Análise Batman: Arkham Knight
Um novo inimigo, uma Gotham ainda maior e um batmóvel a nossa disposição. Batman: Arkham Knight é o melhor jogo da série pois une todos os elementos que deram certo nos outros jogos e os maximiza neste capítulo final do morcego.
Sempre fui fã de heróis e histórias em quadrinho, quando criança meu contato com esse universo se limitava à TV aberta e aos filmes e animações (desenhos) que nela passavam.
Lembro-me de quanto assisti pela primeira vez Batman & Robin (1997) e achei engraçado ver o Arnold Schwarzenegger interpretando o Mr. Freeze e mais ainda de como o Batman naquele filme era tão “bom moço”.
Desde então tivemos “muitos Batmans”, seja nas animações como nos próprios filmes, sem contar é claro as HQs. Nos video games o personagem nunca fez muito sucesso, lembro-me de ter jogado o jogo do filme citado, Batman & Robin, e como ele era escuro, mal feito e pouco empolgante.
Teve também o jogo do Batman do Futuro, esse era mais interessante, com cores mais vivas e é claro, mais futurista. Mas nenhum digno de memória, digno de ser um daqueles “jogos que a gente tem que jogar antes de morrer”.
Não vou nem entrar em detalhes sobre aqueles jogos em flash do Batman onde tínhamos de usar a bat-garra para escalar prédios e no caminho desviar de obstáculos.
Eis então que surge a Rocksteady. A desenvolvedora britânica com sede em Londres, direto da terra da Rainha, começou num gênero bem diferente do que a gente conhece. O primeiro jogo publicado da Rocksteady foi um FPS, Urban Chaos: Riot Response, lançado no PlayStation 2 e Xbox em 2006.
Três anos depois, em 2009, a ainda desconhecida Rocksteady surge com um jogo que de cara chamou a atenção pela ousadia e seu protagonista, era Batman: Arkham Asylum. Muito aguardado, muito hypado, o jogo fez jus ao tema e foi considerado o jogo do ano em 2009, isso deu confiança para a empresa continuar apostando na franquia.
Depois de Arkham City em 2011 e o spin-off Origins desenvolvido pela Warner Bros. Montreal, chegava o momento de a empresa concluir o trabalho que começou e fechar sua trilogia, no maior estilo Batman.
Após rumores de que um novo personagem do universo DC seria explorado e não mais Batman, a Rocksteady anuncia em Março de 2014 Batman: Arkham Knight. O jogo que se passaria 9 meses após os acontecimentos de Arkham City traria o maior desafio já enfrentado pelo homem-morcego.
Batman: Arkham Knight chega com o diferencial de ser um jogo exclusivo da nova geração de consoles e PC. Além de trazer o mundo aberto já conhecido dos jogos anteriores, faz uso do maior poder de processamento para deixar ainda mais bonita e com vida a famosa Gotham.
Já na primeira cena do jogo podemos perceber o quão grande a cidade ficou, o campo de visão acima dos prédios é algo incrível, se você já jogou ou está jogando Arkham Knight tenho certeza de que já subiu ao topo de um prédio apenas para admirar um pouco a cidade.
O “mundo” do jogo não é nem um GTA V da vida, até pelo contexto totalmente diferente, mas chega muito perto disso e compete de igual para igual com o também elogiado mundo de The Witcher 3, por exemplo. Além dos objetivos conhecidos, diversos easter eggs e mistérios estão escondidos pela cidade.
Batman se vê num caos generalizado quando o Espantalho ameaça liberar sua toxina do medo em toda a cidade usando uma arma química. De início ele usa uma lanchonete no centro da cidade como “demonstração”, liberando seu gás lá dentro, causando a morte de várias pessoas e deixando os cidadãos de Gotham em pânico, o que causa uma evacuação em massa.
Uma vez evacuada, os bandidos tomam contam da cidade, todos os membros de alguma gangue controlada por um dos inimigos de Batman como Duas Caras, Pinguim, Vaga-lume e outros, eles cometem diversos crimes como incêndios, roubos e assassinatos.
Cabe a Batman com a ajuda de seus amigos comissário Gordon, Robin, Asa Noturna e Oráculo deter esses malfeitores e retomar o controle da cidade. Essas missões de roubo, desarmamento e incêndios se intercalam com as missões da história, não sendo necessárias concluí-las antes do final do jogo.
Mas é claro, se você assim como eu é fã de Batman, vai ter prazer em enfrentar e prender alguns desses caras maus antes do final apenas para satisfazer o ego.
O vilão principal como eu já comentei é o Espantalho, mas ele tem a ajuda de uma nova figura, um vilão mascarado que se intitula de Cavaleiro de Arkham, ou Arkham Knight. Além de muito forte, controlar um exército e ser exímio lutador, ele sabe os pontos fracos de Batman.
O grande mistério do jogo fica em desvendar quem é o mascarado e porque ele odeia tanto o Batman. Quem entende bem do universo do morcegão, lá pela metade do jogo vai desvendar esse mistério ou ter 99% de certeza. Durante toda a campanha, vemos cenas clássicas das HQs do Batman como A Piada Mortal, Red Hood e outras, e essas cenas nos ajudam a entender ainda mais sobre quem é o Batman e como a história chegou naquele ponto.
Por incrível que pareça, a Rocksteady conseguiu cadenciar bem o clichê com o inesperado. Em determinados momentos da trama você espera que algo vá acontecer e de fato acontece, mas sempre de forma majestosa. Em outros, o jogo te surpreende e te assusta (mesmo), com reviravoltas ocorrendo a todo o momento.
Entre todos os jogos da franquia Batman Arkham, Knight para mim é com certeza o jogo com melhor roteiro, digno de Oscar. O fato de o jogo estar com dublagem 100% em português contribui e muito para que a imersão na história seja a melhor possível.
Em termos de jogabilidade e gráficos, Arkham Knight máxima tudo de bom que já vimos nos outros jogos. Além da maravilhosa Gotham que eu já citei, os ambientes fechados, os personagens e as cutscenes são muito bonitas. As expressões faciais de alguns personagens são melhores que outras, mas nada muito agravante.
Temos agora a adição do batmóvel, muito bem trabalhado, cheio de texturas, detalhes e imponente. A maior novidade na jogabilidade é essa, com a adição do veículo, fica mais fácil se locomover em determinados pontos da cidade. A jogabilidade do veículo é boa, sentimos bem o peso de dirigir algo que é quase um tanque de guerra, além de contar com metralhadoras, um canhão e turbo.
Pelo fato de Arkham Knight ser o primeiro jogo onde o veículo aparece, a Rocksteady forçou um pouco no número de missões que temos de completar usando o mesmo. Muitas deles obviamente poderiam ser resolvidas de outra forma mas o jogo insiste em te fazer usá-lo.
Apesar de ser visualmente fantástico e divertido nas primeiras vezes, o batmóvel enjoa.
Falando do controle do Batman em si, pouco mudou em relação aos jogos anteriores. O morcegão continua andando, correndo, saltando, se pendurando em prédios, planando sobre estes e batendo como nunca nos inimigos. O número de golpes, ou melhor dizendo, as habilidades de luta do Batman melhoraram.
Novos movimentos foram adicionados, mais meios de finalizar os adversários, mais armas para usar a favor ou meios para se defender foram adicionados. Uma novidade legal é o ataque de intimidação onde Batman pode nocautear até quatro inimigos de uma vez caso os pegue de surpresa.
Um ponto bem legal envolvendo a mecânica de combate é o fato de lutar em parceria com a Mulher-Gato, Robin e Asa Noturna em alguns momentos. Não é bem um cooperativo mas é bem divertido, em pontos específicos do jogo, podemos alternar o controle entre Batman e seu parceiro e também executar golpes combinados.
Os aparatos tecnológicos do Batman continuam sendo bem úteis, temos em nossa posse o bat-rangue, bat-rangue remoto, raio congelante, arma de eletricidade, disparador de cabos, bomba de fumaça, bat-garra e outros. Todos os aparelhos são essenciais em determinadas missões mas não obrigatórios, tirando as missões do Charada, todas as outras podem ser resolvidas usando meios alternativos.
Falando em Charada, esse é outro ponto nem tão legal do jogo. Como eu citei anteriormente, além da campanha principal, existem diversas outras side quests que consistem em capturar os demais inimigos do Batman, chamados de Os Mais Procurados de Gotham no jogo, um deles é o Charada.
Diferente dos demais onde o ciclo até capturá-los consiste em rastrear, perseguir e combater algumas vezes até uma vez final onde finalmente os prendemos, o Charada espalhou troféus e enigmas em toda Gotham. São 243 ao total e a maioria deles fica escondido ou é envolve um quebra-cabeça.
Para chegar até a batalha final contra ele, você deve encontrar e desvendar todos. É uma das side quests mais chatas e a que mais me distancia do 100% do jogo (atualmente estou com 84%).
Voltando para os pontos bons de Arkham Knight e para fechar a nossa análise, aliado ao excelente roteiro, a Rocksteady fez bom uso da câmera em primeira pessoa no jogo, criando momentos únicos. Sério chegue ao final desse jogo, eu bati palmas para o desfecho da história mas principalmente para a forma como ele é contado.
A cutscene do início do jogo tem total relação com seu final e justifica totalmente a forma como o Coringa “vive” no em Arkham Knight.
Concluídas ou não todas as side quests, ao derrotar o Cavaleiro de Arkham e o Espantalho, o jogo te pede para pender no mínimo sete dos Mais Procurados de Gotham para finalmente ativar o Protocolo Knightfall, que é o zeramento do jogo.
Batman: Arkham Knight fecha a série de jogos do Batman da Rocksteady com chave de ouro, tem clichê, tem surpresa e reviravolta, faz bom uso dos gráficos da nova geração, une bem os vilões do morcego e a forma como ele deve derrotá-los.
Um pouco menos de obrigação em usar o batmóvel? Mais side quests? Bom, independente do que faltou em Arkham Knight, tudo o que foi proposto foi entregue e o jogo é com certeza novamente candidato a jogo do ano de 2015. Quem ainda não jogou, jogue, seja o Batman!
Batman: Arkham Knight foi lançado no PC, PlayStation 4 e Xbox One. Análise feita a partir de uma cópia da versão PS4 cedida pela Warner Brasil.