Análise Dragon Ball Z: Kakarot (PlayStation 5)
Sucesso de vendas, Dragon Ball Z: Kakarot chega à nova geração acompanhado da mais recente DLC: Bardock – Alone Against Fate.
Dragon Ball Z está no topo dos animes mais populares aqui no Brasil, juntamente com Cavaleiros do Zodíaco e Pokémon. Mas, diferentemente da criação de Masami Kurumada que foi pioneira na rede Manchete e do desenho de propriedade conjunta da Nintendo que já tinha com diversos jogos publicados quando começou a passar no programa da Eliana, a saga de Goku e seus amigos se tornou um fenômeno por si própria. Muito do sucesso se deve ao carisma dos personagens criados por Akira Toriyama que, recebe mais uma adaptação da sua obra para os videogames, desta vez na versão next gen de Dragon Ball Z: Kakarot.
Toda a Fúria do Dragão
Dragon Ball Z: Kakarot, originalmente publicado em 2020, foi um sucesso. A recriação das histórias que cativa crianças (e adultos) há vinte anos foi super bem recebida e, sem dúvida, chamará bastante atenção agora que o upgrade para a nova versão está disponível sem custo. Isso quer dizer que quem comprar sua cópia agora vai ter o melhor jogo de Dragon Ball Z já feito? Vamos a isto.
De cara, a nova versão de DBZ: Kakarot beneficia aqueles que compraram suas cópias anteriormente ao entregar a versão melhorada da história, rodando a 60 quadros por segundo e com tempos de carregamento reduzidos. Aos que adquirirem a versão para PlayStation 5 terão como benefício adicional, as DLCs já publicadas e também a mais recente que trata do pai do Goku, Bardock e os últimos dias da terra natal dos Sayajins, o planeta Vegeta.
Não há muito o que acrescentar a respeito da campanha principal em termos de história pois, se você assistiu ao desenho então você já sabe tudo o que irá acontecer – o que não tira o brilho da apresentação da história na engine do jogo. Dragon Ball Z: Kakarot refaz com perfeição o anime e até apresenta suas missões como se fossem episódios dentro do desenho, com as missões secundárias fazendo as vezes dos famigerados fillers – episódios em que a história principal não anda.
Menos que perfeito é a maneira como o jogo é estruturado, priorizando a apresentação das cenas e deixando a jogabilidade “presa” aos momentos específicos quando todos os diálogos já se esgotaram. Por exemplo: o início da campanha mostra Goku passeando com Gohan e eles precisam coletar ingredientes para o almoço que a Chi-Chi está preparando. Essa interação entre os dois personagens é uma pequena cutscene separada em dois momentos, um vídeo com diálogos dublados (falo disso mais pra frente) e uma cena com legenda em que os personagens apenas reagem ao diálogo com frases curtas. É possível pular essa primeira parte, dublada, mas não a segunda que apenas pode ser acelerada até que todo o diálogo entre Goku e Gohan se esgote e possamos controlar o Sayajin pelo cenário. Nesse momento, teremos acesso ao menu de pausa do jogo que traz opções como inventário, controles, ajuste de câmera, idioma e conteúdo adicional.
O acesso a esse conteúdo adicional é feito da maneira mais confusa que eu poderia ser capaz de pensar. Para jogar a aventura do Bardock (ou de qualquer outra DLC), você precisa iniciar uma campanha regular, acessar o menu de pausa, que só fica disponível quando você estiver no mundo aberto e somente então, poderá iniciar uma das campanhas extras. O meu caso foi um tanto frustrante porque eu primeiro joguei parte da campanha do Goku/Gohan até alcançar determinado ponto onde eu decidi pausar para experimentar a história do Bardock mas o jogo não permitiu. Precisei iniciar uma nova campanha para só então conseguir controlar o pai do Goku na última aventura dele no planeta Sayajin.
Essa organização do jogo não me saltaria tanto aos olhos caso o combate fosse mais fácil, ao menos no início. O primeiro grande embate do Goku é contra o irmão dele, Raditz e admito que vencer essa luta foi mais complicado do que eu imaginei que seria, e a estrutura do jogo me deixou preso a esse combate, ou eu teria que assistir toda a história que a antecede (podendo apenas pular a cutscene dublada). Como não há checkpoints nas lutas, ter que enfrentar o mesmo oponente de novo e de novo pode ser maçante para quem quiser apenas apreciar a história de DBZ: Kakarot.
Mesmo tendo penado um bocado nas lutas, o combate em DBZ: Kakarot é muito satisfatório. Aprender a usar os poderes dos heróis no momento correto e esvaziar a barra de vida dos inimigos é tão obrigatório quanto saber esquivar dos golpes apelões que eles disparam quando estão começando a perder. Além disso, algumas lutas serão contra grupos de inimigos o que vai exigir muita coordenação para otimizar os seus movimentos sob o risco de alongar demais o combate e torná-lo repetitivo, especialmente se você perder e precisar lutar novamente. Para nosso auxílio, o jogo tem um menu rápido onde podemos guardar itens de cura e acessá-los no meio da luta. Tudo seria mais difícil se não fosse possível tomar um energético quando nossa vida está indo pro ralo.
A parte ruim das lutas é que, como eu disse, não há checkpoint mesmo tendo lutas que acontecem em sequência. Nesses casos, só vencendo pra poder chegar até a próxima sessão de mundo aberto pra poder salvar o progresso, coisa que o jogo faz automaticamente, ainda bem.
Son Goku
Dragon Ball Z: Kakarot é um produto cuiroso. O jogo é impecável visualmente enquanto que, do ponto de vista da jogabilidade e game design ele é, sem muita dúvida, falho. Muita coisa precisa de animações fora do jogo para acontecer (como cozinhar, pescar) e a maneira como a apresentação da história “atrapalha” algumas funções do jogo (salvar, começar uma luta), pode ser algo cansativo para quem estiver preso em uma luta difícil. Além disso, o jogo possui apenas dois idiomas: Inglês e Japonês (legenda e dublagem) o que dificulta muito jogar com alguém que só entenda português – eu queria jogar com a minha esposa que é super fã mas apenas eu consegui aproveitar o jogo.
Apesar desses problemas, o carisma da franquia Dragon Ball mais os personagens criados pelo Toriyama tornam a experiência nostálgica, leve e agradável. Recomendo para quem for muito fã e estiver disposto a aproveitar todo o seu conteúdo. Se você se encaixa nesse perfil, não sairá decepcionado.
Essa análise da versão para PlayStation 5 de Dragon Ball Z: Kakarot foi escrita graças a uma cópia digital fornecida pela assessoria de imprensa do jogo que também está disponível para Xbox Series S|X desde o dia 13 de janeiro de 2023.