Análise Amnesia Collection (Nintendo Switch)
Amnesia foi um dos precursores da última onda de jogos de terror e agora está disponível no Nintendo Switch em uma edição digital com todo conteúdo já publicado.
Apesar de ter sido pioneiro na geração PlayStation 1 com a trilogia clássica, e do quarto jogo da série, lançado para o PlayStation 2 (sim, eu sei) ter sido uma das obras mais influentes da década passada, a franquia Resident Evil havia deixado de lado quase tudo o que possuía de terror até que decidiu que seguiria os passos dos jogos independentes que estavam devolvendo o horror ao gênero Survival Horror: Outlast, Slender: The Eight Pages e o primeiro deles, Amnesia: The Dark Descent, podem ser certamente considerados responsáveis pela onda que nos trouxe Alien Isolation e o Resident Evil 7.
The Thing That Should Not Be
Em Amnesia acompanhamos a história de Daniel, um aristocrata britânico recém retornado de uma expedição ao continente africano de onde voltou perturbado após testemunhar eventos incompreensíveis. Assombrado por isso e por questões de ordem pessoal, Daniel decide apagar a própria memória mas não sem antes deixar uma nota para si mesmo com instruções: ir até a área subterrânea do castelo de Brennenburg e matar uma pessoa. Como se isso não fosse o suficiente, há ainda uma “sombra” que o persegue. Um inimigo impossível de combater restando apenas as escolhas de fugir ou se esconder. Lembra como era impossível avançar em Alien Isolation sem usar lanterna mas como ela poderia atrair o xenomorfo? Pois é, esse conceito nasceu aqui e se por um lado a ideia é incrível, ela também tem seus problemas. Mas vamos por partes.
Amnesia é um jogo com várias facetas. É um survival horror clássico em que é preciso resolver enigmas para avançar na história e no cenário, é uma obra em primeira pessoa e é também um jogo independente e isso implica em um nível de produção mais modesto. A perspectiva em primeira pessoa é coerente com o jogo e só deixa a desejar quando percebemos que o personagem é apenas uma mão segurando uma lamparina a óleo. Tudo bem, o jogo tem outras qualidades.
Tudo passa todo dentro de um castelo no antigo território da Prússia que está desmoronando aos poucos e a princípio só o que precisamos é aprender o básico: fique longe do escuro e revire todo canto atrás de pederneiras e óleo para a sua lamparina. Além desses itens, Daniel encontrará certos equipamentos para progredir na história e o mais interessante é que aos poucos ele (e nós) iremos retomar detalhes da história por meio de documentos – alguns desinteressantes e outros bastante intrigantes que inserem o jogo dentro de um universo derivado das obras de H. P. Lovecraft e essa é a maior qualidade dele, juntamente com a progressão dos mistérios e quebra-cabeças a serem resolvidos. Primeiro precisamos descobrir como passar por uma porta bloqueada, depois, como remover o entulho que bloqueia uma sala, depois como acionar um elevador. Tudo isso enquanto fugimos da sombra que se “materializa” sempre que nos aproximamos das respostas para esses obstáculos. Isso pode ser um pouco cansativo porque dá a impressão de que os encontros são programados o que acaba tirando o jogador da imersão que já é um pouco prejudicada pela tela pequena do aparelho da Nintendo. Mas o mistério vence e nos deixa com vontade de seguir jogando.
Coisas esquisitas…#AmnesiaTheDarkDescent #NintendoSwitch pic.twitter.com/CNhDkSd9Xw
— Diego Matias (@DiegoMatias) April 12, 2020
Dream No More
Nessa coleção, além do jogo original, temos duas expansões que contam histórias distintas em épocas diferentes, Justine e A Machine for Pigs. Cada uma avança um pouco no tempo e apresenta inovações na tecnologia apresentada na história – A Machine for Pigs se passa em um lugar com luz elétrica, por exemplo.
Apesar da tela pequena, a Coleção Amnesia está bem adaptada para o Nintendo Switch. Os controles simples e a total ausência de opções de ataque são pontos positivos que se adaptam bem à limitação dos joy-con. Tive um pequeno problema com o terceiro jogo quando, logo no início, uma escada que deveria me dar acesso a um sótão não apareceu mas isso foi corrigido recomeçando a história. Mesmo achando que o Switch não seja a melhor plataforma para jogos em que a imersão é um fator primordial, principalmente porque não é possível jogar com fones de ouvido no modo TV (não pelos controles, mas há outras maneiras), também tenho a convicção de que o melhor jeito de jogar é aquele que temos à nossa disposição. Jogue!
A análise de Amnesia Collection para o Nintendo Switch foi feita a partir de uma cópia fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.