Análise Horizon Chase Turbo (PlayStation 4)

Aquiris Game Studio produziu uma incrível releitura de Top Gear, talvez o jogo de corrida mais celebrado da geração 16-bit cujo sucesso durou anos.

Quanto vale uma memória? Uma lembrança querida tem preço? Ainda que perguntas como essas existam para não possuir resposta, a provocação é válida ainda assim uma vez que vivemos a eterna corrida pelo passado perdido. A indústria está pronta para atender jogadoras e jogadores que buscam o conforto das memórias do passado e o estúdio gaúcho Aquiris Game Studio produziu uma obra que provoca aquelas memórias (completamente) associadas a Top Gear, talvez o jogo de corrida mais celebrado da geração 16-bit. Publicado pela japonesa Kemco em 1992, o jogo de corrida arcade se espalhou pelo Brasil como um hit de carnaval mas seu sucesso durou anos.

Lançado primeiramente para dispositivos móveis sob o título Horizon Chase (2015), o relançamento que ocorreu agora em maio de 2018 recebeu muito merecidamente o nome Horizon Chase Turbo, e apesar de não se tratar de um produto novo, as melhorias são muitas – agora é possível jogar em tela dividida! Talvez seja injusto comparar um jogo de celular com um produto lançado no Playstation 4 e PC, mas as semelhanças garantem que a comparação não é tão descabida assim, um pouco como ocorreu com PUBG Mobile que percorreu o caminho inverso – do PC para os celulares.

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O velho Top Gear.

Too Much, Too Young, Too Fast

A Aquiris basicamente recriou Top Gear em Horizon Chase Turbo com suas principais características: mecânicas simples, curvas rápidas e até os carros dos oponentes que parecem ser feitos de tijolo e reboco. Antes de cada corrida podemos escolher um dos carros disponíveis – começamos com dois – que serão desbloqueados conforme acumulamos pontos nas pistas. Para atingir o maior número de pontos possível é necessário não apenas chegar em primeiro lugar, também é necessário coletar todas as fichas que estarão espalhadas pelas pistas. Isso garantirá um super troféu e o máximo de pontos que depois serão usados para desbloquear novos carros e permitirá acessar novos países. Acessórios e aprimoramentos para os carros também são conseguidos com vitórias em pistas especiais.

O sistema de pontuação se prova adequado conforme avançamos nos países e corremos em pistas cada vez mais complexas. As competições não são longas (de 3 a 5 voltas) mas pode ser bem difícil chegar em primeiro lugar o que poderia acarretar 2 problemas: jamais voltar a uma corrida por falta de incentivos ou ficar preso em um circuito sem poder avançar. O sistema do jogo permite que você avance ao alcançar determinada pontuação – independentemente da posição nas corridas – e caso um país novo esteja bloqueado, é sempre possível correr em pistas anteriores e conseguir pontos em corridas mais fáceis, completando assim dois objetivos: a conquista completa dos pontos em um país e o desbloqueio dos próximos desafios.

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Antigo mapa panorâmico do Horizon Chase para celulares.

Uma novidade é que se na versão móvel as localizações geográficas eram exibidas enfileiradas numa tela como um quadro horizontal, agora estão apropriadamente organizadas numa réplica do planeta e que dá nome ao principal modo de jogo de Horizon Chase Turbo chamado Volta ao Mundo. Além desse modo – que também pode ser jogado em tela dividida para até 4 jogadores – existe ainda o modo Torneio em que é possível correr pelas pistas de apenas um país e quem obtiver mais pontos, sobe ao lugar mais alto do pódio. Nesse modo, é possível escolher a dificuldade dos oponentes. Uma mudança bem vinda é que, diferentemente do Top Gear original, não é necessário entrar em um Box para abastecer seu carro. Assim como as fichas de pontos, galões de combustível estão espalhados pelo circuito que também pode oferecer cargas extras de Nitro, além das três iniciais. É muita satisfatório jogar com basicamente os mesmos recursos do jogo de 1992, com o visual estilizado que a Aquiris conferiu a Horizon Chase Turbo.

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O novo mundo de Horizon Chase Turbo.

The Song Remains The Same

Sobre reviver a experiência do passado, o toque de mestre fica por conta da trilha sonora. Composta por ninguém menos que Barry Leitch , compositor daquelas músicas que eu aposto que você também tem guardadas aí na memória, as faixas são claramente evoluções dos temas originais, uma chuva de arpejos sintetizados que remetem imediatamente ao trabalho feito por Leitch  mais de 25 anos atrás. A trilha está tão bem conectada à original que no Brasil, o concerto Video Games Live executa um medley Top Gear/Horizon Chase.

Sim. Barry Leitch está no palco.

Não satisfeito em manipular nossas memórias, Horizon Chase Turbo joga ainda mais sujo e inclui uma das faixas originais refeitas como trilha de algumas pistas pra completar a bomba nostálgica. Não vou dizer qual é a faixa, mas não demora a tocar e quando tocou eu simplesmente fiquei boquiaberto. Eu não sei se essa música estava presente na versão do jogo para celulares – ela está no álbum da trilha oficial, no Spotify – e se não estava, é um presente e tanto pra quem decidiu jogar a versão completa. Uma jogada perfeita da Aquiris que agora conta em um de seus jogos com um dos compositores cuja obra rivaliza com David Wise e até Koji Kondo em termos de reconhecimento aqui no Brasil (infelizmente, Top Gear não obteve tanto êxito no resto do mundo como obteve aqui).

I Remember You

A onda de jogos retrô apresenta pérolas a cada título lançado. De Shovel Knight a Mario Odyssey, a indústria sabe brincar com nossa nostalgia e aposta nela pra agradar uma geração que cresceu com jogos em pixel. Nessa corrente de reavivamento de jogos clássicos Horizon Chase Turbo é um golpe certeiro na memória afetiva de quem viveu os 16bits. Título obrigatório pra quem gosta de desafio e disputas em tela dividida que certamente vai agradar uma geração inteira de jogadores.

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É possível reunir até 4 jogadores em coop local.
Diego Matias
Além dos reviews, escrevo no Riffs & Solos e faço vídeos com meu irmão no canal SuperContra. Passa lá!