Análise Beat Cop (PlayStation 4)
Com apelo nostálgico que faz questão de emular filmes policiais dos anos 80, Beat Cop é uma aventura com pixel art belíssima e muito humor.
Eu adoro filmes policiais e histórias de investigação. Fiquei bastante interessado quando vi que em Beat Cop eu seria um policial americano com a missão de patrulhar uma rua num bairro de Nova York. E em estilo pixel art! Coloquei o jogo pra rodar, li o texto introdutório sobre não levar as piadas tão a sério e fui adiante, com uma música magnífica no menu principal, pro meu primeiro dia de trabalho como um “tira”. Quase literalmente.
Beat Cop, jogo da estreante Pixel Crow, conta a rotina diária de Jack Kelly, detetive da Polícia de Nova York – NYPD, que se envolve num roubo/morte arranjado pra incriminá-lo e é rebaixado a prestar serviço numa delegacia do Brooklyn como policial de rua. A cada novo dia o chefe de polícia passa missões a serem cumpridas (tudo começa com simples multas de trânsito) e conforme Kelly avança no trabalho, detalhes da trama maior são desenvolvidos. Com essa premissa, o jogo segue como um gerenciador de tarefas e relacionamentos, já que é preciso cumprir com as atividades designadas e resolver problemas que surgem no seu posto que é habitado por duas gangues e vários comerciantes cujo apreço por Kelly varia conforme a atuação policial é conveniente a eles.
Acho que posso dizer que o jogo é uma mistura interessante de Papers Please com Stardew Valley, com todas as concessões que essa mistura exige. A maior parte das atividades diárias se trata de verificar irregularidades de acordo com o que for apontado pelo chefe de polícia na rua onde Kelly faz sua ronda (beat), uma área que não é nem de longe ampla como a fazendinha do jogo da Chucklefish, embora Beat Cop também apresente elementos de relacionamento com os NPCs, comum a vários outros jogos. A perseguição aos bandidos lembra muito o lendário jogo Keystone Kapers (cujo protagonista também se chama Kelly), clássico publicado em 1983!
Três Lados
Na rua, Kelly precisa balancear seu relacionamento com a população em geral, prendendo ladrões e resolvendo situações que vão de violência doméstica a infestação de insetos, a máfia italiana e a gangue da periferia que controla o fornecimento de entorpecentes no local e toda informação disponível no jogo pode ser usada para agradar ou desagradar qualquer uma das gangues. No briefing de um dia, uma colega policial comenta sobre uma testemunha chave que irá depor durante o julgamento de um mafioso. Essa informação pode ser passada para os italianos que irão “resolver a questão” e você não apenas ficará de bem com o grupo, como poderá receber um dinheiro por fora. Aliás, levantar dinheiro é um dos objetivos de Jack, que precisa pagar pensão para sua ex-esposa, ou será demitido!
A vida bagunçada de Jack Kelly é o principal obstáculo que o jogador precisa vencer para encerrar cada dia de maneira satisfatória e alcançar um dos vários finais disponíveis (você pode juntar uma quantidade grande de dinheiro e comprar uma fuga pra uma ilha tropical, por exemplo).
The Heat is On
Beat Cop esteve primeiramente disponível para PC e hoje está disponível para todos os consoles, Android e iOS. No Playstation 4, além do jogo estar completamente localizado em português brasileiro,os controles são bem simples e fáceis de aprender e os gráficos retrô são lindíssimos. Posso apontar apenas 1 pequeno problema quanto à apresentação: quando você se aproxima de um veículo para observar irregularidades, o menu de ações (checar parquímetro, pneus, luzes, placa) às vezes fica no plano de fundo, encoberto pelo balão de diálogo de algum pedestre que estiver passando pelo local.
Posso estar sendo injusto, mas gostaria que esse jogo tivesse a opção de cross-buy com o Playstation Vita, já que seu estilo favorece muito pequenas sessões de jogo e mesmo sendo possível jogar remotamente, depender do Playstation 4 pra jogar no Vita não é a melhor saída. No fim das contas, a história cativante, arte belíssima e trilha sonora maravilhosa fazem esses problemas serem absolutamente irrelevantes frente às qualidades do produto entregue pela Pixel Crow.