Análise Fort Solis (PS5)

Uma boa premissa e um elenco estelar não foram capazes de salvar Fort Solis quando ele mesmo não soube onde queria chegar.

Fort Solis

Jogos focados em narrativa são velhos conhecidos e, em muitos casos bem-vistos e cobiçados, por muitos jogadores. Apesar da falácia de que esses games são “filminhos”, isso não se justifica a meu ver, já que algumas das melhores experiências que tive foi através de Heavy Rain, um jogo do mesmo estilo, que possui uma imersão e narrativa pouco vista.

Mas, uma coisa é fato: este gênero pode ser uma armadilha caso a história, personagens e diálogos não caminhem juntos pois, se alguns destes pontos ser insuficiente, a experiência pode se tornar entediante ou repetitiva. Mas, aonde que Fort Solis, desenvolvido pela Fallen Leaf Studio em parceria com a Black Drakkar Games e distribuído pela Dear Villagers, se encaixa?

Estamos em 2080

Sob o controle o controle de Jack Leary, um engenheiro que está em Marte com uma grande tripulação, no seu último dia de trabalho antes das férias e em breve a caminho de casa, nos vemos em situação inesperada: sobreviver uma última noite.

Jack em Fort Solis

Tudo segue a normalidade até que durante um trabalho junto de sua amiga Jessica, ele recebe um chamado de emergência de dentro da base. Ao chegar no local, percebe que todos desapareceram e tudo indica que algo ruim está acontecendo.

Fort Solis tem como base o suspense investigativo, onde você terá que descobrir o que está acontecendo e onde todos foram parar. Algo positivo que logo me chamou a atenção, é a fuga do genérico renunciando à ameaça “alien”, que achava que o jogo teria. Ele aposta em uma trama política e pessoal, onde os acontecimentos foram motivados por princípios e ideias diferentes.

O jogo possui quatro capítulos e uma curta duração sendo objetivo, não enrolando muito para que a trama possa se desenvolver, e, que, o jogador, possa ser rapidamente introduzido naquele mundo, para que essa jornada possa se iniciar.

Estrutura problemática

Apesar de uma proposta interessante, Fort Solis se embola demais como jogo vídeo game. A sensação de estar vendo um filme infelizmente é presente em muitos momentos. Isso porque como disse antes, jogos focados em escolhas e imersão, precisa ter um alto nível de cuidado sua estrutura para que todos seus membros caminhem juntos.

Corredores escuros e potencialmente perigosos

Minha experiência foi complicada. Hora me via imerso, hora só queria que acabasse. Isso porque tudo que está diante de nossos olhos se amealha a algo que fui convidado a assistir e não jogar. As pouquíssimas vezes que você terá que apertar algum botão não fazem diferença nenhuma. Suas escolhas ou as coisas que você encontra, não possuem significado nenhum. Tudo está ali somente para ser visto.

Por mais que você explore a base, tudo só serve para dar contexto a história, que não irá mudar independente de suas ações. Creio que o jogo se perdeu naquilo que queria ser, e acabou não sendo um jogo. Basicamente em toda duração, você irá somente apertar para frente, ler documentos e assistir a vídeos.

Fort Solis

E isso é uma pena, porque o jogo consegue inserir você muito bem naquele mundo e graças a sua narrativa intrigante, eu me senti muitas vezes tenso e completamente envolvido, mesmo que sua estrutura fazia de tudo para me tirar.

Sinto que grande parte de meu envolvimento, foi causado pelo excelente elenco de dubladores que o jogo possui. O protagonista Jack é dublado por Rogger Clark (Red Dead Redemption 2), Jessica por Julia Brown (Atriz de O Último Rei) e Dr. Wyaat por Troy Baker (The Last of Us), que mais uma vez dão um show. Claro que os bons diálogos escritos pelo time de desenvolvimento ajudam e muito, mas não há dúvidas que a interpretação destes atores deu uma vida maior não somente para seus personagens, mas para tudo para que nele há.

Um desabafo

Um último ponto que me irritou do início ao fim da jornada, é o fato do personagem não correr, na verdade, ele nem anda rápido, seu movimento é sempre aos passos de tartaruga, também nos momentos de pegar determinados objetos.

Depois de um perídio de jogo eu entendi que correr, faz parte da estrutura, de ser algo disponível em momentos que o personagem estiver em apuros, mas pelo fato de que você em muitas vezes, precisa se locomover de um lado para outro, e não poder nem mesmo acelerar o passo, nem que seja um pouco, é algo que me deixou muito frustrado e, se tratando de uma geração que não possui paciência para nada, com certeza irá deixar muitos jogadores irritados já nos primeiros 30 minutos.

Fort Solis

Sinto que ao não deixar o personagem correr, foi um meio que eles encontraram de tornar o jogo mais longo. Mas definitivamente, isso não funcionou.

Unreal Engine 5

Fort Solis é mais um dos jogos desenvolvimentos na poderosa engine da Epic Games, que novamente, não mostra tanta qualidade, pelo contrário. Novamente o motor gráfico não impressiona seja na modelagem de personagem, ambientação ou iluminação.

Unreal Engine 5 fazendo um belo trabalho

Claro que o morto gráfico é novo e os times de desenvolvimento ainda estão aprendendo a trabalhar com ela. Mas a engine apresenta bugs sonoros, de sombra e objetos nos cenários.

De forma bem objetiva, apesar de sua exclusividade de nova geração, não prova a necessidade do console.

Em Português do Brasil

Como de costume em todos os meus textos, eu sempre destaco o fato dos jogos, nem que seja de produtoras independente, sejam disponibilizados em nossa língua, e, Fort Solis não faz feio. O jogo está completamente localizado até mesmo nas interfaces dentro do jogo.

Vale a Pena?

Apesar da minha experiência ter sido repleta de oscilações, o saldo que ficou após o término do jogo foi salgado.

Durante todo jogo, eu sempre fiquei com uma sensação de que em algum momento o jogo iria mudar, e atender nem que fosse de forma mínima, as minhas expectativas, mas Fort Solis não consegue chegar lá para mim. Isso não quer dizer que ele não seja exatamente o que você espera. Questão de gosto pessoal mesmo.

Seu elenco estrelar e sua proposta interessante, não foram o suficiente de salvar a jogatina para mim tornando-o uma experiência completamente esquecível, provando que não são apenas filmes que conseguem desperdiçar grandes elencos com excessos ou falta de um tempero especial.


A análise de Fort Solis foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo. Também disponível para Microsoft Windows.