Análise System Shock (PC)
System Shock está de volta, após quase 30 anos do lançamento do jogo original.
Eu sinceramente só tinha visto System Shock na Steam, mas nunca me chamou muita atenção. Não sou um grande apreciador de FPS, salvo raras exceções. Então, esta é a opinião de alguém que não conhecia o jogo antigo e muito menos sabia deste remake do jogo de 1994, que havia sido desenvolvido pela Looking Glass Studios.
System Shock teve relativo sucesso na época, o que resultou em uma continuação, lançada em 1999, em parceria com a Irrational Games, a mesma que anos depois, alcançaria grande prestígio com a série de jogos Bioshock. Aqui já é possivel perceber o grande impacto na indústria de System Shock.
Se talvez não atingiu as massas, chegou a um público fiel que a elevou ao status de sucesso cult. Além de Bioshock, System Shock influenciou jogos como Deus Ex e Prey.
Após System Shock 2, a promessa de um terceiro jogo nunca se concretizou e a franquia morreu.
Kickstarter e a volta do mundo dos mortos
A Night Dive Studios adquiriu os direitos de utilizar a franquia e lançou em 2015, uma versão melhorada do jogo de 1994. Em 2016, a desenvolvedora realizou um crowdfunding no Kickstarter, com o objetivo de arrecadar 900 mil doláres, para o desenvolvimento de um remake para System Shock.
O financiamento foi um sucesso e excedeu a meta, sendo finalizado com o valor de 1.3 milhões de dólares. Assim, em 30 de maio de 2023, foi lançado o remake de System Shock, pela distribuidora Prime Matter.
Ainda serão lançados um remake de System Shock 2 e possivelmente, um System Shock 3.
Um olhar no passado com a tecnologia do presente
System Shock foi um jogo que revolucionou o gênero de FPS na década de 90. Trouxe um foco maior na exploração, do que no combate em si. Tudo isso incluindo uma história mais rica que antecessores como DOOM e Wolfenstein.
Jogar o remake de System Shock é ter um olhar para o passado, com gráficos atualizados.
O jogo demonstra como houve uma busca constante em parecer moderno, mas sem perder a identidade. Tem um aspecto retrô com ambientação que remete totalmente ao jogo original.
E mais uma vez, o combate não é o foco. Diria inclusive que é um tanto quanto repetitivo e não muito animador. A história vai sendo contada por áudios e textos, o que demanda um pouco mais de paciência de quem joga. Mas, evidentemente, é um jogo com espírito dos anos 90, lançado em 2023.
SHODAN: O medo da Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial, teve um momento de grande destaque no final da década de 80 e início da década de 90. Filmes, séries e animações já se referiam a inteligências proveniente de máquinas e computadores. As perspectivas eram sempre negativas e apocalípticas, como a Skynet em o Exterminador do Futuro, as máquinas da OCP em Robocop ou os andróides de Blade Runner.
Em System Shock não é diferente. O protagonista é um hacker que é preso após conseguir informações confidenciais sobre uma estação espacial chamada Citadel. A estação é de propriedade de uma megacorporação, a TriOptimum.
O hacker é levado até a estação espacial onde um executivo da empresa, chamado Edward Diego, lhe oferece um acordo: invadir a Inteligência Artificial SHODAN, gestora da estação e dar o controle a ele. Em troca, o hacker receberia a liberdade e um implante militar neural.
Após invadir SHODAN, o Hacker é submetido a uma cirurgia para o implante neural, mas algo dá errado e ele fica seis meses em coma. O protagonista acorda e a nave foi dominada por SHODAN que busca eliminar toda e qualquer ameaça humana da estação. E aqui, o jogo começa de verdade.
Uma jornada de exploração
A proposta aqui é explorar a estação espacial. O mapa mostra apenas áreas já visitadas e alguns pontos de interesse. Não existe direções no sentido de fazer algo. As respostas estão nos áudios e documentos espalhados pelas instalações. Portanto, uma falta de atenção pode te deixar perdido e sem saber o objetivo do nível.
Eu diria que essa é a essência do jogo original e aqui é mantida de maneira primorosa. Sempre vai haver uma porta escondida ou uma senha ou cartão de acesso para ser encontrada em algum lugar. O que também tem um lado negativo, já que pode gerar um pouco de frustração, andar pra lá e pra cá sem saber pra onde ir.
A minha experiência com System Shock foi mista. Sinceramente, pensei em desistir várias vezes e o fiz por vários dias. A narrativa desenvolve de maneira lenta e não muito intuitiva. Sobe nível, desce nível, cruza para o outro lado, a sensação de não saber o que fazer foi constante para mim.
Entretanto, pensando no que foi o jogo Original e no que seria acordar em uma nave completamente abandonada, consigo entender todas essas escolhas no desenho das fases. E após um mês evitando este jogo, eu tomei coragem e continuei. Conforme avancei no desconhecido de Citadel, o jogo se tornou mais recompensador e a sensação de explorar cada pedacinho foi se tornando mais recompensadora.
Eu vou dar um choque no seu sistema
Como havia mencionado, não conhecia o jogo original, mas sabia da forte influência do jogo em Bioshock. Observei vários momentos bem semelhantes tanto de elementos das fases como de narrativa bem semelhantes entre ambas as obras. O jogo parecia muito familiar grande parte do tempo.
A pior parte do jogo é o minigame para invadir os sistemas de segurança. Se assemelha a jogos de naves 3D antigos. É simplesmente horroroso em todos os aspectos. Eu gosto muito mais dos puzzles para transferência de energia, que são utilizados para abrir portas.
No fim das contas, System Shock me cativou (mas demorou bastante) conforme as camadas de sua história foram se desenvolvendo. E assim, percebo porque sempre foi um sucesso de nicho.
Não é um jogo para todos, possui um publico bem definido. O que não quer dizer que é um jogo ruim. System Shock Remake é competente em tudo que se propõe e vai agradar a todos os fãs da obra original.
A análise de System Shock foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo. Disponível para PlayStation4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series, Linux, MacOS e PC.