Análise Blasphemous 2 (PC)
Encarne mais uma vez o Penitente em Blasphemous 2, agora com novas armas e habilidades para aplicar a punição purificadora aos inimigos.
Se Blasphemous não foi uma surpresa para você, com certeza, ele foi para mim.
Com suas mecânicas herdadas diretamente dos metroidvanias, seu combate derivado de soulslike’s e, especialmente, sua (pixel) arte sagrada e profana ao mesmo tempo formavam um conjunto impressionante.
Apesar de agora já saber o que esperar, Blasphemous 2 ainda conseguiu me surpreender. Ele mantem o mesmo primor do primeiro jogo, traz melhorias no combate, novas formas de movimentação no mapa e o design de cenários também está mais grandioso.
Dessa vez nossa missão como penitente é de livrar a Cidade do Santo Nome de uma ameaça eminente vindo mais uma vez do Milagre (que pode ser interpretado como a vontade de Deus). Com isso, as metáforas bíblicas continuam em peso na história do jogo junto aos questionamentos filosóficos do tipo “Por que estamos sofrendo se fizemos o que era da vontade divina?”.
E se nunca teremos essa resposta na vida real, no jogo não é diferente já que podemos somente tirar deduções dos diálogos, itens e punições visíveis, que por sinal algumas estão bem grotescas e se não fossem os gráficos estilo 16bits seriam bem mais feias ao olho.
Acompanhado da história principal temos de volta as sidequests e os coletáveis, inclusive, aqui fica uma das minhas decepções com o jogo, que é o sentimento recompensa…
Não temos grandes recompensas quando matamos um boss ou na maioria das vezes quando achamos algum item secreto atrás da parede ou até mesmo os próprios coletáveis, é mostrado a nós que podemos coletar uma quantidade X de algum item espalhado pelo mapa para uma recompensa, porém na hora que terminamos a busca por aquilo o que poderia ser altamente gratificante acaba só sendo frustrante.
Isso acaba desmotivando a ir atrás desses itens porque fica o sentimento de: “Dessa vez será que a recompensa vai valer a pena ou vou só perder tempo?” Claro, que se você quiser ter todas as conquistas do jogo uma hora ou outra você vai ter que sair em busca desses itens, mas se você não se importa com isso é difícil se interessar por essa caçada.
Uma coisa que seria bacana terem implementado como recompensa seria poder herdar uma skill do Chefe quando ele morresse como, por exemplo, um dash, um pulo duplo, ou algo nesse sentido.
Até o momento que escrevo esse texto fiz somente um final, e pode ser que o outro (ou outros) final esteja mais ligado a essas sidequests. Conhecendo o histórico de Blasphemous pode ser até que a ordem em que você as completada influencie nisso.
No combate dessa vez temos espécies de classes para jogar, e de início temos que escolher entre 3 armas: Veredicto uma espécie de Morning Star (Google It) com ataques pesados e um dano muito bom também, porém sem a possibilidade de parry. Ao invés disso quando você aperta o comando que seria o parry, o fogo da arma, e que consome fervor, é ativado.
A segunda arma, ou conjunto de armas, é Sarmiento & Centella, duas espadas de esgrimas com ataques rápidos, mas com dano mais fraco, mas com a vantagem que alguns ataques podem ser embuídos de raio.
A terceira opção, Ruego Al Alba é uma espada que lembra bastante a Lâmina do Caos de God of War. Ela possui dano médio, golpes rápidos e possui uma habilidade de lifesteal que pode ser adquirida de acordo com o progresso do game.
Considerando a funcionalidade das armas em combate, sem dúvidas a melhor, na minha opinião, é a Veredicto por conta do seu poder de dano (e olha, pode ser que ela venha tomar um nerf com as atualizações futuras).
A The Game Kitchen, pensando na possibilidade de os jogadores deixarem de experimentar as outras armas, implementaram uma mecânica muito legal em que algumas áreas do mapa só podem ser acessadas pelas skills das outras armas, não deixando assim o jogo monótono.
Falando em dano, inimigos poderosos no jogo é o que não falta. Sua paciência será testada em alguns momentos ao limite devido a alguns combates em que você pode ficar preso um bom tempo. É preciso usar seus recursos com precisão e sabedoria.
Assim como nos jogos da série Souls devemos saber quando é a hora de atacar para não ser punido, e essa dica vale tanto para os inimigos aleatórios quanto para os Bosses. E já puxando para esse lado, os Chefões tem dificuldades bem variadas, com alguns sendo um problema (ou um problemão) e outros sendo fáceis até demais. Claro, isso também está ligado as skills que você possui naquele momento ou em relação a mais recursos, como barra de vida e fervor já com melhorias.
Já em relação ao mapa, ele está gigantesco, no bom sentido, com áreas muito bem trabalhadas e um level design sensacional. Para ficar ainda melhor, ou mais adequado ao meu gosto pessoal, só faltaram mais paredes com itens secretos atrás (Não que não tenha, porém podia ter um pouco mais).
A trilha sonora é outro ponto de destaque também. Com temas castelhanos e flamencos em sua maioria e outros abrangendo mais o lado gótico, ela está espetacular.
Uma das dicas mais valiosas que posso te dar nesse review é: Jogue de fone e com o áudio em Espanhol. A dublagem está fabulosa e transmite toda a dor e o sentimento de sofrimento dos personagens (Sim, não tem ninguém feliz nesse jogo).
Com tantos pontos positivos e até chato falar de coisas negativas, mas senti que faltou uma recapitulação do primeiro jogo, principalmente da DLC Wounds of Eventide, onde acontece o “Final Verdadeiro” e isso pode fazer com que alguns jogadores fiquem perdidos com os acontecimentos, mas tirando esse pequeno “detalhe”, não tenho como não recomendar Blasphemous 2, não só por ele ser uma excelente continuação, mas por tudo que ele conseguiu evoluir em relação ao primeiro jogo, que já era fantástico.
Summa Blasphemia!
A análise de Blasphemous 2 foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo. Também disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox Series e PC.