Análise Atomicrops (PC)
Nada como um apocalipse nuclear para atrapalhar a época de colheita, não é mesmo? Com visual e gameplay caóticos, Atomicrops é excelente opção para quem gosta de jogos descompromissados e com bom humor.
Atomicrops parte de uma premissa simples: e se colocássemos zumbis e monstros em Stardew Valley? A ideia, bastante simples, é executada em um jogo leve e descompromissado, com visual pixelado que retrata muito bem o caos do gameplay.
O jogo inicia com um pacato tutorial de como plantar e fazer a colheita de vegetais, mas logo de cara uma explosão nuclear causa mudanças drásticas no que poderia ser apenas mais um “simulador de fazendinha”. A partir daí, somos chamados a cuidar de uma pequena lavoura tóxica, em meio a um cenário caótico, cheio de animais radioativos e (por que não?) armados.
A missão é óbvia: plantar as sementes, regá-las e aguardar que cresçam para que os vegetais e frutos sejam colhidos. Tudo isso enquanto enfrentamos ondas e ondas de inimigos. Nesse aspecto, Atomicrops lembra os chamados bullet hell. Imagine ter que preparar o solo, plantar sementes, regar e cuidar das plantas enquanto desvia de tiros disparados por coelhos e toupeiras mutantes. Esse é o espírito. Felizmente, temos um número limitado de sementes para plantar e tão logo elas acabem, ficamos livres para explorar o mapa e buscar mais recursos para auxiliar na manutenção da pequena “Horta de Pripyat”.
O dinamismo de Atomicrops vem da estrutura das fases. Um ciclo de dia e noite, bastante rápido, com ondas de inimigos, das quais devemos defender a lavoura. Se as sementes acabaram, é a hora de explorar os cenários em busca de sementes e itens para melhorar a plantação, garantindo assim melhores vegetais. Os ciclos entre uma partida e outra são rápidos, duram no máximo cinco minutos (algo ótimo). Quando estamos sem sementes podemos explorar as áreas adjacentes à fazenda, matando os inimigos e coletando itens, upgrades temporários mais sementes para prosseguir com a plantação.
Não há o que reclamar da dinâmica de gameplay, pois Atomicrops não deixa as sessões de jogo serem monótonas, com suas hordas de inimigos cada vez mais bizarros e a possibilidade de limpar terrenos, plantar, regar e colher ao mesmo tempo enquanto atiramos para todos os lados, inclusive com chefes de fase muito bizarros que surgem a cada fim de ciclo de três dias. Ao final do período também podemos verificar o status de nosso vilarejo e o sucesso ou fracasso da fazenda. Também podemos comprar novas armas e recursos para a fazenda, utilizando o dinheiro recebido com a venda dos vegetais cultivados. Por isso, cuidar da lavoura é essencial.
Atomicrops também possui uma ligeira profundidade em algumas mecânicas, voltadas à melhoria das colheitas e upgrades em armas e vantagens temporárias, como maior resistência e escudos e fertilizantes para o solo, sendo que está tudo espalhado pelo jogo, sem qualquer tutorial ou ajuda para a localização. Isso significa que a todo momento temos uma grata surpresa ao descobrir algo novo, como um acampamento de coelhos mutantes guardando um mapa para um item, por exemplo.
Além das mecânicas de tiro e cuidados com a fazenda, Atomicrops também inclui a possibilidade de iniciarmos um relacionamento com os NPCs Rue e Borage, residentes da cidade e que podem nos auxiliar durante o jogo. Mas não é tão fácil conquistar o coração dos NPCs já que precisamos entregar rosas para flertar, itens trabalhosos de serem localizados. No fim das contas, o relacionamento mesmo sendo opcional, agrega aos objetivos do jogo. Inclusive é o lema de Atomicrops: Farm, Marry, Kill.
Tecnicamente, Atomicrops possui gráficos pixelados agradáveis e apresentação em 2D isométrico. Como já dá para perceber pelas imagens, eu diria que o jogo é o encontro de Stardew Valley e Zombies Ate My Neighbors com Fallout 4. A direção de arte e de personagens busca a todo tempo misturar o fofo com o grotesco e sempre me surpreende observar a inventividade dos designers na criação de criaturas muito curiosas. A trilha sonora do jogo é bastante agradável e nos conecta bem com a proposta frenética do gameplay. O jogo é desafiador na medida certa, mas de certa maneira, impiedoso: uma vez que perdemos todos os corações, voltamos desde o primeiro dia de lavoura. Basicamente, um permadeath.
Podemos jogar tanto com teclado e mouse, como com controles. Inclusive, para mim foi um alívio poder usar controles, já que há muito tempo não jogo no PC. No mais, Atomicrops ainda está em fase de Eartly Access (lançado no dia 05/09/2019), e algumas telas no menu sequer possuem informações (como a tabela de pontuação, por exemplo). No entanto, isso não implica em qualquer prejuízo à jogabilidade, pois o núcleo do jogo está completo. Por enquanto não há suporte para mais de 1 jogador, mas tenho a sensação de que pode ser adicionado.
Atomicrops é muito divertido. Não só pelo desafio em si, mas pelo humor grotesco e bizarro resultante da união entre um simulador de fazendas com apocalipse nuclear. Recomendo com força.
Por enquanto, Atomicrops está disponível apenas para PC na Epic Store. A análise foi feita com base em uma cópia cedida pela desenvolvedora.