Análise Hellblade: Senua’s Sacrifice
Hellblade coloca você dentro da mente sobrecarregada de sentimentos perturbadores de Senua, uma guerreira disposta a enfrentar o inferno viking com todas as suas forças para se libertar de um background de atrocidades.
Poucas vezes tive sensações tão profundas em um jogo como em Hellblade: Senua’s Sacrifice. Conduzido pelas motivações da personagem Senua, o novo título da Ninja Theory, desenvolvedora daquele Devil May Cry descolado, proporciona experiência narrativa cuja delicadeza delirante é de uma intensidade impressionante.
Em muitos momentos foi preciso pausar e retirar o fone de ouvido para resistir ao peso psicológico do jogo. Fui transportado para dentro da realidade de Senua de um jeito difícil de se libertar. Poucos minutos pareciam uma eternidade, e a cada pausa, sabia que voltaria, mas o cansaço mental da coisa me fazia querer recuar. A experiência penetrante atinge você como uma pedra, fazendo suas percepções desnortear.
Dentro da mente fragmentada de Senua, você estará sujeito à brutalidade do inferno viking, sendo obrigado a enfrentar seres perversos, e o que talvez seja seu maior inimigo, sua própria percepção das coisas. Senua tem psicose, e como portadora da doença, sofre com suas consequências. A personagem ouve e ver coisas além do seu controle, desencadeando distúrbios mentais constantes.
A angústia de Senua é profunda ao extremo, e você, como manipulador dos seus movimentos, à conduz com certo apreço. A sensação de controlar a personagem é de uma vida e motivações em suas mãos. Impressionante trabalho de imersão alcança do pela Ninja Theory, não há dúvidas.
Em termos de experiência jogável, Senua’s Sacrifice propõe algo voltado para a exploração, solução de puzzles, e ao decorrer de ambos, combates contra seres maléficos. A exploração, em boa parte dos momentos é monótoma pela básica interação com os cenários, mas funcional quando apreciada. No que diz respeito a dificuldade dos puzzles encontrados, nada muito complexo, mas está longe de ser entediante graças ao conceito dinâmico da coisa. Quanto aos combates… UAU! Cada confronto é de tirar o fôlego por causa dos movimentos deliberados na medida certa.
Os combates são baseados no seu tempo de resposta contra as ações dos inimigos, e exigem percepção apurada. A movimentação de Senua e dos inimigos é de uma precisão admirável. Você sente cada movimento independente de onde e como ele vem, sendo recompensado por um dinamismo realista incrível. Apesar dos inimigos não compartilharem do mesmo conceito de movimentação de Senua, e serem um tanto previsíveis, seus movimentos conseguem conduzir os combates muito bem.
Visualmente Hellblade: Senua’s Sacrifice impressiona, suas texturas tiradas do mundo real e efeitos de iluminação impactantes constroem toda a atmosfera inquietante do jogo, difícil não se pegar apreciando o deslumbre da coisa. Quanto aos sons, os mesmos são apenas responsáveis por uma parcela enorme da experiência proporcionada. A inteligente utilização do recurso de som 3D binaural faz você se sentir dentro do jogo desde que possua um fone de ouvido competente. Sentir de onde vem e compreender o que cada som representa é surpreendente.
Hellblade: Senua’s Sacrifice é um jogo que te toca de jeito ou de outro. A narrativa de muitas camadas desperta um turbilhão de sentimentos. Estar na pele de Senua é algo único, que deve ser apreciado e preservado. Talvez entrar em mais detalhes não seja justo com você que ainda não se envolveu com esta experiência cheia de descobertas sobre a mente de uma pessoa tão complexa. Viva a experiência!