvios como cores neon ou pixel art (como em Narita Boy).
Mesmo assim, com uma animação que não é tão ágil como Rogue Legacy 2 ou Dead Cells, Nocturnal consegue transmitir com fidelidade a velocidade do personagem e inimigos, além da tensão no combate que exige precisão ao desviar e aparar ataques, com belos efeitos na tela quando executados no momento certo. Some-se a isso uma sensação de estar jogando novamente o primeiro Prince Of Persia e temos um combo completo que traz de volta boas memórias da infância com videogames.
O único ponto negativo em relação ao visual do jogo seria a pouca variação de cenários, que durante muito tempo passa-se em ambientes fechados o que, no entanto, não chega a prejudicar a experiência, sobretudo porque a mistura de luz e trevas no jogo é belíssima, com efeitos visuais que enchem os olhos para retratar o avanço do fogo sobre a densa névoa escura.
Além do visual apurado, Nocturnal possui uma trilha sonora orquestrada que transmite bem o clima de aventura e bons efeitos sonoros que garantem a imersão do jogador.
Espada flamejante
Como dito acima, a jogabilidade é simples e (muito) eficiente. Ardeshir atravessa o cenário e deve derrotar inimigos e, no caminho, acender o máximo de tochas possíveis para manter a escuridão afastada. A tática também se revela essencial, pois o sabre de Ardeshir permanece incandescente por alguns segundos antes de o fogo se esvair, exigindo que o jogador avance com rapidez e precisão até a próxima tocha. O tempo de duração da chama pode ser aumentado com melhorias nos altares dedicados à deusa Fênix, utilizando cinzas que localizamos pelo caminho e recebemos ao derrotar cada inimigo.
Em alguns momentos, o desafio fica mais intenso, mesclando combate e plataforma, inclusive com aquele avanço da tela clássica de jogos do Super Nintendo/Mega Drive.
No combate temos uma movimentação básica que vai se aprimorando conforme adquirimos melhorias, com lançamento de adagas e um sopro de fogo nos inimigos. Ardeshir também pode desviar de golpes com um rolamento e, mais à frente, é possível tomar impulso no ar. Eu diria que a evolução dos golpes e habilidades é bastante natural e fazem de Ardeshir um exímio guerreiro, trazendo ótima sensação de evolução do personagem durante a jornada.
A chama efêmera brilha mais
Além de todas as qualidades de Nocturnal, duas delas me encantam mais que as outras: a linearidade e curta duração. Graças à Chama Duradoura, não estamos diante de mais um metroidvania, mas um jogo com uma narrativa concisa, que chega onde quer chegar sem muita enrolação. A jornada é rápida, mas marcante, com uma narrativa interessante que me deixou intrigado e, quem diria, com vontade de jogar novamente e descobrir mais sobre o universo ali retratado. Talvez isso seja um obstáculo para alguns, mas para mim foi algo muito bem-vindo.
O desafio é honesto, mas poderia incluir uma opção de maior dificuldade (afinal vivemos em um mundo em que pessoas terminam jogos da série souls com apenas uma das mãos) para “esticar” um pouco as horas de campanha e melhorando a relação de custo/benefício. No entanto, para mim, Nocturnal está na medida certa, equilibrando avanço, com checkpoints generosos que evitam perdas consideráveis de progresso, apresentando um desafio equilibrado.
Por fim, Nocturnal é uma ótima surpresa. Um jogo simples mas bastante competente, que trás ótimas lembranças aos jogadores que cresceram nos anos 1990, sobretudo quem jogou o clássico Prince Of Persia. Recomendo para os fãs do gênero de plataforma e sidescrollers em 2D.
Nocturnal foi desenvolvido pelo estúdio Sunnyside Games e publicado pela Dear Villagers e Plug In Digital, com lançamento em 07/06/2023 para PC, Xbox Series X/S, PlayStation 5 e Nintendo Switch.
A análise foi feita com base em uma cópia digital de PlayStation 5 gentilmente fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.