Análise Assassin’s Creed Shadows (PS5)

Assassin’s Creed Shadows leva a série da Ubisoft ao Japão feudal para contar as histórias de Yasuke e Naoe, unidos por um propósito comum.

Arte de Capa de Assassin's Creed Shadows mostra a dupla de protagonistas em posição de batalha, com um fundo vermelho.

Assassin’s Creed Shadows retoma a série mais famosa da Ubisoft e a traz de volta ao lugar de referência quando o assunto em é jogos de ação em terceira pessoa em mundo aberto. Após a experimentação com um ambiente mais contido em Mirage, Assassin’s Creed Shadows retoma o mundo aberto gigantesco que se tornou um das características da série, mas com boas alterações na dinâmica do jogo.

O personagem Yasuke, de Assassin's Creed Shadows, um homem negro com dreadlocks no cabelo, faz uma reverência.

Uma história sobre o Japão

Após um início um pouco lento na narrativa, o jogo começa a nos apresentar os dois personagens, Yasuke e Fujibayashi Naoe. Começamos o jogo com Naoe, uma shinobi (ninja) de um clã resistente à unificação do Japão feudal conduzida por Oda Nobunaga. Acompanhamos Naoe até os eventos trágicos que a fazem abraçar a causa de destruir um grupo de guerreiros mascarados e por roubar um artefato poderoso e destruir seu vilarejo. Assim, Naoe é introduzida à Ordem dos Ocultos por seu pai, que também a ensina a arte da luta e da furtividade.

Embora seja um clichê, a trama de vingança costurada por Naoe funciona muito bem, sobretudo porque a personagem é obstinada e faz de tudo para conseguir seus objetivos. Yasuke é um samurai foi encontrado à deriva por comerciantes portugueses e caiu nas graças de Oda Nobunaga. Conforme o jogo avança, os destinos de Naoe e Yasuke se cruzam e, para a infelicidade dos inimigos, tornam-se aliados.

Naoe, a protagonista de Assassin's Creed Shadows, com seu pai.
Naoe e seu pai e mentor, Fujibayashi Nagato.

Tudo novo, mas nem tudo

As missões de Assassin’s Creed Shadows vão se desenvolvendo na medida em que avançamos na busca por aqueles que roubaram o artefato entregue a Naoe pelo pai dela, o honrado guerreiro Fujibayashi Nagato. Para tanto, Naoe deve construir alianças com ouros clãs e montar seu pequeno exército.

Nesse aspecto Assassin’s Creed Shadows inova e traz uma mecânica de construção da base de operações, algo que lembra jogos como Tribes Of Midigard, Pathfinder Kingmaker ou mesmo Sim City, por exemplo, havendo construção e gerenciamento de recursos. Uma adição interessante que, juntamente com outras mecânicas de jogabilidade, revela a intenção de trazer de volta a série as características de grandiosidade que se perderam em AC Mirage.

Sistema de construção de edifícios em Assassin's Creed Shadows
Sistema de construção de edifícios em Assassin’s Creed Shadows

As mecânicas são muitas e, após passarmos vários tutoriais, Naoe precisará encontrar seus alvos e para tanto contará com batedores que poderão revelar a localização de um alvo ou localidade. Utilizando uma nova ferramenta, Naoe pode despachar uma quantidade limitada de batedores à sua frente, sendo que estes também podem coletar recursos necessários para o gerenciamento e expansão da base.

Embora os batedores sejam uma mão na roda na hora de localizar os alvos de maneira mais rápida, explorar o mapa é obrigatório. Assim como em AC Mirage, Assassin’s Creed Shadows é deslumbrante e os cenários que podemos visitar são incríveis. Em cada localidade é possível avistar animais selvagens, rios, lagos e montanhas, havendo ainda vilarejos a serem descobertos, cada um com sua característica própria. Durante o jogo o tempo é dinâmico e avança, mudando a estação do ano e trazendo novas cores para o ambiente. A mudança de estação também “zera” as localidades que passamos anteriormente e renova o número de batedores disponíveis.

A imagem mostra uma bela paisagem de Assassins's Creed Shadows com árvores floridas e Yasuke caminhando entre elas
Assassin’s Creed Shadows tem alguns dos cenários mais bonitos de toda a série.

É possível aprender sobre cada vilarejo mostrado e Assassins’s Creed Shadows traz uma verdadeira biblioteca de informações acerca da cultura e dos costumes japoneses e de eventos marcantes na história da ilha, sem que tais indicações na tela sejam invasivas. Inclusive, algo interessante no jogo é a possibilidade de customizarmos o nível de informações do HUD, permitindo modos com maior imersão devido à ausência de itens na tela.

Também as missões e atividades existentes no jogo levam-nos a momentos de contemplação dos belíssimos cenários ou mesmo da cultura japonesa, que aqui é servida sem miséria.

Inclusive, outro ponto positivo é a possibilidade de utilizarmos várias combinações de idiomas, como áudio em japonês e legendas em português; tudo em português ou em inglês, se preferir.

Shinobi ou Samurai, você escolhe

A escolha de dois protagonistas oferece contrastes mecânicos: Naoe, focada em furtividade e parkour, e Yasuke, em combate direto. A cada um deles é disponibilizado um número razoável de armas e ferramentas, sendo que Naoe pode utilizar a katana, kunais e shurikens, por exemplo, enquanto Yasuke vale-se da força bruta para atropelar inimigos e obstáculos, com porretes, katana, arco e flecha e armas de fogo. O combate é muito bem polido e não há elementos de RPG como números pulando da cabeça dos inimigos durante as lutas.

A tela mostra a seleção de equipamentos de Naoe em Assassin's Creed Shadows
É importante vestir-se bem para cada ocasião.

Assim como nos jogos anteriores da série, é possível customizar a aparência dos personagens, à medida em que vamos adquirindo novos equipamentos, deixando-os ao gosto do jogador. E por falar em equipamentos, o estilo visual da dupla de protagonista é excelente, com roupas e acessórios de muito bom gosto, o que já é uma espécie de assinatura dos jogos da Ubisoft.

Mas é nas lutas que o jogo mostra a que veio. Naoe é mestra em infiltração e fuga, enquanto Yasuke vale-se de sua força bruta. Naoe é capaz de escalar paredes, utilizando o clássico sistema de parkour da série, mas também conta com uma corda e gancho (impossível não lembrar do Ninja Jiraiya) e movimentos de furtividade como, esconder-se nas sombras e rastejar para não ser vista pelos inimigos. Yasuke é mais lento, mas nem por isso menos letal. Caberá ao jogador escolher a melhor abordagem e seu personagem favorito.

Em Assassin's Creed Shadows, Yasuke dá uma paulada em um inimigo
Yasuke desce a paulada em um inimigo. Créditos: Ubisoft

Tecnicamente, Assassins’s Creed Shadows está sendo entregue em um nível altíssimo. Existem algumas inconsistências na taxa de frames da base de operações/esconderijo de Naoe, mas foram resolvidos antes mesmo do lançamento com um pacote de correções. Também existem detalhes que ficam para trás em um jogo desse escopo, como a rotina dos NPCs que parece independer do tempo chuvoso ou das estações do ano, mas penso são coisas pequenas dentro do contexto. Os gráficos são belíssimos, como dito acima, mas talvez algumas pessoas queiram desligar a aberração cromática para ter mais conforto visual.

Conclusão

Assassin’s Creed Shadows é um jogão que retoma algumas características da série que haviam sido deixadas de lado no jogo anterior, AC Mirage. É um jogo longo com um mundo aberto enorme, mas que sabe equilibrar a quantidade de elementos na tela e conduzir o jogador para os eventos principais da campanha (embora existam muitas atividades paralelas).

Yasuke e Naoe são uma ótima dupla de protagonistas e a ambientação do Japão feudal é incrível. Quem se aventurar pelo jogo dificilmente saíra frustrado, pois o equilíbrio entre narrativa e jogabilidade funciona bem e, convenhamos, uma história de vingança motiva qualquer pessoa. Recomendo muito!

Assassin’s Creed Shadows foi desenvolvido e será publicado pela Ubisoft em 20/03/2025 para PlayStation 5, PlayStation 5 Pro, Xbox series X|S e PC (Ubisoft Store, Steam and the Epic Games Store).

A análise foi realizada com base em uma cópia digital de PlayStation 5 gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.