Análise Far Cry Primal
O mais recente título da série Far Cry é um spin-off que te coloca para sobreviver na Idade da Pedra no meio de ursos, tribos primitivas, miticismo e muito sangue, conheça mais sobre Far Cry Primal.
Vou começar confessando que eu tive pouco pra não dizer quase nenhum contato com jogos da série Far Cry. Sempre li e ouvi falarem muito bem da série, principalmente de Far Cry 3, mas o único jogo da série que tive a oportunidade de jogar foi Far Cry 3: Blood Dragon.
Não que eu tenha algo contra o jogo ou contra o gênero, muito pelo contrário, gosto bastante de jogos de tiro em primeira pessoa e como disse, sempre tive boas recomendações de Far Cry, o que acabou acontecendo é que a série se tornou um daqueles “bons jogos que a gente fica na promessa de jogar mas nunca joga”.
Enfim, essa introdução se faz necessária para deixar claro que esta é a análise de alguém que não está “acostumado” com a série, sendo assim certas coisas que muitos dizem ser repetitivas ou iguais a tal jogo da série, para mim é novidade.
Far Cry Primal é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Ubisoft e trás a já conhecida atmosfera e mecânica conhecida da série mas agora te leva para sobreviver na Idade da Pedra.
O jogo continua com sua câmera em primeira pessoa e como jogo exclusivo da nova geração de consoles e PC, trás belíssimos gráficos e uma movimentação bastante fluída como é de se esperar de jogos do gênero.
Em Far Cry Primal assumimos o papel do protagonista Takkar, um primitivo da tribo Wenja que busca reunir seu povo e viver em paz na prometida terra de Oros.
Logo no começo do jogo, essa intenção e motivação para todo o resto do jogo nos é revelada, não sobrando muito mistério ou conteúdo para a história do jogo se desenvolver. Em companhia de alguns membros da nossa tribo, estamos caçando alguns mamutes quando após o sucesso na caça, somos surpreendidos por um tigre dentes de sabre que mata nossos companheiros e nos lança sozinho nessa jornada.
Tive a impressão que essa seria a nossa grande jornada, explorando o vasto mapa do jogo, passando por diversos perigos e reunindo o povo da nossa tribo até chegar em Oros, mas não é bem assim.
Após a morte dos nossos atuais companheiros, encontramos Sayla, que também é uma Wenja e esta, de cada nos leva até Oros, onde alguns poucos sobreviventes já estabeleceram moradia.
Daí em diante é que o jogo se desenvolve, ou melhor dizendo, é a partir desse ponto que passamos a ir de missão a missão para melhorar a vida da nossa tribo, aumentar a população e diminuir o domínio das tribos “inimigas”.
Lembra lá no primeiro parágrafo quando eu comentei sobre o fato de o meu pouco contato com a série talvez fosse bom pelo menos no meu caso? Pois é, eu não vi tanto problema assim em ficar explorando o mapa realizando missões muitas vezes bem semelhantes umas as outras, entre uma missão e outra, eu aproveitava e passava pelas áreas de caça de animais exóticos, colhia plantas e flores exóticas, acessava alguma cavernas secretas e etc.
Mas imagino que para muitas pessoas, essas atividades possam se tornar bem massantes pois são bem semelhantes a tudo o que a série já ofereceu no passado.
Se em Far Cry 3: Blood Dragon usávamos o coração dos soldados para atrair os dinossauros e usá-los a nosso favor, ou como em Far Cry 4 quando atraíamos a atenção das feras a nosso favor, aqui em Far Cry Primal a mecânica muda mas o princípio é o mesmo.
Fatos como esse e também o mapa ser muito semelhante ao do quarto jogo da série (desconsiderando os spin-offs) podem frustar bastante quem vem acompanhando Far Cry ano a ano.
Eu me divirto bastante jogando o jogo, seja fazendo missões primárias ou apenas me aventurando por áreas ainda não exploradas, a atmosfera criada para retratar a Idade da Pedra em Far Cry Primal me cativou além do esperado e supera qualquer problema mais simples que o jogo possa ter.
Como eu já comentei, existem diversas atividades secundárias a se executar, colher plantas, flores, madeira, ardósia, procurar totens e inscritos sagradas que nos conferem pontos de habilidades, caçar animais herbívoros como cabras e cervos, ou ir atrás dos mais perigosos como lobos, onças e tigres.
Alguns dos destaques pelo lado dos animais fica por conta dos crocodilos, obviamente escondidos em alguns lagos em locais menos acessíveis. Os mamutes também são muito legais, os gigantes da Idade da Pedra além de servir de caça, podem ser domados e montados, ideais para combater grupos de inimigos numerosos.
Mas tome cuidado, caça-los não é nada fácil, estão sempre em bandos e caso você recebe uns dois ataques direto deles é o suficiente para te matar.
Uma boa forma de caçá-los é fazendo uso de outro grande predador presente no jogo. O tigre dentes de sabre é de longe sua maior ameaça mas também pode ser seu maior trunfo caso você consiga domá-lo.
Grande, rápido e feroz ele coloca medo em todos os outros animais do jogo e conseguem derrubar grupos de até cinco inimigos sozinho, e até mais caso pegue-os um a um. Você com certeza vai se assustar ao encontrar um pela primeira vez.
Já que estamos falando de caça, não podemos deixar de citar a mecânica do jogo, seja de combate como da movimentação em si. Tudo funciona de forma básica e funciona muito bem, podemos andar, correr, escalar algumas pedras, usar alguns cipós e restos de árvores tanto para subir como para descer de certos lugares, também podemos nadar e montar em alguns animais.
Em alguns raros momentos senti que o personagem fazia a ação alguns centímetros de distância do seu alvo, mas isso não é algo exclusivo de Far Cry Primal, é algo que ainda precisa ser refinado na engine de diversos jogos em primeira pessoa.
Algo “inédito” para a época em que o jogo se passa é o gancho, que pode ser usado para escalar determinados locais que normalmente não seriam acessíveis. Os nativos da época com certeza não gozavam de tal tecnologia, mas o item foi bem implementado e justificado dentro do jogo.
Além de montar em alguns animais, podemos também fazer carinho, dar ordens de ataque e curar os mesmo dando um pedaço de carne de comer a eles. Se algum outro animal ou membro de tribo inimiga te ataca, o seu animal automaticamente te defende, mesmo que isso custe sua vida.
Podemos também controlar uma coruja, que pode marcar os inimigos para que possamos abordá-los de forma mais segura e também atacá-los caso seu nível de habilidade seja alto.
Já na parte de combate Far Cry Primal divide opiniões, e eu entendo o porque. Dentro nosso arsenal temos o arco e flecha, a lança, o tacape e as “bombas”, além de podermos arremessar pedras para chamar atenção.
Todas as armas de longa distância funcionam de forma perfeita, tanto em precisão, balística ou dano. Acertar uma flecha na cabeça do inimigo ou caça é lindo, assim como incendiar sua flecha e ver o alvo pegando fogo até a morte funciona bem.
A lança e as bombas seguem o mesmo princípio, o problema maior é com o tacape ou ainda com os nocautes em modo furtivo. É visível como a engine não funciona muito bem nessa hora e em alguns momentos é possível ver golpes passando no vazio mas ao mesmo tempo acertando o inimigo. Ou então quando estamos longe do alvo e ao pressionar o botão de nocaute, nosso personagem se lança em direção ao inimigo.
Não é nada que vai te fazer parar de jogar Far Cry Primal, mas é estranho. O combate quando montado ou controlando algum animal funciona muito bem, vale ainda citar a inteligência artificial desses que é muito boa, reagindo bem ao fogo ou a um ataque surpresa.
Não podemos deixar de falar dos gráficos que bom, como era de se esperar de um jogo exclusivo da nova geração de consoles e PC, é lindo.
Tratando-se de um jogo de mundo aberto, sempre fica aquela dúvida se a desenvolvedora vai conseguir entregar um jogo bem feito e ainda assim dar sentido a este mundo. A Ubisoft não decepcionou nenhum pouco nesse aspecto.
A fauna e a flora do jogo foram muito bem compostas, com diversos tipos de flores, árvores, ora estamos numa área de mata alta ora estamos numa floresta escura, sem contar as diversas montanhas, penhascos e rios disponíveis no jogo.
A neve também não deixa nenhum pouco a desejar, tudo muito bonito e vivo. Eu realmente me surpreendi quando joguei Far Cry Primal pela primeira vez, da época em que joguei Blood Dragon pra cá, muita coisa mudou, e mudou pra melhor.
Tanto nos consoles como no PC o jogo suporta 1080p rodando em 30 e 60fps consecutivamente. No PC é possível ver ainda com mais detalhes algumas texturas, efeitos de iluminação e claro, apreciar a noite do jogo, que ao mesmo tempo reserva diversos perigos e feras mortais mas também encanta os olhos de quem a explora.
A sonorização de Far Cry Primal é boa, o som dos animais, do ambiente e os efeitos sonoros dos combates são muito bem feitos. Algo bem bacana de citar é o idioma falado pelas tribos do jogo, toda comunicação é baseada no Protoindo-europeu uma língua morta usada a cerca de 500 anos atrás.
Como existem três tribos no jogo, a Ubisoft fez com que diferenças entre cada uma pudessem ser notadas, tornando cada dialeto único, algumas palavras também foram adaptadas para poder gerar diálogos mais consistentes.
Far Cry Primal é aquele famoso jogo “oito ou oitenta”, para quem vem acompanhando a série desde o começo, vai pegar um jogo excelente, com jogabilidade e ambientação fantásticos, mas que em termos de novidade pode ser taxa como só mais um Far Cry.
Para mim e para outros que pouco contato tem com a série, é um prato cheio em termos de diversão e jogabilidade empolgante, com missões diversificados e um mundo que reserva alguns surpresas boas e outras digamos que, perigosas.
Far Cry Primal no meu conceito é ao lado do terceiro jogo e do spin-off Blood Dragon, um dos melhores da série.
Far Cry Primal foi lançado no PC, PlayStation 4 e Xbox One. Análise feita a partir de uma cópia da versão PS4 cedida pela assessoria de imprensa da Ubisoft Brasil.