Análise Hunt: Showdown 1896 (PlayStation 5)
Hunt: Showdown 1896, a versão atualizada do shooter de extração da Crytek, aproveita muito bem o poder do PlayStation 5 e está incrível na versão atualizada da CryEngine.
Hunt: Showdown 1896 é, na prática, uma sequência para o jogo original lançado em 2018 para PCs e em 2020 para os consoles Xbox One e Playstation 4. Apesar de ser virtualmente o mesmo jogo, ele pode ser considerado sequência porque, dessa vez, a Crytek deixa para trás os consoles da geração anterior graças à atualização do seu motor gráfico, a CryEngine, que o torna disponível apenas para os consoles Playstation 5 e Xbox Series X|S.
Para sinalizar essa nova etapa desse jogo serviço da Crytek, os desenvolvedores colocaram na mesa algumas novidades. Uma delas é um mapa novo que se passa em um novo bioma: enquanto os primeiro mapas tinham relação com os pântanos do sul dos Estados Unidos, (o terceiro mapa, DeSalle, já se distanciava daquele lugar) em Hunt: Showdown 1896, o novo cenário está localizado nas montanhas do estado do Colorado. Além do novo mapa e da nova localização geográfica, a atualização também apresenta um novo chefe do tipo “Wild Target”, chamado Hellborn.
A terceira adição relevante dessa atualização, é a repaginada na apresentação do jogo. O menu principal, a loja de armas, de caçadores e o modo como acessamos os equipamentos está diferente, o que foi motivo de bastante desapontamento para os jogadores mais antigos, especialmente os jogadores de PC que não economizaram esforço para fazer a sua voz ser ouvida nos reviews da Steam.
Também pudera. Imagine que aquele carro que você dirige há 4 anos, recebeu um motor novo e ele agora anda mais rápido, mas o volante está em outro lugar, a transmissão também e todos os outros elementos do painel foram movidos. Isso naturalmente deixa muita gente confusa, mas um carro não foi feito para a gente olhar o volante, os painéis e o câmbio, não é mesmo? Ele foi feito para a andar e nesse aspecto, a nova edição do jogo acerta muito, muito mesmo.
Avançando em direção ao passado
Na prática, as regras do jogo continuam as mesmas. Doze jogadores entram em um mapa de um quilômetro quadrado e precisam localizar os chefes, eliminá-los, bani-los e sobreviver para extrair com a recompensa. Como antes, todos os elementos dentro do jogo contribuem para atrapalhar o jogador na sua missão, inclusive, claro, os outros jogadores.
Vale ressaltar que o loop de gameplay de Hunt: Showdown sempre foi bastante satisfatório e viciante, porque os confrontos com as armas de época do velho oeste são brutais e todo arsenal é interessante e viável já que, “para quem sabe ler, um pingo é letra” de modo que quando você aprende as manhas e os macetes do jogo, o modo como todos os elementos interagem entre si e as informações que cada elemento do mapa, especialmente o som, passam para o jogador, somos capazes de transformar uma faca de cozinha na mais letal das armas, como esssa morte por arremesso de marreta:
Voltando a falar da atualização da Engine, o novo mapa se beneficia grandemente desse update. É perceptível como existem mais inimigos, mais zumbis, mais colmeias (chamo elas carinhosamente de Bruxas do 71), mais imoladores, mais armadilhas sonoras no mapa que é riquíssimo de detalhes. Cada trecho de solo, cada povoado ou fazenda é entranhado de detalhes que contam uma história de morte e decadência. A melhoria na Engine faz com que, na prática, o mapa que possui as mesmas dimensões dos anteriores pareça ter o dobro do tamanho. Os terrenos são muito mais acidentados, as construções têm múltiplos andares com diversas entradas e saídas. O mapa se espalha ao redor de uma montanha localizada bem ao centro, um labirinto formado por uma mina abandonada. Então, em cada partida, temos a sensação de percorrer muito mais terreno do que percorríamos nos três mapas originais.
Morte e vida no Colorado
Naturalmente, uma atualização desse porte também traz problemas. Inicialmente é possível ver que alguns itens não carregam imediatamente. Então, quando escolhemos uma faca ou uma granada, ela pode levar alguns segundos até aparecer de verdade na mão do nosso caçador. Uma bomba de concertina pode demorar alguns segundos até aparecer após ser arremessada e o mesmo ocorre quando as seguramos armadilhas para colocá-las no chão ou em outras superfícies. Esses problemas também estão presentes no novo menu do jogo. A escolha dos itens ficou confusa e é muito fácil substituir um item que você não queria em vez de acrescentar uma nova arma. É, eu ainda não me acostumei totalmente com a mudança.
Mas como eu disse, a experiência de Hunt: Showdown 1896 não acontece dos menus. Ela acontece dentro do novo mapa, Mammon’s Gulch, e essa experiência é, até hoje, inigualável. Mesmo já tendo contato com esse jogo há pelo menos quatro anos, comecei minhas partidas do novo mapa com receio de tudo e medo do que eu ia encontrar se eu corresse muito à frente. As áreas do novo mapa parecem ter muito mais perigo do que as anteriores, que eram bastante familiares para mim e onde eu já tinha facilidade para navegar. Em Mammon’s Gulch, a ideia original de que os caçadores não apenas são letais mas também são vulneráveis e cada passo em falso pode significar a morte deles é mais real do que nunca nesse novo lugar cheio de gravetos espalhados pelo chão (eles alertam animais e caçadores próximos), cheio de corvos esperando a sua presença para sair voando e gritando e cheio de cachorros que esperam pelo menor ruído para começarem a latir e alertar o mapa todo sobre a sua presença.
O novo alvo móvel, Hellborn, é uma espécie de imolador com esteroides. Um bicho gigantesco que atira lava na direção de quem o enfrentar. Esses ataques podem ser contidos usando as bombas de fumaça, mas ele ainda é bastante ameaçador, uma vez que o fogo destrói parte das vidas dos caçadores de maneira permanente. Então, se você começar a enfrentá-lo, é bom que termine o serviço, caso contrário, irá ficar com parte da sua vida comprometida até que você consiga um efeito de regeneração.
Por enquanto, a atualização permite que os jogadores entrem apenas no novo mapa, mas a Crytek já deixou claro que os mapas anteriores irão retornar atualizados ao longo do tempo. Fica aqui a esperança de que eles retornem melhorados e mais complexos, assim como esse mapa é complexo e desafiador.
Brasil, mostra a sua cara
Nem tudo são flores ainda para os jogadores brasileiros, infelizmente nos deixaram na rua estacionando os carros, já que não há servidores brasileiros para a versão de PlayStation 5 de Hunt: Showdown 1896. De fato, para nenhum outro país da América Latina, por enquanto. O que significa que, além de uma pequena latência que vai estar presente em todas as partidas de quem joga daqui, também que não é possível comprar jogo na Playstation Store. Um fato estranhíssimo, levando-se em conta que no PC, a comunidade brasileira é super relevante e a Crytek tem um gerente de comunidade dedicado para o nosso país. Vamos rever isso aí, dona Crytek.
Em resumo, a atualização para Engine Crytek 5.11 foi maravilhosa. O jogo está lindíssimo no Playstation 5 e os menus, apesar da estranheza, aprende-se a usar. Como o que importa mesmo são as partidas, esses elementos visuais acabam ficando de lado e não comprometem o jogo efetivamente. A expectativa do retorno dos mapas é um quê a mais para manter os jogadores veteranos, e também os mais novos, empolgados, afinal de contas, sabe-se que vem novidade pela frente.
Vale sempre ter em mente que a atualização também trouxe alguns problemas de performance. Para os jogadores de Playstation 5, os problemas estão ligados a efeitos visuais como luzes simultâneas (alguns já foram corrigidos). Ainda é possível ver glitchs visuais em algumas armas e em alguns limites de geometria, especialmente durante as partidas noturnas. O menu por vezes apresenta um bug que sobrepõe duas telas distintas e a minha cópia do jogo já travou por algumas vezes, o que normalmente acontece quando a gente está num momento crítico da partida, não é mesmo?
Isso é um sinal de que o jogo é ruim? Não, mas significa que a Crytek ainda está no processo de aperfeiçoamento dessa nova tecnologia nos consoles. A parte boa é que o jogo dos consoles e do PC é virtualmente o mesmo e as melhorias de técnicas que estão disponíveis para as máquinas que rodam Windows também estão disponíveis para nós, agora que temos uma versão nativa para os consoles dessa geração. Ficaram para trás os problemas que tínhamos quando convidávamos amigos, ficaram para trás as mensagens de desconexão aleatórias no meio da partida. Ainda bem!
Para fechar, é possível afirmar com todas as letras que essa, sim, é a melhor versão de Hunt: Showdown que já rodou em um console Playstation e, considerando que esse jogo é um título diferente dos demais jogos de extração graças às suas mecânicas e jogabilidade únicas, ser a melhor versão diz muito.
A análise de Hunt: Showdown 1896 foi escrita graças a uma cópia digital gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.