Análise Call of the Sea (Xbox One)
Em Call of The Sea, Norah embarca em uma aventura misteriosa repleta de quebra-cabeças desafiadores inspirados nos contos de H. P. Lovecraft.
Call of the Sea é o primeiro jogo da desenvolvedora Out of the Blue Studios, e o game consegue entregar um casamento de dois gêneros – um jogo de aventura e quebra-cabeça em primeira pessoa que evoca o espírito de H. P. Lovecraft e o romance cientifico de Júlio Verne Voyages.
O que aconteceu com Harry? Encontrar a resposta para essa pergunta levou Norah Everhart, uma mulher com uma doença estranha e misteriosa, a uma ilha do Taiti que os habitantes locais dizem ser amaldiçoada. Harry, seu marido, tinha desaparecido na ilha vários meses antes, acreditando que ele possuía a chave para curar sua esposa. A jornada de Norah por este lugar estranho e sobrenatural revelará a verdade sobre a expedição de seu marido e da tripulação, enquanto descobre sua conexão pessoal com a ilha.
Existem muitos mistérios envolvendo a ilha com a infelicidade vivenciada por Harry e sua equipe, e garanto que os jogadores que tem paciência em rodar o cenário provavelmente serão capazes de descobrir tudo muito antes de chegarem ao ponto final do jogo. Isso talvez pode ser frustrante pois o jogo acaba mostrando tudo o que você precisa saber antes de realmente finalizar o game. Embora a narrativa tenha um carinho enorme por aqueles antigos contos de aventura, Call of The Sea é um jogo alegre, familiar e felizmente toda a experiência é intensificada entre o relacionamento de Norah e Harry.
Norah é o tipo de mulher que seria descrita como tendo muita coragem e determinação para encontrar seu marido, do tipo: “ah uma doença debilitante que se dane!”. Em seus monólogos internos sobre seu casamento e as mensagens que lê de Harry, fica claro que esses dois se veem como iguais. Eles não são apenas casados, eles são melhores amigos e parceiros, e depois de todas as cartas e conversas internas, eu não pude deixar de pensar que eles seriam o casal mais divertido para passar as férias em um ilha amaldiçoada na costa do Taiti.
O jogo é situado nas ilhas isoladas do Pacífico na década de 1930, o pessoal da Out of the Blue Studios projetou um ótimo lugar para nos mostrar esta aventura, com linda folhagem, areia incrivelmente brilhante, cavernas coloridas e locais perturbadores. Os efeitos da luz e do clima costumam ser um grande sucesso na maior parte de sua viagem, fazendo com que Call of The Sea seja um jogo onde você vá fazer diversas capturas de tela, pecando apenas na transição entre lugares escuros para lugares claros, como por exemplo saindo de uma caverna ou entrando nela nem sempre é uma transição suave, mas não ao ponto de gerar incomodo ao nossos olhos, porque o ponto alto deste jogo é mergulhar o jogador em um mundo que implora para ser explorado.
A aventura de Norah pela ilha é dividida em cinco capítulos, cada um cobrindo alguns locais centrais. Cada área da ilha que você explora é um quebra-cabeça que você deve resolver. Com as evidências que você encontra enquanto procura por acampamentos, cavernas e ruínas misteriosas, você deve ser capaz de descobrir como chegar à próxima área. Norah tem um diário que ela usa para registrar anotações de suas descobertas e, mais importante, as pistas exatas de que você precisa para encontrar o quebra-cabeça definitivo para cada local.
Alguns quebra-cabeças têm soluções autoexplicativas, com pistas óbvias sobre o que fazer, porém a maioria raramente você encontrará essas pistas. O quebra-cabeça central do capítulo três me travou por mais de uma hora, até que percebi que estava apenas interpretando mal as pistas que Norah anota em seu diário. Em outro capítulo fritei meu cérebro tentando achar a solução de um quebra-cabeça enquanto tentava descobrir o que achava ser a resposta correta e fracassava sempre, pois ainda não tinha ideia do que as pistas estavam me dizendo.
Em Call of The Sea você precisa ser minucioso em sua exploração de cada área, pois será quase impossível avançar sem encontrar todas as pistas, isso é fato. Você também vai querer ter certeza de não perder nenhum item interativo vital que possa estar escondido em alguma parte do cenário. Descobrir o que aconteceu com o primeiro grupo de aventureiros é uma experiência arrepiante. Algumas cenas terríveis são descobertas por Norah enquanto ela atravessa a ilha, e conforme o jogo continua, as coisas parecem ficar cada vez mais desesperadoras, principalmente quando elas tomam um rumo aquático, com uma pegada bem Lovecraftiana.
No entanto, Call Of The Sea não é a mesma velha história de terror cósmico. Ao contrário de muitas obras que apelam para os temas do gênero, o jogo tem laços pessoais e tangíveis com seus personagens e temas gerais, e isso torna Call Of The Sea ainda mais atraente e refrescante. O jogo não pode ser considerado um terror de forma alguma, mas ao invés disso carrega um poderoso impacto emocional.
Call of The Sea é absolutamente lindo, com um ângulo atemporal de desenho animado que torna suas selvas exuberantes, pântanos nublados e naufrágios tempestuosos ainda mais potentes. É uma direção artística semelhante ao que vimos em Sea of Thieves , mas com uma paleta de cores muito mais viva e variada.
Além de ter um bom roteiro e um level design bem pensado, Call of the Sea também tem uma bela direção artística. Jogando constantemente com luz e cores, nenhuma área é idêntica à outra. O título beneficia um toque gráfico elegante que o levará a abandonar de vez em quando os puzzles a resolver, para querer apreciar a paisagem e isso é perfeitamente compreensível. Muito trabalho também foi feito no design de som, que oferece um bom equilíbrio entre os ruídos que nos cercam e a música da trilha sonora.
O game tem seu foco total no quebra-cabeça em primeira pessoa, no entanto, existem muitos “eureka!” que vão te deixar extremamente feliz com a descoberta.
Você não deve esperar muita liberdade, a divisão dos capítulos também corresponde a uma divisão em zonas. O que significa que, uma vez que um capítulo é concluído, você não pode voltar, a menos que vá até o menu do jogo e substitua o salvamento anterior.
Uma escolha que se explica pelo desejo do estúdio de nos direcionar para o curso normal do jogo, sem nos perder em idas e vindas desnecessárias. As áreas são geralmente bastante pequenas e alguns minutos de exploração são suficientes para entender o que o jogo espera de nós.
Vale ressaltar que em Call of The Sea jogamos com uma personagem feminina e isso soa como um passo substancial e o jogo deixa claro que a civilização primitiva escondida na ilha é anterior aos humanos residentes. Em vez de uma donzela em perigo, Norah é uma protagonista ativa que mostra notável bravura e autocontrole ao longo de sua história.
Apesar das poucas imperfeições que mencionei acima, Call of the Sea entrega o que promete. É atencioso tanto em sua narrativa quanto em seus designs de quebra-cabeças que fazem você se sentir inteligente e estimulam a continuar. Seu design de nível por si só já faria com que valesse a pena explorar o jogo, mas os jogadores nunca precisam se preocupar em não fazer nada no jogo, já que cada seção é repleta de quebra-cabeças para completar e dicas de história para teorizar. Não é o jogo mais longo do mundo, claro, levando cerca de seis a sete horas para finalizar a história, podendo chegar até dez horas ,caso você estiver coçando muito a cabeça em certos quebra-cabeças, acho que realmente é o tempo certo que o jogo deveria ter e te prende por uma variedade de razões do começo ao fim.
O cenário original, a narrativa e a sensação geral de Call of the Sea me fisgaram totalmente – mesmo quando eu não estava jogando, me peguei pensando nos quebra-cabeças em minha mente. Então se você é um fã de histórias emocionais e quebra-cabeças lógicos desafiadores, recomendo que você deva mergulhar direto nesta aventura.
A análise de Call of The Sea foi escrita com base em uma cópia de Xbox One gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.