Análise Final Fantasy VII Rebirth (PS5)

Final Fantasy VII Rebirth é o jogo mais certeiro da franquia, maior e melhor que o Remake e entrega mais do que os fãs esperavam.

Final fantasy VII Rebirth

Não é segredo pra ninguém que Final Fantasy é a maior franquia de RPG dos videogames. E, para muitos, o ponto alto dessa série é justamente o capítulo 7 que foi lançado ainda no primeiro PlayStation. O título marcou a transição dos jogos em 2D para 3D e o visual que hoje achamos ultrapassado foi uma revolução para o estilo que. além de personagens mais trabalhados, permitiu uma série de cenários mais detalhados. Tanto que o jogo ocupava o espaço de 3 discos de CD, um avanço insano quanto aos anteriores de Super Nintendo ou qualquer jogo de Nintendo 64.

Cloud

O status que o jogo atingiu não foi só pela grandeza técnica. Os personagens do jogo são icônicos e por mais de duas décadas foi possível ver referências de Cloud, Tifa, Barret e cia na cultura pop, seja em outros jogos ou até em eventos de cosplay, tatuagens e etc… Além de mangás, filmes e diversos spin-offs oficiais (e não oficiais) que foram derivados.

A Square Enix, não só respeitou o legado do jogo original, como expandiu todo esse universo em novos jogos. Dessa vez Final Fantasy VII não é apenas um jogo, mas três! O primeiro, Final Fantasy VII Remake (2020) foi um grande sucesso de público e crítica, abrindo portas para uma continuação ainda maior.

Cait Sith
Cait Sith

Agora em 2024, a desenvolvedora japonesa, lança Final Fantasy VII Rebirth, o segundo capítulo da trilogia. O jogo, até então, é o maior de toda a franquia. E expandiu muito os eventos do jogo original, como inseriu diversas atividades, minigames e cenários para a exploração. Entregando para o jogador, além de mais de 100 horas de conteúdo, uma maior imersão nesse universo e nas relações entre os personagens.

A história começa exatamente onde o “Remake” acabou, Cloud, Tifa, Barret, Aerith e Red XIII procuram salvar o mundo da exploração sem medida feita pela Shinra, enquanto a própria Shinra os procuram. Muitos eventos importantes não posso revelar pois seriam spoilers do primeiro capítulo. Rebirth começa com uma breve recapitulação dos fatos já acontecidos e logo imerge em lembranças de Cloud e Tifa do tempo da adolescência deles e em como se aproximaram de Sephirot, o (suposto) grande vilão do jogo.

Além dessa recapitulação original, em diversos momentos a narrativa abre espaço, seja em missões principais ou secundárias, para contar um pouco da jornada de cada personagem, tanto desses originais quanto de novos parceiros que vão entrando no time. Existe também um sistema de afetividade que mostra o quanto Cloud está mais próximo dos seus amigos, que reage da forma que você interage com eles.

Scarlet

Rebirth evolui muito em relação ao seu antecessor quando o assunto é a exploração. Diferente da primeira parte onde, praticamente, só tinhamos as cidades com eventos interessantes, agora os mapas são bem mais vivos. A estrutura de “mundo aberto” do jogo não cabe no sentido literal dessas palavras. Os cenários são extensos, com várias missões paralelas e áreas de exploração, com pontos de ligação entre eles. Mas durante boa parte da jornada você é obrigado a “permanecer” no cenário onde está acontecendo a missão principal atual, não podendo retornar ou avançar livremente.

Já em relação a gameplay de batalhas, não tivemos quase nenhum avanço, o que não é uma reclamação, já que o sistema já era de altíssimo nível. A forma como o jogo lida com a ação e o “sistema de turnos” acontecendo ao mesmo tempo é extremamente satisfatório quando o jogador domina. O personagem pode correr, atacar, esquivar e se defender livremente, mas precisa esperar algumas barras específicas encherem para usar uma habilidade especial, magias, itens e outros ataques potentes como o por sinergia, “limite” e invocações. É um pouco confuso para iniciantes, até por isso o Remake vai colocando esses recursos aos poucos durante a campanha, mas no novo capítulo é, quase tudo jogado desde o início, mas quem jogou a primeira parte vai tirar de letra rapidamente.

Menu de equipamentos e matérias
Menu de equipamentos e matérias

E como todo bom jogo de RPG, Final Fantasy VII Rebirth, permite utilizar uma série de equipamentos com características diferentes, que podem melhorar atributos do personagem e abrir espaços para acoplar “matérias”. Essas matérias são esferas com muita energia acumuladas que podem conceder ao personagem ataques elementais (gelo, fogo, energia, vento e etc…) ou vantagens como mais vida, mana, resistências entre outras coisas.

Um novo sistema de arvore de habilidades foi criado, permitindo aos jogadores mais nerds criar e experimentar diversas builds distribuindo os pontos de experiência que vamos acumulando na jornada. O modo é bem auto explicativo e com uma interface simplificada que não exclui os jogadores casuais que vão distribuir esses pontos de maneira quase aleatória.

Mapa de Habilidades
Mapa de Habilidades

O tempo de jogatina é estendido em muitas horas pois o título contem diversos minigames, alguns muito bons e outros nem tanto. No meu caso, o que mais me chamou a atenção e me deixou completamente viciado é o Queen’s Blood. Um jogo de cartas que é disputado em todas as cidades e vilarejos. Além de um sistema muito bem feito e adversários com boa inteligência artificial, em alguns pontos existem desafios de quebrar a cabeça para a maioria dos jogadores. A maioria dos minigames são interessantes, a exceção é o de tocar piano que é uma das coisas mais grotescas que vi nos últimos anos.

Minigame de tocar piano
Minigame de tocar piano

O maior ponto negativo em relação aos minigames é a forma como alguns são colocados. Diversos deles são essenciais para a história progredir, obrigando o jogador a fazer atividades menos interessantes e repetitivas. Perdi um bom tempo em Costa del Sol fazendo esses jogos chegando a ficar bem maçante. Acredito que a grande maioria dessas atividades poderiam ser missões paralelas permitindo ao jogador escolher se e quando completá-las, num sistema parecido ao excelente Like a Dragon: Infinite Wealth lançado a pouco tempo e que, pra mim, se tornou uma referência nesse quesito.

O visual de Rebirth é espetacular. Existem muitas críticas na internet ao desempenho, que comentarei mais pra frente, mas o jogo é lindo. A Square, obviamente, não busca o realismo nessa franquia, permitindo aos personagens serem próximos o suficiente aos humanos reais, mas terem características fantasiosas combinando com a personalidade de cada personagem. Os modelos dos personagens são incríveis e fica claro os detalhes seja de pele, cabelos e roupas em cenas em que estão próximos da tela.

Cloud em um reator desativado
Cloud em um reator desativado

Os cenários são muito bonitos e com uma direção de arte de muito alto nível, a escolha de iluminação, tanto artificial, quanto natural é de muito bom gosto, mesmo que não seja realista como a moda vigente. Por outro lado existem problemas nas vegetações que quase sempre são duras, não parecendo “sentir” os personagens e também há texturas de baixa resolução em alguns pontos que acaba destoando do resto do jogo.

Mas então o jogo foi massacrado injustamente na internet? Podemos dizer que as críticas são um pouco exageradas mas o desempenho, de um modo geral, passa a sensação que poderia (talvez deveria) ser melhor. Experimentei os dois modos (priorizando gráficos ou desempenho) e nenhum dos dois consegue manter uma taxa de quadros estável. Curiosamente, o modo “desempenho” é quem tem um desempenho pior. Apesar de tentar atingir os 60 frames por segundo, o que permitiria uma fluidez maior, a sensação é de que essa taxa de quadros varia muito, passando uma sensação que o jogo alterna em entre as coisas acontecendo rápidas ou lentas de uma hora pra outra.

No modo gráfico os problemas diminuem e assim que eu recomendo que seja jogado. A resolução mais alta traz mais nitidez, sumindo boa parte dos borrões e a taxa de quadros fica quase estável em 30 fps. Infelizmente é “quase”, em alguns momentos aparenta cair e deixar o jogo bem travado. Muitos jogadores nem vão se incomodar pois isso sempre foi uma constante nos consoles, mas contraria toda a propaganda que as empresas, não só a Sony, fez no lançamento da geração. E temos que lembrar que o jogo é um exclusivo e, dessa vez, sai apenas para o PlayStation 5, um único hardware para ser otimizado.

Sephirot

Vale a pena? O quão bom é?

Final Fantasy VII Rebirth é incrível. É, quase, obrigatório aos fãs da franquia. Mesmo com seus poucos problemas, o jogo entrega uma experiência muito acima da média para o jogador seja em história, visual e gameplay. Os personagens são muito carismáticos e dessa vez são bem mais aprofundados. O sistema de batalhas é um dos melhores que eu já joguei e atingiu um meio termo muito satisfatório para quem é fã de jogos por turnos, mas sem desprestigiar quem gosta de uma boa porradaria.

O jogo traz algumas mudanças na narrativa do jogo original abrindo possibilidades e dúvidas em como a sequência ira terminar essa história. Faz jus as premiações que recebeu como jogo mais esperado de 2024 ao mesmo tempo que gera uma nova expectativa para o próximo episódio que ainda não tem data confirmada.


Jogamos Final Fantasy 7 Rebirth graças aos nossos parceiros da Nuuvem e você pode adquirir o game com eles clicando aqui. Por ser um exclusivo, o título está disponível apenas para o Playstation 5.