Análise Goat Simulator 3 (PS5)
Goat Simulator 3 chega a sua terceira edição mostrando que não é preciso saber contar para aproveitar os jogos caprinos da Coffee Stain Studios.
Quando Goat Simulator 3 foi anunciado na Summer Game Fest deste ano uma pergunta ecoou pelas diversas retransmissões do evento na internet, levando streammers e jornalistas — mais confusos do que de costume — a se questionarem: “Ué, nem sabia que havia saído Goat Simulator 2. Quando ele foi lançado?”
Essa é a piada. Ele não foi, talvez nunca venha a ser ou quem sabe — e melhor ainda — um dia ainda seja lançado apenas para causar tanta confusão quanto o seu personagem principal, Pilgor, em seu retorno mais caótico aqui em Goat Simulator 3.
Ainda falando do não parido Goat Simulator 2, a possibilidade de um DLC no futuro com esse nome também não seria uma travessura nada fora do comum para a Coffee Stain Studios.
Mas já aviso: vocês leram essas ideias aqui primeiro e se o estúdio implementar algo parecido esperem notícias do meu time de advogados.
Ameaças legais feitas, vamos ao jogo.
Goat Simulator 3, assim como o primeiro game, não foca seus esforços em simular nada além de caos e destruição misturado a uma boa dose de bom-humor, física desengonçada e centenas de referências/críticas a outros jogos e à cultura pop em geral.
E se para mim e milhões de jogadores isso já bastaria, existem algumas novidades que, com certeza, vão atrair mais jogadores para essa armadilha, como um modo história e um multiplayer cooperativo para até 4 jogadores (local ou online).
Embora essas duas novas adições sejam opcionais elas acrescentam um valor a mais ao título. Eu não sou o cabra do online, mas os 7 mini-games competitivos disponíveis para esse modo basicamente transformam o jogo em um party game maluco e muito divertido, coisa que só podia ser alcançada localmente no primeiro Goat Simulator.
Ou seja, se antes as pessoas precisam vir até sua casa, agora em Goat Simulator 3 cada um pode jogar no conforto de sua própria residência. Graças à Deus não estamos mais em 1990.
Já o modo história, embora ele faça o sentido da palavra ser quase totalmente deturpado, se resume ao conjunto de várias pequenas missões e atividades — quase nunca interligadas ou lineares — que aumentam o nível do seu Castelo de Cabra e o seu ranking dentro da hierarquia Illuminati, o que libera novos segredos, cosméticos e poderes.
E se o parágrafo anterior pareceu uma crítica sinto informar que eu deliberadamente te enganei com minha escolha de palavras. Ele é um baita elogio.
Veja bem, assim como você, caro leitor, adoro uma história envolvente, densa, cheia de camadas e reviravoltas, afinal sou adepto do videogame arte. Por outro lado, obviamente, não busco isso em um jogo sobre Cabras Illuminati cujo objetivo é agredir todas as Leis da Física possíveis e imagináveis, afinal também sou versado no videogame moleque.
E Goat Simulator 3 é sobre a arte de não se levar a sério. Sobre como transformar o mundo no seu Parque de Diversões. E também um jogo sobre caos e destruição.
Ou seja, basicamente um Just Cause, só que bom, com bugs propositais e engraçado.
Confesso que jogos de mundo aberto como um GTA V da vida que me dão muita liberdade para fazer o que quiser não conseguem capturar minha atenção por muito tempo. Rapidamente canso das suas atividades, mesmo que elas sejam super interessantes. Pegando esse mesmo exemplo, já comecei GTA V ao menos umas cinco vezes, em duas plataformas diferentes, e nunca joguei mais do que algumas horas.
Mas a aleatoriedade nonsense e boba de Goat Simulator me mantem engajado por muito mais tempo. E talvez por estar mais refinado, diverso e agora em uma cidade muito maior, Goat Simulator 3 conseguiu me fazer ficar colado ao sofá por um tempo provavelmente nada saudável.
Todo novo segredo descoberto ou referência encontrada me faziam apontar para a tela como o personagem de Leonardo DiCaprio em Era Uma Vez em Hollywood. E isso só me fazia querer achar o próximo.
Um ciclo viciante que me fez encontrar mini-games inspirados em Wolfenstein 3D, Counter Strike e no Playable Teaser, P. T. — do hoje autodenominado desenvolvedor indie Hideo Kojima —; referências a jogos da Ubisoft, com seus pontos de sincronização; à Bethesda, com o uniforme de Fallout e o capacete de The Elder Scrolls V: Skyrim como itens cosméticos; além de homenagens a filmes como Indiana Jones, Missão Impossível, Star Wars e Mad Max: e séries como La Casa de Papel, para citar alguns que lembro de cabeça.
Tentar liberar todas as customizações (ou a maioria delas) também absorveu horas consideráveis do meu dia e prejudicou bastante minha convivência familiar — mas fique tranquilo, está tudo bem agora (Eu espero).
Ser uma Cabra confusenta é bem legal e libertador, mas poder ser uma Banana gigante dançante e com cara de psicopata foi melhor ainda. E se ela usar um máscara furrie e um tutu de balé espere causar pesadelos nos só nos moradores de San Angora, como também em você mesmo.
Além da nossa amiga amarelinha você pode também ser um Tubarão de skate, chamado Tony Shark (risos); um Rinoceronte; um Porco; um Espantalho, uma Girafa e mais.
Além das formas, existem mais de 350 acessórios e roupas para serem liberados, alguns com efeitos que causam modificações na jogabilidade, alteram o ritmo do jogo e o tornam exponencialmente mais caótico e, consequentemente, bem mais divertido.
Vale a pena?
Se você gostou do primeiro jogo ou dos seus DLCs, Goat Simulator 3 não vai te desapontar.
Ele melhora tudo que seu antecessor fez, se livra de alguns excessos e cria novos, mas de uma forma mais natural, com uma jogabilidade mais responsiva, um mapa gigantesco e várias atividades para os complecionistas e trophy hunters, como eu, arrancarem os cabelos.
E se os desenvolvedores uma vez rotularam o primeiro game como o jogo mais idiota do mundo, Goat Simulator 3 cumpre com louvor o papel de elevar esse legado a patamares que Goat Simulator 2 jamais conseguiria alcançar.
A análise de Goat Simulator 3 foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Disponível para PlayStation 5, Xbox Series e Microsoft Windows.