Análise Infernax (Nintendo Switch)
Infernax homenageia Castlevania II – Simon’s Quest com competência e vai além do tributo ao entregar um excelente jogo de aventura.
Antes do sumiço e antes mesmo dos dias de glória quando o trio Symphony of The Night, Silent Hill e Metal Gear Solid conferirem à Konami um lugar entre as melhores desenvolvedoras de jogos do mundo na era do PlayStation, Castlevania já havia feito história com a trilogia de jogos 8-bits lançados para o NES. A lendária série fez milhares de crianças enfrentarem ninguém menos que o Conde Drácula, equipados com um chicote e muita insistência. Desses três títulos, Castlevania II – Simon’s Quest é a ovelha negra, apesar de ter introduzido as mecânicas que durariam mais tempo na franquia e são nesses elementos que Infernax aposta suas fichas.
O Retorno à Casa
Alcedor é um lorde que resolve voltar para casa após ter lutado nas cruzadas, ignorante de que algo definitivamente ruim retornou ao seu lar antes dele. De volta, o cavaleiro precisa lidar com monstros e demônios que agora rondam por toda parte, ameaçando pessoas inocentes e outras nem tanto. A primeira interação do jogo exige que Alcedor escolha entre executar um morto vivo ou poupá-lo. Esse é o sistema de moralidade de Infernax que irá requisitar que tomemos decisões, ora simples – você quer destruir uma cidade inteira? – ora dúbias e cujas consequências veremos conforme a campanha se desenrola.
Mais do que apenas definir se seu personagem será bom ou mau, esse sistema determina a quais habilidades Alcedor terá acesso quando conversar com vendedores e de quais organizações ele será membro, uma novidade bastante bem vinda que ecoa um pouco do sistema visto em Bloodstained Curse of The Moon (um pouco mais simplório que o de Infernax). Uma ótima maneira de convidar o jogador a percorrer os calabouços infestados de criaturas amaldiçoadas mais de uma vez, mas que não sustentaria o jogo do estúdio Berzerk se ele não fosse maravilhoso de jogar.
Infernax copia o estilo de jogabilidade da trilogia Castlevania 8-bits da Konami substituindo o icônico chicote por uma maça sólida para arrebentar os miolos dos demônios e derrotar os chefes grotescos que guardam as masmorras espalhadas pelo mapa. Assim como em Simon’s Quest, a ação de Infernax não acontece apenas no covil dos monstros mas em todas as regiões de Upel e diferentemente de todos os três jogos daquela época, o controle dos pulos e ataques do herói são muito mais responsivos e precisos. Outro elemento que volta a aparecer aqui é o icônico sistema de dia e noite que muda a ação do jogo ao transformar os inimigos simples em espectros mais difíceis de enfrentar mas também mais rentáveis.
Em cada cidade, Alcedor encontra uma pousada/taberna e um ferreiro, além de outros moradores. O dono da pousada sempre irá te oferecer poções de cura e magia, o ferreiro poderá melhorar sua armadura e maça e os moradores, exceto por alguns, sempre irão te dizer algo útil. Alguns irão te pedir ajuda para derrotar um monstro no porão da casa deles, outros contarão rumores que sempre serão pistas sobre o que fazer, como no caso do castelo de Stormheim que um rapaz na taberna diz ter visto durante uma tempestade.
Para usufruir de tudo o que cada cidade oferece, basta fazer aquilo em que você é o melhor: matar monstros, pois quase todos os inimigos fornecem moedas ao serem aniquilados. A outra moeda corrente é a experiência que pode ser trocada por melhoria da sua resistência, do seu ataque ou da quantidade de mágica que Alcedor tem disponível. O equilíbrio entre esses recursos, a quantidade de vidas, que pode ser aumentada, e a dificuldade nos calabouços é o que torna Infernax tão legal de dominar.
Desafio e Acessibilidade
Os calabouços de Infernax são, sem dúvida, o ponto alto do jogo ao mesmo tempo que são as partes mais frustrantes e a razão para existir um modo fácil (aqui chamado de Casual). Essas masmorras trazem uma amálgama de influências vindas de Prince of Persia e mesmo de Mario que, a despeito de ter uma temática bem mais alegre e lúdica, sempre teve castelos cheios de armadilhas. E Infernax segue essa receita com maestria.
Aqui, cada masmorra possui uma quantidade de portas que precisam ser destrancadas para que Alcedor chegue até o demônio da vez. O primeiro calabouço tem apenas uma porta, o que significa que tem dois caminhos para percorrer, um para encontrar a chave, outro para encontrar o monstro e a bem da verdade não faria diferença se houvesse vinte caminhos diferentes caso todos fossem fáceis de percorrer, o que definitivamente não é o caso em Infernax, tanto que uma das facilidades do modo casual é o ponto de salvamento dentro de cada castelo.
São três tarefas bem difíceis em cada um deles: decifrar o caminho correto para as chaves, obter todas elas e chegar no chefe com fôlego e recursos para enfrentá-lo e, meu amigo, como isso pode ser frustrante! Infernax é daqueles jogos que vão te consumindo aos poucos e que todo avanço obtido vai ser jogado fora caso você já esteja exaurido pelas tentativas anteriores. Por mais que você conheça todo o caminho, vai acabar morrendo no primeiro poço de ácido se não estiver relaxado, o que significa que sempre é possível vencer um calabouço e se você não está conseguindo, tente mais tarde e tudo dará certo.
Passado Pela Frente
Infernax não é o primeiro e nem será o último jogo inspirado na série de matadores de vampiro da Konami e nem será a última. O legado de toda geração 8-bits será pra sempre revisitado em jogos que são verdadeiras cartas de amor aos lendários criadores que nos presentearam com aventuras apaixonantes naquela época, dito isso, é muito bom saber que Infernax está à altura dos melhores deles. Jogue!
A análise de Infernax foi escrita graças a uma cópia digital gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.