Análise Gears Tactics (PC)
Gears Tactics inova trazendo o gênero estratégia em turnos para a série mas fica no básico bem feito se comparado aos concorrentes, o destaque fica mais uma vez para a história.
Depois das boas mudanças tanto em gameplay como no rumo da história de Gears 5, os fãs da série estavam se perguntando qual seria o próximo passo da The Coalition e da Xbox Game Studios, as responsáveis pelo jogo, no futuro dessa história de soldados em grandes armaduras, mas cheia de emoção e surpresas.
Num movimento bastante inusitado, Gears Tactics teve seu primeiro trailer revelado em 2019 durante o The Game Awards e foi lançado no dia 28 de abril de 2020 no PC através da Microsoft Store e do Xbox Game Pass. Diferente de tudo o que já havíamos visto da série de jogos de tiro em terceira pessoa, Gears Tactics faz uso do principal elemento usado pelos soldados em combate: a estratégia.
Mesmo sem inovar neste gênero que já é bastante conhecido e tem competidores de peso, a combinação funciona e faz jus aos jogos anteriores.
Tactics
Gears Tactics é um jogo de estratégia em turnos ambientado no mundo de Gears, trazendo aos fãs da série cenários e personagens já conhecidos, porém bebendo da fonte do sucesso da série XCOM (reboot de 2012), onde a câmera isométrica te coloca num combate alternado entre ações dos se esquadrão e os inimigos da ameaça Locust. Somos apresentados a uma espécia de velha conhecida maneira de jogar o jogo, já que a famosa cobertura completa ou parcial, finalizações com a Lancer, ataque de baioneta e os truculentos soldados da Coalizão dos Governos Ordenados (CGO ou COG), estão ali mais uma vez.
Pra quem já é fã do gênero, não tem muito mistério em explicar como o jogo funciona. Diferente dos demais jogos da série, ou ainda do mais recente, com seu mundo aberto, em Gears Tactics cada cenário é uma missão diferente com objetivos pré-definidos para avançar na história do jogo e sem muita possibilidade de exploração, além de alguns objetivos extras. Para iniciar uma missão, você deve selecionar dentro do menu de história do jogo dentre as disponíveis, estas podendo ser missões de história ou missões secundárias, que irão lhe garantir mais itens e até membros para o seu esquadrão.
As missões principais apresentam algumas regras para serem completadas e até mesmo jogadas, como a utilização de determinado personagem ou ainda, o retorno deste vivo.
Uma vez levado a missão, você estará em algum ponto da história da série Gears onde deverá cumprir alguns pré-requisitos para vencer, dentre as mais comuns, que se repetem algumas vezes, está avançar até determinada área, derrotar os inimigos que encontrar no caminho, liberar soldados presos pelos Locust, encontrar caixas com itens especiais, se preparar para a segunda onda ofensiva dos inimigos e retornar ao ponto de extração.
O ponto alto fica em como o jogador vai lidar com as ondas de inimigos uma vez que, apesar de ser um jogo de estratégia, carrega em sua essência a mesma ideia dos demais jogos da série onde para vencer um grande número de inimigos, nada melhor que força bélica.
Retro Lancer ou Lancer GL?
Apesar de se vender como um jogo de estratégia e trazer novidade para a série Gears, muita coisa daquilo que já estamos cansados de ver nos demais jogos, está ali. E quando digo cansados, não digo num sentido pejorativo, pois muito do sucesso da série se da por aplicar bem aquilo que se propõe, porém, como jogo de estratégia, isso não funciona muito bem.
Se por um lado a ideia é pensar ainda mais de maneira tática, sendo necessário planejar as ações de cada personagem a cada turno, e adaptá-las conforme as ações dos inimigos no turno seguinte, em determinados momentos o jogo deixa o fator inteligencia de lado e te coloca simplesmente numa trocação franca contra um número de inimigos duas, até três vezes maior que o seu esquadrão.
Você se vê simplesmente colocando seus personagens para atirar seguidas vezes, lançar granadas para eliminar inimigos aglomerados e usando ações preventivas para evitar que estes cheguem perto de algum personagem seu e o incapacitem de atirar. E bom, ainda que isso falhe e um personagem seu seja impossibilitado de agir, basta usar outro para mais uma vez, atirar.
Nesse momento você se depara num dilema entre aceitar as novidades e a nova proposta, ou abraçar aquilo que você já conhece e que sempre funcionou. Ver seus soldados eliminando as ondas de inimigos conforme estes tentam avançar em sua direção é uma sensação única, mas se sentir uma espécie de super estrategista de combate é tão, se não mais ainda satisfatório.
A implementação de ambas as abordagens em Gears Tactics soa como se o jogo tivesse sido feito em partes pelos fãs da Retro Lancer, em parte pelos fãs da Lancer GL.
Diaz
Uma boa surpresa de Gears Tactics é sua história bem contada e totalmente dentro da linha do tempo da série. Se o seu concorrente direto, XCOM, se destaca tecnicamente, Gears Tactics te prende com seus personagens icônicos e ambientação nada nova mas única de quem está lutando contra a ameaça Locust mais uma vez e vivenciando tantas as emoções desse embate.
A história do jogo é toda vista da perspectiva de Gabe Diaz, o pai de Kate Diaz, a protagonista de Gears 5, e se passa antes dos eventos do primeiro Gears of Wars.
O que presenciamos logo de cara é o caos decorrente do Emergence Day, o fatídico dia em que os Locust declaram guerra aos habitantes do planeta Sera, o Martelo da Aurora é usado pela primeira vez e vemos o desenrolar do conflito que destrói boa parte do planeta.
A missão principal de Diaz e seu esquadrão é encontrar e eliminar Ukkon, um cientista Locust que está realizando diversos experimentos e criando inúmeras criaturas para servir na guerra contra os humanos.
Pelo fato do jogo ter uma história bem amarrada e com personagens pré-definidos, não é possível falhar uma missão ou perder um destes personagens chamados de “heróis” e seguir para a próxima, como em XCOM. Em Gears Tactics, caso um herói morra, a missão falha e você deve jogá-la novamente.
Além de Diaz, também faz parte do seu esquadrão Sid Redburn, e este também deve sobreviver as missões. Os demais personagens do seu esquadrão são soldados genéricos cuja importância na história é quase nula, podendo estes morrer e serem substituídos a qualquer momento.
Conforme você avança na história do jogo, Diaz e Sid também avançam e ganham novos itens para sua armadura e diversas habilidades únicas que os tornam muito mais forte que os demais soldados e acabam deixando todo o protagonismo também nas batalhas, com estes.
Menos é mais
Gears Tactics traz uma coisa por várias vezes solicitadas nos demais jogos da série: customização.
Conforme citei anteriormente, você avança nas missões, sendo estas da história ou secundárias, e conforme as completa consegue baús e itens que podem ser usados para personalizar e melhorar as habilidades dos seus personagens.
A customização aqui é menos cosmética e mais prática, pois os itens encontrados são partes de armadura e armas que melhoram seus pontos de status, a precisão dos tiros, quantidade de balas antes de ser necessário recarregar entre outros. Estas melhorias, aliadas aos pontos de habilidades ganhos conforme o jogador avança, te fazem avançar sem muita dificuldade no jogo.
Se por um lado, são poucos e bem direcionados os itens de customização, estes cumprem seu papel e combinam com o objetivo do jogo que é dar ao jogador mais opções durante o combate.
Infelizmente, não será dessa vez que veremos os truculentos soldados da Coalizão com armaduras das mais inusitadas cores e cabelos dignos das celebridades do POP.
Happy World
Diferente da trilha Mad World, que ficou conhecida por retratar a atmosfera dos três primeiros jogos de maneira única, aqui não existe motivos para tristeza e melancolia.
Gears Tactics é mais um competente jogo da série, recomendadíssimo tanto para quem é fã e quer ver mais esse capítulo da história, mas também para aqueles que estão se aventurando agora em jogos de estratégia em turnos, sendo no geral mais fácil do que XCOM porém com o tom certo de desafio e com carisma peculiar.
O jogo está dublado em português e foi muito bem adaptado para o nosso idioma, com falas e trocadilhos muito pertinentes ao nosso idioma, mas também a maneira em como os soldados se comunicam entre si, sem papas na língua pois o inimigo em questão não é flor que se cheire.
A análise de Gears Tactics foi escrita com base em uma cópia de PC gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.
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