Análise Crashlands (Nintendo Switch)
Originalmente lançado para celulares e posteriormente para PC, a versão de Switch desse RPG de ação em tempo real foi desenvolvida para ser controlado em telas de toque e com controle convencional. O que é perfeito para o console híbrido da Nintendo.
Originalmente lançado para celulares e posteriormente para PC, a versão de Switch desse RPG de ação em tempo real foi desenvolvida para ser controlado em telas de toque e com controle convencional. O que é perfeito para o console híbrido da Nintendo. Publicado pela Butterscotch Shenanigans (que nome, não?), Crashlands é um jogo peculiar que a princípio me confundiu até que finalmente, não após uma certa quantidade de horas, ficasse claro qual o seu propósito, que na verdade são 3: coleta, construção e combate.
Starman
Jogamos como Flux, uma entregadora de encomendas espaciais que está cruzando o universo para uma carga até que encontra uma criatura – que é essencialmente uma cabeça flutuante – que destrói sua nave para conseguir determinado componente. Flux e seu robô assistente, Juicebox, sobrevivem à queda da sua nave e precisam ir atrás de material para reconstruir sua nave e terminarem a entrega.
Aqui, Juicebox serve como instrutor, indicando ao jogador quais materiais serão necessários para construir desde cadeiras e serras até bancadas de marcenaria para melhor aproveitamento dos recursos que iremos coletar através do imenso (IMENSO) mapa do planeta. Ao longo dessas atividades repetitivas porém satisfatórias, iremos encontrar com personagens que ajudarão Flux em suas missões mas não sem pedir algo em troca. E não sem alguns problemas.
Don’t Stop Me Now
Como comentei, Crashlands entrega um gameplay simples e agradável com um loop de combate, coleta e construção bastante satisfatório e que deixa a gente com aquela vontade constante de jogar mais alguns minutos mas isso só irá acontecer após o jogador passar a entender como funcionam os sistemas do jogo, localize os menus e se situe no que está acontecendo. O que não vai ser muito difícil mas exigirá leitura atenta dos diálogos e instruções e aqui começam a aparecer alguns probleminhas. Estamos em um planeta desconhecido então é de se esperar que encontremos criaturas nunca antes vistas mas o que é inesperado é que seus nomes sejam tão complicados. O inimigo básico do jogo é chamado de “Wompit”, consiste de uma cabeça sobre um tronco que é, na verdade, um pé. “Wompit” é o nome que designa aquela espécie que está subdividida em outros tipos de indivíduos como o “Wompit Bull” e o “Sterling Wompit Heifer”, por exemplo. O jogo é claramente bem humorado e o design de tudo é leve e cartunesco mas a falta de opção de jogar em português pode ser uma barreira, principalmente se quem estiver jogando for criança. Os nomes atípicos para as criaturas e os diálogos cheios de gírias e referências à cultura pop americana podem afastar quem só queira andar pelo mapa clicando em tudo.
Além desse pequeno problema, a escolha artística que define as criaturas, o mapa e o robô Juicebox são simplórias e até podem parecer amadoras. Flux não anda, apenas pula e a cada pulo seus pés e braços se movem como em bonecos feitos em flash, apenas sendo rotacionados na articulação. Além da animação, o combate também é algo pensado prioritariamente para dispositivos móveis e Flux atacará repetidamente os inimigos que estiverem destacados, sem a necessidade do jogador tocar na tela várias vezes ao atacar. O mesmo vale para caminhar pelo mapa, apenas um toque e nosso boneco andará todo o mapa até chegar no destino parecido com o que acontece em RTSs.
Working Man
Esses pequenos problemas são facilmente ignorados quando colocamos nosso foco nos sistemas de coleta e construção do jogo. Cada estação de manufatura oferece ampla variedade de produtos, feitas de madeira e grama no início e mais tarde, de rocha e outros materiais conforme avançando na história do jogo. Diferentes tipos de armas e armaduras e novas estações vão ficando disponíveis e esse loop conquista o jogador. Ajuda muito o mapa amplo que a despeito de parecer gerado proceduralmente, oferece todo recurso necessário pro avanço na campanha.
Sobre o mapa (enorme), uma das melhores características do jogo é a possibilidade de usar o teletransporte para retornar à base ou para qualquer uma das várias estações de transporte automático que são uma mão na roda pra encontrar os NPCs e viajar até os lugares que marcam as missões, cuja essência são a coleta de materiais, construção de produtos para agradar os personagens e alguns chefes ocasionais. Tudo baseado no combate por cliques que não é excelente mas ajuda o jogador a permanecer preso ao loop, que de fato é agradável.
Bizarre Love Triangle
Crashlands ao final das contas adapta muito bem seu sistema de combate, aquisição de recursos e construção baseado em cliques pro console da Nintendo e apesar dos sistemas que atuam por trás da parte RPG do jogo se apresentarem de forma um pouco confusa a princípio. Com a possibilidade de um segundo controle comandar o robô Juicebox, Crashlands fica fácil de ser indicado tanto pra você que gosta de gastar horas com grinding, quanto pros seus filhos.