Análise Atlas Fallen (PS5)
Apesar de um ponto de partida promissor, Atlas Fallen se perde completamente em sua execução e já é uma das maiores decepções de 2023
Em uma época em que remakes, remasters e ports tem se tornando a regra, quando uma nova IP chega ao mercado eu sempre vejo com bons olhos, e mesmo que eles não saltem à primeira vista, eu insisto em manter ela em meu radar, para pelo menos torcer que a nova proposta seja boa e, que faça o sucesso esperado para a desenvolvedora.
Claro que investir em algo totalmente novo costuma ser algo extremamente perigoso, e em alguns casos, podem colapsar completamente um estúdio. E infelizmente é o caso aqui.
Não que ache que Atlas Fallen fará com que a Deck 13 seja fechada, mas definitivamente ele contribuirá para rumos internos diferentes e, provavelmente, fará com que a empresa nos próximos anos jogue “seguro”.
Digo isso por que o novo jogo do estúdio, lançado no dia 1o de agosto deste ano de 2023, para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC, definitivamente é uma enorme decepção, que pode figurar em muitas listas de piores jogos do ano.
O que é Atlas Fallen
Atlas Fallen se passa em na cidade de Atlas, um lugar que já foi próspero e agora sobrevive em meio às areias espessas e poucos recursos para humanos. Existem aqueles que veneram Thelos, e existem os inomináveis, pessoas que são maltratadas, vivem com pouco e praticamente são escravos de quem é ligado aos sacerdotes, os fiéis de Thelos.
Você, como um inominável, em meio a uma tarefa, encontra uma manopla que nem estava tão escondida assim, que é capaz de lhe dar o poder de enfrentar os Calibãs, criaturas geradas pela areia e que carregam muitos poderes.
Assim você se torna a força necessária para que a mudança ocorra neste mundo, além de descobrir determinados segredos, e se tornar um fio de esperança para uma civilização completamente em caos.
Já em seus primeiros 30 minutos, o jogo consegue inserir você naquele mundo, lhe dando as ferramentas básicas que você irá utilizar do início ao fim, além de deixar claro o rumo que você, sendo este “herói”, terá que percorrer e, aqui já começa os problemas.
Como eu disse antes, a grande arma utilizada pelo seu personagem, que você pode escolher se será homem ou mulher e mudar determinadas características de sua aparência física, embora as opções sejam bastante limitadas, é encontrada de forma absurdamente de forma sem querer. E o jogo até percebe este deslize, ao mais para frente tentar justificar o por que foi tão fácil encontrar uma arma tão poderosa que estava perdida há muitos anos.
A narrativa ao longo do jogo até tenta se levar a sério, mas sua estrutura não ajuda para que você sinta minimamente interessado.
Atlas Fallen praticamente não possui cutscenes, os personagens são praticamente todos iguais e com personalidades imperceptíveis, já que os diálogos com eles são dois bonecos parados olhando um para outro somente mexendo a boca.
As atividades do mundo são todas repetitivas e consistem em buscar um item, matar um inimigo ou cumprir tarefas, além do jogo não se dar o trabalho nem mesmo de unir o protagonista com um NPC para cumprir qualquer coisa, para quem sabe criar um afinidade com determinado personagem, mas não, tudo é feito de forma rápida, sem muito detalhe, que deixa tudo absurdamente genérico e muito cansativo.
Estrutura e gameplay que nunca empolgam
Para quem não sabe, a Deck 13 é a desenvolvedora de The Surge e sua sequência, jogos de mundo semiabertos que bebem da fonte souls. Como nunca joguei nenhum deles, não posso me aprofundar neste ponto, mas sempre ouço coisas boas de ambos e talvez isso tenha feito minha decepção ser ainda maior.
Atlas Fallen é um jogo de mundo aberto, com missões principais, secundárias e tarefas, e, possui elementos de RPG, como níveis de armas e armaduras, progressão de armas e habilidades.
Ao longo do jogo eu não parava de pensar o quanto tudo aquilo era desnecessário, inflar o jogo de missões genéricas, armaduras que não possuem nada de diferenças a não ser a parte cosméticas e habilidades em sua maioria completamente desnecessárias, talvez ser um jogo linear tornaria a jornada um pouco mais convidativa.
O mundo não consegue apresentar nada que seja empolgante ou que desperte a curiosidade, os mapas (por que são mais de um) completamente vazios, mais lotadas de inimigos repetitivos somente de níveis diferentes, baús com elementos de craft que sinceramente, você nunca irá usar.
O mundo aberto, serve somente para você se perder em determinados momentos para entrar em locais escondidos e tonar a travessia mais cansativa ao longo do tempo, já que o jogo obriga você em várias missões principais cumprir objetivos de checklist, levando você de ponta A para B.
Algo que me chamou atenção nos trailers de divulgação do jogo, foi seu combate, que parecia fluído, dinâmico, com inimigos interessantes e armas variadas. Bom, uma pena, ficou só no trailer. Eu confesso que o combate, em raros momentos, até vai fazer você sentir uma empolgação, por que a movimentação do personagem é legal. Sendo possível realizar pulos duplos, dash no ar e realizar parry, mas a forma que isso é colocada para o jogador torna tudo muito frustante.
O combate não possui peso nenhum, não importando a arma que você utiliza, os inimigos possuem no máximo três tipos de ataques que rapidamente são decorados, e as boss fight’s são infladas com inimigos menores que deixa uma poluição na tela enorme, que fica muito difícil ler o que está acontecendo. Você acaba somente apertando botão para que aquilo acabe logo.
E isso se torna uma decepção ainda maior, pois tudo que li de The Surge é que o combate é um grande ponto positivo de jogo. Então não dá para entender o que aconteceu.
Nova geração?
Como disse anteriormente este jogo é exclusivo de nova geração, pelo menos até o momento, por que tenho certeza que em breve ele chegará para mais plataformas. Mas, apesar desta geração ainda estar uma bagunça neste aspecto em determinar o que é nova geração ou não, é muito fácil determinar o que não é, e Atlas Fallen não é nova geração.
E falo isso em todos os aspectos possíveis, como som, gráficos, iluminação, modelagem, nada aqui faz jus a este jogo estar preso nestes consoles. Eu odeio dizer isso, mas é feio até mesmo para um jogo de PS4.
Sei que a Deck 13 não possui uma verba para trazer algo de níveis AAA como as grandes, mas quando olho os jogos da própria desenvolvedora na geração passada, é inconcebível que um jogo feito só para o PS4 seja muito, mais muito mais bonito que um de PS5.
Outro ponto que vale ressaltar é a presença de muitos bugs, principalmente sonoros. Em determinadas lutas de chefes a música simples sumia e mesmo quando morria ou recomeçava ele não voltava, somente quando o boss era derrotado.
Algo de mais positivo que consigo ressaltar é sua mecânica de movimentação. Onde você consegue usar as areias para deslizar e desta forma tornar mais rápido sua locomoção além de ser divertido.
Em português
Seu maior acerto para mim é ser um jogo completamente localizados em nossa língua.
Sei que isso tem se tornado algo comum nos dias hoje, mas sempre que vejo eu gosto de enaltecer, pois nosso mercado é gigante e merece este carinho.
Não vale a pena!
Eu odeio ter que dizer isso, tenho certeza que quem trabalhou neste jogo colocou seu coração nisso e realmente queria que ele desse certo, mas Atlas Fallen é uma decepção. Uso este termo pois esperava que seria pelo menos um bom jogo, mas nem isso ele consegue alcançar.
O jogo não consegue empolgar em todos seus aspectos e rapidamente se torna uma experiência muito cansativa. Um grande potencial desperdiçado, mas que me faz torcer muito para que no próximo jogo da Deck 13 eles de fato consigam entregar tudo que almejam.
A análise de Atlas Fallen foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela Focus Entertainment. Também disponível para Xbox Series e Microsoft Windows.