Análise Ender Magnolia: Bloom in the Mist (PS5)
Ender Magnolia é um dos melhores metroidvanias da geração, com seu gameplay criativo, divertido e um estilo gráfico lindo, mesmo que sua história seja básica.
Em 2021, ainda preso dentro de casa por conta da pandemia, lembro de ter visto o trailer de um jogo que logo me chamou a atenção pela beleza gráfica, mesmo que dentro de uma simplicidade, era Ender Lilies. Apesar de parecer um pouco estranho, eu decidi que iria jogar, e, bom, que baita decisão foi aquela. Foram mais de 30 horas dentro do game, correndo atrás de todas as habilidades, limpando o mapa, até chegar ao final verdadeiro.
Assim que terminei, eu confesso que não imaginava que um dia veria uma continuação, já que ele parecia fazer tudo que podia. Bom, eu estava enganado. Em 2024, Ender Magnolia: Bloom in the Mist, desenvolvido pelos estúdios Adglobe e Live Wire, é anunciado de forma bastante inesperada por mim, mas ainda assim, eu fiquei animado.
Apesar da empolgação, eu confesso que ficava com medo dele ser mais do mesmo de seu antecessor, e por conta disso, de certa forma, perder um pouco do brilho. Mas, novamente, eu estava profundamente enganado. Dando um spoiler de tudo que você irá ler aqui, Ender Magnolia é uma sequência que melhora tudo de seu antecessor, sendo uma experiência ainda mais especial.
História
Você está sob o controle de Lilac, uma jovem Sintonizadora, que um dia acorda em um lugar estranho e desconhecido para a personagem. O local se chama “País dos Vapores”, uma nação onde toda a civilização se desenvolveu a partir de recursos subterrâneos.
Ao longo da história, você descobre que essa população se desenvolveu com a criação dos “Homúnculos”, que são seres artificiais que ajudaram a humanidade em atividades cotidianas.
Porém, com o tempo, surgiu um estranho vapor que fez com que todos esses seres se tornassem agressivos contra os humanos, levando toda a sociedade para a ruína. Anos depois do desastre, estamos sob o controle de nossa personagem.
Rapidamente, descobrimos que a menina possui o cobiçado poder de sintonizadora. Poder capaz de purificar os homúnculos corrompidos e, também, usar seus poderes de combate a seu favor.
Apesar de parecer uma história clichê e simples, ao longo da jornada, a narrativa de Ender Magnolia se prova mais complexa do que pensamos. Isso porque ela é contada de forma diluída e incoerente. Soma-se a isso ainda, o fato de que, dependendo de seus caminhos, diálogos que encontramos com alguns personagens, também não seguem uma estrutura narrativa muito precisa, e isso deixa tudo ainda mais difícil de acompanhar.
Outro ponto que diminui a importância da história, se dá por conta de sua estrutura. Normalmente, em jogos do gênero, o caminho que seguimos é muito claro, e a forma como progredimos sempre será igual para todos os jogadores, porém, em Ender Magnolia não será. Eu acho que este é o primeiro metroidvania “mundo aberto” que joguei. Claro que esse é um termo exagerado, mas isso me veio à mente porque ele te dá uma imensa liberdade de ir para onde você quiser o tempo todo.
E, por conta dessa liberdade, a história se devolve em uma linha de narrativa desconexa. É claro que existem trechos essenciais da história que estes sim, seguem uma linha narrativa clara, mas os diálogos e curiosidades do mundo, ficam difíceis de acompanhar por conta dessa forma lúdica da história.
De forma geral, eu achei a narrativa do jogo com sobras o ponto mais baixo da experiência. Não porque a narrativa do mundo seja ruim. Mas por causa da forma como ela foi sendo contada para mim. Mas reitero, de forma geral, não existe nenhum plot que seja difícil demais de acompanhar.
Um combate brilhante
Um dos maiores medos que tinha para essa sequência era se eles iriam conseguir melhorar aquilo que eu já considerava perfeito em seu anterior – seu gameplay. E eles conseguiram.
É engraçado porque em jogos do gênero, sempre existe uma sensação de conquista, sempre que determinadas habilidades são adquiridas, como pulo duplo, dash, e outros. E normalmente, essas habilidades são demoradas para se ganhar. Mas aqui, de forma surpreendente, elas são dadas em 30 minutos de jogo. O que até me deixou surpreso, pois me perguntei para onde aquilo tudo iria? Mas eles tinham uma excelente resposta.
Algo que me chama atenção nessa franquia é que o combate não se dá diretamente pela personagem, e sim por espíritos que ela captura. Ou seja, ao apertar quadrado (joguei no PS5), um aliado aparece e desfere um determinado golpe – mas se você aperta triângulo, outro personagem aparece e aplica o comando.
Isso dá ao jogador uma gama de possibilidades que, com o tempo, se torna cada vez maior. Sempre que você derrota um boss, a habilidade dele é transferida para você – alguns auxiliam na travessia de mapa, enquanto outros se tornam aliados em combate.
Algo que Ender faz muito bem é não travar esse gameplay permitindo que você dê vários comandos de forma seguida. Isso porque você irá colocar cada espírito em um botão determinado, sendo possível ficar com quatro habilidades. Com isso, enquanto você bate com o personagem do botão quadrado, você pode apertar um segundo ou terceiro comando que ele irá responder. Isso tudo enquanto você ainda pula, desvia e toma cuidado para não levar danos – esse modelo cria um ritmo frenético que não cansa, pelo contrário, só melhora.
Isso porque você ainda poderá melhorar essas habilidades, que são realmente significativas, já que elas mudam o estilo de cada golpe, além de você poder equipar itens que irão melhorar os status de sua personagem.
Pequeno tropeço
O único ponto baixo nessa gameplay que destacaria é o ponto de evolução do personagem. Isso me ocorreu porque, ao longo da experiência, eu não senti diferença alguma em ser nível 10 ou 35. Posso estar exagerando um pouco ao dizer que não existe mudança, mas algo que me incomodou profundamente foi que sempre que eu chegava em um novo ambiente, independente do nível, eu sempre morria com três porradas. Claro que nas áreas iniciais eu sentia uma diferença, mas nas restantes, quase zero.
Eu fiquei me perguntando tanto se existia mesmo essa mudança que procurei fóruns do jogo e vi que muitos se faziam a mesma pergunta. E foi lá que descobri que você ganha mais defesa e ataque sempre que sobe de nível, mas é algo que está completamente desbalanceado, sendo uma diferença minúscula do nível 5 para o 20, por exemplo.
Trilha sonora e arte design de encantar
Elogiar a arte do jogo é meio que chover no molhado. Não é necessário muito para que qualquer um se encante com a beleza do jogo, só basta olhar. Mas não é só seu visual que brilha, a estética dos personagens, profundidade de cenários e animações, são uma das coisas mais lindas que já vi dentro do gênero.
Isso tudo somado a sua trilha sonora um tanto quanto melancólica, cria um ambiente de relaxo mental, mesmo que tudo esteja em ruínas. Não sei descrever bem a minha sensação com o jogo, mas mesmo em momentos de dificuldades, eu não conseguia me irritar, muito por conta da sensação de “calmaria” que o jogo passa. Mas com o tempo percebi que isso só é possível por causa de suas ótimas músicas.
Por fim, o último ponto que quero destacar é que, assim como o jogo anterior, Ender Magnolia está totalmente localizado em português do Brasil. E isso é essencial para a experiência.
Vale a Pena?
Ender Magnolia: Bloom in the Mist é um metroidvania brilhante, que se destaca principalmente em seu combate, mas mantém uma excelente qualidade em todos os pontos do jogo.
Ele ainda consegue criar algo muito próprio ao deixar o jogador livre, seguindo seus próprios caminhos, desenvolvendo uma personagem da forma que achar. Isso sem contar seus ótimos desafios de plataforma e ótimo level design.
Mesmo em seus pontos mais baixos, eu não senti vontade alguma de parar, o que se torna um mérito ainda maior quando penso em sua duração, que pode variar entre 15 a 22 horas .
Ender Magnolia é um dos melhores metroidvanias da geração!
A análise de Ender Magnolia só foi possível graças a uma cópia gentilmente cedida pelos nossos parceiros da Nuuvem, e você pode adquirir ele, ou qualquer outro jogo, com um desconto especial clicando aqui.
