Análise Star Wars Outlaws (PS5)
Star Wars Outlaws entrega um gameplay divertido e uma boa narrativa, além de mostrar um lado pouco visto da franquia, mesmo com alguns probleminhas.
Após ficar anos preso nas mãos da Eletronic Arts, a franquia Star Wars pode finalmente alçar novos voos e, desta vez, aterrissar nas mãos da desenvolvedora francesa Ubisoft, comStar Wars Outlaws.
Star Wars Outlaws é o novo game desenvolvido e publicado pela empresa conhecida pelas renomadas franquias Assassin’s Creed e Far Cry. Para efeito de curiosidade, o time interno resposável pelo desenvolvimento do jogo, é a Massive Entertainment, mesma dos excelentes, The Division e Avatar: Frontiers of Pandora.
Anunciado no em 2023, o jogo busca demonstrar o lado menos explorado do universo Star Wars — o mundo suburbano das galáxias tão, tão distantes. Com isso, o time francês escolheu deixar o tema Jedi já tão utilizado em vários jogos de lado — e confesso que achei uma excelente ideia. Afinal de contas, não falta potencial e originalidade no universo criado por George Lucas.
Por outro lado, quero deixar claro que não sou o maior fã da franquia. Gosto e assisti a todos os filmes e algumas séries, mas nem chego perto dos maiores fãs que a renomada franquia possuí. Essa informação é importante porque Star Wars Outlaws é, claramente, um produto feito para todos os públicos. Mesmo que você não tenha visto nada da franquia, você se ambientará com o jogo e entenderá a história com tranquilidade. E se você for um grande fã, vai aproveitar ainda mais.
Mas, falando do jogo, será que ele irá agradar os fãs?
Uma nova visão do mundo de Star Wars
No game você controla Kay Vess, uma jovem e promissora criminosa que busca do roubo perfeito. Sem um lugar específico para morar, ela vaga os mundos atrás de serviços e créditos para sobreviver, enquanto aguarda a chegada de um trabalho que lhe trará todo o dinheiro que acha que precisa para se estabelecer em um lugar.
E esse desejo é o que move a história inicia. Em matéria de narrativa irei abordar aqui somente as duas primeiras horas do jogo, sem entrar em detalhes para não dar nenhum spoiler que possa estragar a experiência de quem está lendo.
Ao aceitar o trabalho de um amigo que acaba se dando mal por conta de uma escolha infeliz de Kay, ela acredita ter encontrado algo que irá solucionar sua vida. Junto a um grupo de desconhecidos, você irá invadir a base de alguém com muito poder, para resgatar algo de valor para um grupo de rebeldes. Porém, as coisas acabam saindo do controle e Kay que fica sob a mira de um grande comandante imperial. Daquele momento em diante, ele irá atrás da jovem pela galáxia. E assim sua jornada se inicia.
Ao longo do caminho, Kay vai descobrir que não conseguirá o que tanto almeja sozinha e, mesmo que sem querer, irá perceber que pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas. E é este um ponto forte da narrativa. Durante a história, o jogador será colocado em meio a diversos conflitos entre povos e raças, e a solução sempre partirá das suas decisões.
Devo admitir que a história principal (e a sua conclusão) apesar de terem me agradado, não me empolgaram tanto como as histórias secundárias que vivi em todos os planetas que passei. Viver e ver a conclusão desses arcos acabaram sendo mais divertidos e, em muitos momentos, mais empolgantes que a própria jornada de Kay.
E digo isso, pois o time da Massive foi muito inteligente ao criar um sistema de escolhas que realmente impactam no mundo de Star Wars Oultaws. Kay sempre é jogada para dois lados, o que faz total sentido com a proposta do jogo. Um mundo de crime, onde todos querem passar a perna do outro, e levar vantagem parece ser sempre mais importante.
Por isso, é fundamental que o jogador preste 100% de atenção nos diálogos para que sua decisão final seja tomada de acordo com o mais certo — ou o mais certo naquele momento.
Eu não sei até onde vai a ramificação ou profundidade dessas escolhas porque não consegui jogar o game fazendo escolhas diferentes para testar. Meu palpite é que não importe qual seja sua decisão, a história da protagonista não deve sofrer grandes alterações, mas, o mundo a sua volta esse sim é bastante mudado. Sua escolhas determinam, por exemplo, o nível de dificuldade para realização de algumas atividades, que podem ser mais fáceis ou mais difíceis dependendo do lado que escolher.
Escolha um Lado
Esse sistema de decisões ao longo da jornada influencia a sua reputação com as facções que encontradas ao longo do jogo. Em todos os planetas que você vai, existem grupos de foras de lei que controlam certas regiões do mapa. Ao navegar por eles, o jogador recebe um grande número de missões e atividades que irá aumentar sua reputação com aquela facção específica.
Sei que isso não é algo novo, principalmente nos jogos da Ubisoft, porém, desta vez, eles conseguiram criar um modelo que escolher um lado e negar outro realmente faz diferença naquilo você poderá ou não fazer.
Por exemplo, existe uma facção especialista em vendas de peças que são usadas para aprimorar sua nave. Caso suas escolhas tenham sido contrárias àquele grupo, você não terá acesso ao vendedor — e não só isso, você também será tratada como inimiga caso seu elo esteja muito baixo, e sempre que houve encontros, eles irão te caçar.
Além disso, um elo alto fará com que mais atividades estejam disponíveis, e cada vez, suas recompensas serão ainda maiores.
E, assim como acontece nas missões principais em vários momentos, principalmente na conclusão dessas missões, você poderá optar por um rumo diferentes e trair o contratante. A escolha é sua, mas lembre-se: ela terá uma consequência.
Sinta-se um pistoleiro
Na minha opinião, os desenvolvedores acertaram muito ao optar por não criar mais um história sobre Jedis. Pois, além de uma narrativa que mostra um lado recentemente pouco explorado, o gameplay também muda completamente.
E a Massive Entertainment entende muito sobre criar gameplays divertidos. Para mim, foi a melhor parte do jogo.
Além de ser muito prazeroso atirar com seu blaster, as formas em que o game oferece para vencer um desafio são realmente divertidas. Você tem a opção de atordoar furtivamente, lançar granadas, passar sem ser vista ou ir para trocação franca, podendo ainda pegar as armas dos inimigos. Mas, tudo isso talvez se tornaria um pouco cansativo se não fosse pelo Nix.
O lagarto fofo que irá acompanhar Kay ao longo de toda jornada, acaba sendo uma ferramenta de gameplay que acrescenta demais. Você pode dar ordens para ele chame a atenção, ataque inimigos, acione botões, roube pessoas e outras coisas. Suas ações acabam criando um leque de possibilidades divertidas para os jogadores – além de impedir que tudo acabe ficando enjoativo ao longo da jogatina.
Outro ponto de destaque são as batalhas de naves que são bastante divertidas. Achei, inclusive, uma pena que na campanha não tenha tido tantos momentos assim.
Acho que eles poderiam ser mais ambiciosos nessas batalhas e criar momentos mais épicos. Isso sem falar dos cenários belíssimos em que as batalhas são travadas.
Minha única decepção quanto ao gameplay, foi o fato de que você só pode ficar com blaster nas mãos. Como disse, você até pode pegar as armas dos inimigos que caem no chão, mas basta qualquer ação da personagem como subir uma escada que ela larga a arma no chão.
Mesmo que o revólver tenha uma variada árvore de aprimoramentos que dão uma diversificada no seu uso, seria ainda mais divertido ter a possibilidade, mesmo que por curtos momentos, de atirar com uma metralhadora, um lança granada ou coisas parecidas.
Estrutura Confusa
Bom, até aqui eu elogiei bastante o jogo, mas eu tenho que dizer que ao mesmo tempo que ele consegue ser ótimo em alguns pontos, ele deixa a desejar em outros. E algo que sempre me vinha a mente enquanto jogava e, principalmente quando explorava, era se realmente foi uma boa escolha criar mundos abertos para Star Wars Outlaws.
Deixa eu explicar, a Ubisoft ficou muito conhecida recentemente pelos jogos seu jogos de mundo aberto e, principalmente nos últimos anos, em que seus jogos possuem mapas enormes que acabam até gerando certa frustação nos jogadores devido a qualidade das atividades que neles possuem não acompanhar necessariamente a quantidade.
Eu fiquei muito feliz ao ver que em Star Wars Outlaws eles conseguiram sair da zona de conforto em alguns aspectos, como por exemplo a não existências de torres para abrir o mapa, como é padrão em Assassin’s Creed e Far Cry. Isso não existe aqui e é maravilhoso. Porém, os mapas dos planetas que você visitam ainda são maiores que deveriam.
Eu creio que eles passem longe dos mapas recentes de Assassin’s Creed por exemplo, mas ainda assim são grande demais. E isso fica nítido quando você explora.
Ao invadir um ponto de controle e cumprir todos os objetivos, no final você acaba recebendo uma pintura de moto, ou então, itens para vender no mercador, mesmo que você ganhe uma quantidade absurda de créditos fazendo qualquer coisa no jogo, ou seja, a exploração acaba sendo algo de pouca utilidade.
Outro ponto, os mapas muitas vezes estão cheios de nada. Não existe nada que salte aos olhos ou que te faça sentir vontade de ir lá ver o que é. Isso porque uma atividade encontrada em um planeta se repete em todos os outros. Então se já sei o que tem lá, para que vou? Além disso, a dinâmica dos acontecimentos também serão sempre os mesmos, e as recompensas são pouco atrativas.
E o que quero dizer com acontecimentos iguais? Bom, quase todas as missões infelizmente ainda seguem a estrutura de invasão de base.
O gameplay por oferecer um bom leque de possibilidades, até faz essa estrutura não se se tornar tão cansativa rapidamente, porém, caso você faça muitas missões secundárias você com certeza em algum momento irá se frustrar.
Por outro lado, preciso ser justo e dizer que alguns acontecimentos dentro dessas missões são bem melhores que em jogos passados da desenvolvedora, como momentos de desafios de plataformas, puzzles, reviravoltas na narrativas, mas ainda assim, para um jogo que possuí uma narrativa que leva de 15 a 20 horas para ser concluída e conta inúmeras missões secundárias, é uma estrutura que cansa.
Por fim, eu fiquei com a sensação de que esse jogo em algum momento foi pensado para ser uma aventura mais linear com cenários de exploração ao longo da jornada, bem semelhante a um Uncharted ou God of War, mas em algum momento, eles optaram em criar mundos para os planetas e não deu tempo de dar aquela pincelada final na estrutura de missões e atividades secundárias.
Star Wars Outlaws não é um RPG, e nem tem muito elementos disso, como alguns pensavam ou esperavam. As missões não possuem nível e você pode progredir somente na história caso queira e, apesar de ter achado isso um baita ponto positivo por um lado, se não existe nível ou recompensa substancial, para que que eu vou querer explorar tanto? E isso vai de encontro as recompensas que o mundo do jogo oferece — sendo em sua maioria skins e tesouros insignificantes.
Para suprir talvez essa necessidade de atividades pelo mapa, o jogo possuí alguns mini games como corridas e jogos de carta que são divertidos, mas não acho que sejam coisas substanciais para a experiência, pois são coisas que dificilmente alguém fará mais que duas vezes, a não ser que você queira se imergir completamente em um cenário Star Wars e fazer o seu próprio role play.
Parte Técnica
Antes de entrar nesse ponto, quer deixar claro que o jogo é muito bonito e roda muito bem.
Star Wars Outlaws conta com dois modos no PS5, sendo desempenho que trava em 60 FPS e qualidade que eleva o jogo em 4k, mas com 30 quadros por segundo. E, em qualquer um deles, o game rodou muito bem.
Eu joguei praticamente todo ele em 60 FPS e não notei quedas aparentes. Além disso, mesmo com uma taxa de quadros mais alta, o visual do jogo não foi agredido, ele continuou muito bonito. E deixo ainda salientado o cuidado nos cenários fechados do jogo. Seja na nave, nos bares e andando pelas cidades, cada cantinho teve um toque com bastante carinho e nisso eles estão de parabéns.
Porém, eu preciso dizer sobre os pontos negativos da parte técnica que infelizmente foram graves.
Primeiro deles foi a quantidade de vezes que o simplesmente fechou. Eu não cheguei a contar, mas tranquilamente foram mais de seis vezes. Principalmente quando chegava nas grandes cidades, a tela simplesmente travava e ficava assim até fechar sozinho.
Ainda bem que por conta desses crashs não sofri nenhum tipo de perda de progresso significativa, mas ainda assim, é sempre muito chato e essa é a minha maior critica a Star Wars Outlaws. Eu tive basicamente dois problemas em termos de bugs de progressão que explico abaixo separadamente:
Checkpoint – Toda vez que morria eu sempre voltava muito, em um nível que ao morrer dentro de base em uma missão, minha personagem ser colocada há uns 500 metros de distância dela. Isso sem contar que todos os itens que coletei até minha morte que não foram contabilizados, me obrigando a pegar tudo de novo. Então imagine que você antes de começar a trocação fazer um trecho todo furtivo de minutos, pegar todos os itens do cenários e morrer. Pois é, ao voltar, você tem que fazer tudo de novo.
Progressão nas missões – Isso foi sem dúvidas minha maior frustação. Em alguns momentos, eu tive que voltar save porque alguma coisa bugava e impedia minha progressão. Houve um momento, por exemplo que eu sai de um duto de ventilação e entrei em uma sala. Ao morrer durante o combate eu renasci e voltei para o duto, mas o jogo entendeu que eu estava na sala e toda cena aconteceu, mas eu não conseguia sair do duto de ventilação, e por isso, eu precisei voltar o save de alguns minutos para desbugar.
Por fim, existe uma missão missão secundária que está bugada, impedindo os jogadores de fazê-la e o pior, ela rende um troféu, se você gosta desse tipo de atividade, fique avisado.
Quem teve acesso antecipado, como nós, já foi informado que haverá um patch day one que promete corrigir esses problemas. Ou seja, é provável que os jogadores nem vejam nada disso, porém, eu falo da versão que joguei e ela estava com esses graves problemas, mas torço muito para que seja corrigido até o lançamento oficial.
Tropeça, mas é divertido!
Star Wars Outlaws tem suas quedas, mas em um aspecto geral é um bom jogo e deve atender as expectativas principalmente dos fãs da franquia que querem ver uma história do submundo do crime.
O gameplay é divertido e fornece uma diversidade de abordagem nos confrontos, a história possui momentos altos que realmente empolgam, mesmo que seu fechamento possa ser visto como algo óbvio demais. As batalhas nas naves são tão lindas e divertidas que poderiam ter mais que eu não reclamaria.
Pena que a estrutura de jogo não converse muito bem em vários pontos e a parte técnica deixe a desejar. O lado bom é que eles ainda tem tempo para entregar um bom jogo aos players.
No fim, Star Wars Outlaws acabou sendo uma experiência muito divertida e, após correções de bugs, ele é uma recomendação certa.
A análise de Star Wars Outlaws foi escrita através de uma cópia de PlayStation 5 gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Também disponível para Xbox Series X|S e computadores.
