Análise Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados
Lançado no final de 2015, Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados resgata o espírito e a nostalgia da série animada em um jogo de luta envolvente e totalmente dublado no nosso idioma, digno de um cavaleiro de ouro.
1994. Meu irmão e eu chegamos da escola e corremos pra sintonizar a TV no canal 7. Naquele fim de tarde estava estreando o primeiro de uma onda de desenhos japoneses na televisão aberta. Os Cavaleiros do Zodíaco abriu nossas TVs para as obras da cultura japonesa. Foi um fenômeno nacional.
Pra mim que estive lá na infância, é impossível analisar um jogo com Cavaleiros e Zodíaco no nome de maneira imparcial. Mas vou colocar crítica e nostalgia em seus devidos lugares. Vamos lá.
Combate 3D de verdade
Como dito no review de Cavaleiros do Zodíaco: Bravos Soldados, esse jogo não funciona como as franquias Mortal Kombat ou Street Fighter. Enquanto nesses títulos a ação se passa em cenários com movimentação 2D, Alma dos Soldados adota todo o cenário como local de movimentação e embora isso modifique tudo no esquema de botões pra aqueles que estão vindo das franquias tradicionais, é pelo 3D que o jogo transmite a sua semelhança com o anime.
Nenhuma novidade pra quem jogou os títulos anteriores publicados pela Bandai (aliás, o que eram aquelas propagandas dos bonecos que passava nos intervalos do desenho).
Ainda nas diferenças com relação a MK e SF, esqueça os comandos clássicos para realizar golpes especiais. Na verdade, mesmo os golpes comuns funcionam de um jeito simplificado apenas com quadrado e triângulo. “Xis” é o botão de pulo e círculo funciona para lançar projéteis de energia.
Essa aparente simplicidade de comandos desaparece quando passamos pelo tutorial – que é um caminhão de nostalgia com o Seiya sendo ensinado pela Marin no santuário grego – e descobrimos que além de atacar e pular, os cavaleiros executam movimentos de esquiva livre ou defensiva (quando você tá apanhando), arremesso, aproximação e “fuga”, super golpes e finalmente os especiais que conhecemos tão bem.
Meteoro, Pó e Cólera
Todo cavaleiro consegue executar seus golpes característicos desde que o medidor de cosmo possua energia suficiente. Para isso basta elevar o cosmo do seu coração com L2 e uma vez que a barra de energia regular esteja completa, você tem acesso aos golpes especiais ao segurar R2. Por exemplo, R2 + quadrado é o comando para executar o Meteoro de Pégaso, Cólera do Dragão, Pó de Diamante, Ave Fênix e Corrente de Andrômeda.
Outros golpes são executados com R2 + triângulo enquanto R2 + círculo executa os Ataques Big Bang (Big Bang Atacks ou BBA) mas para isso, é necessário completar uma nova barra: a do sétimo sentido. Todos os comandos serão estranhos para um jogador novato mas uma vez que se acostume, a jogabilidade única de Alma dos Soldados passa a fazer sentido e a diversão começa a tomar lugar do aprendizado.
Ver os golpes clássicos do desenho é tão gratificante quanto pode ser pra quem cresceu naquela época. Quando o jogador aprende a se movimentar, atacar e se defender, as lutas adquirem uma dinâmica tão nostálgica que é muito fácil ser transportado à infância ao controlar seus cavaleiros favoritos nas casas do santuário; e com a dublagem clássica, o jogo aperta os botões certos no nosso cérebro e a gente já gosta do que vê com menos de meia hora de jogo.
88 cavaleiros no “Power Point” animado
Alma dos Soldados tem muitos cavaleiros. E depois tem um pouco mais. Cavaleiros de bronze, ouro, deuses, marinas, espectros, divinos, amazonas e mais alguns de prata e bronze completam o total de 48 personagens sem contar suas variações – roupas específicas, armaduras especiais, mas todo esse conteúdo estará bloqueado na primeira vez que você jogar e será liberado conforme as campanhas forem terminadas.
E são muitas variações para serem liberadas. Seiya por exemplo possui várias versões: armadura clássica, armadura refeita, nova armadura de bronze, roupa de treinamento, roupa sem armadura e etc, a lista segue.
O modo história do jogo possui quatro arcos que acompanham as sagas do desenho na TV: Batalha do Santuário, Asgard, Poseidon e Hades – todas as fases: Santuário, Inferno e Elísio; e ao terminar cada luta, um oponente é desbloqueado na tela de seleção dos demais modos de jogo.
Sobre a campanha, se você já jogou algum título anterior dos Cavaleiros do Zodíaco desde o PS2 conhece o modo como a história é contada através de recriações simples do que aconteceu nos episódios do desenho. Em Alma dos Soldados as cutscene podem até ser pré renderizadas mas porque os gráficos do jogo simulam muito bem um desenho animado, não existe muita diferença entre elas e as lutas.
Um aspecto interessante da progressão na campanha é que não há game over. Quando você perde uma luta, você tem a chance de retomar onde parou através de um mini desafio: Saori, assim como no desenho, aparece para encorajar o cavaleiro derrotado através de um mini jogo de resistência similar ao teste de força do primeiro Mortal Kombat, porém mais simples já que basta triturar o botão X até uma barra se complete. O desafio vai ficando mais difícil à medida que você perde consecutivamente mas não há prejuízo algum caso resolva deixar a contagem chegar ao final.
Essas cenas montam um resumo deveras competente dos episódios mas não se engane: não há ação nenhuma. Os cavaleiros conversam e quando alguma mudança precisa acontecer, uma luz pisca e a cena muda automaticamente pro próximo ângulo ou frame. Isso pode incomodar em maior ou menor grau dependendo do quanto você gosta do material em que o jogo se baseia.
É isso. Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados é um jogo bastante competente que irá te agradar na medida do seu interesse pelo desenho. Eu sou fã. Quando o que jogo foi anunciado em 2015, minha decisão já estava tomada bem antes.