Análise Kena Bridge of Spirits (PS4, PS5 e PC)
Ajude Kena, uma guia espiritual a libertar espíritos presos nas aldeias em uma jornada que combina exploração, puzzles, combates frenéticos.
Kena Bridge of Spirits é um jogo single player de ação e aventura com elementos de RPG e plataformas, sendo desenvolvido, pela Ember Lab um estúdio de pequeno porte situado na Califórnia que ficou muito conhecida por fazer uma animação de “Zelda Majora’s Mask” chamada de “Terrible Fate”, o estúdio iniciou sua trajetória como animadora de produtos comerciais, contando apenas com 14 funcionário e com o passar do tempo decidiram passar para algo mais complexo, e daí veio a ideia de Kena Bridge of Spirits. Apesar de ser um estúdio pequeno, conseguiram uma parceria com a Sony e com outro estúdio de arte chamado Sparks, e após isso iniciaram a criação e desenvolvimento do game.
Na trama, jogamos com Kena, uma jovem espiritual que usa suas habilidades mágicas, que atravessam as barreiras do mundo físico para o mundo espiritual, porém, pessoas que possuem grandes mágoas ou apegos fortes na terra, não conseguem passar para o próximo plano, se tornando espíritos ou monstros hostis que fazem maldades enquanto não forem purificados ou melhor, guiados até seu determinado plano de forma pacifica, algo semelhante ao anime Bleach. Portando, a missão de Kena será purificar sua terra até chegar no topo da montanha sagrada e para isso ela contará com a ajuda de Beni e Saiya e algumas criaturas fofinhas chamadas Rots.
Beni e Saiya são crianças que pedem ajuda a Kena, para purificar e libertar o espirito do irmão mais velho chamado Taro, para que assim ele possa viver em paz. Já os Rots são criaturas guardiães da floresta, que auxiliam na renovação e criação dos biomas e também contaremos com diversos outros personagens que nos ajudarão ao longo da jornada e é ai que o jogo começa. Com relação aos gráficos, pude ver incríveis detalhes nas animações e cenas que lembram os desenhos da Disney ou Pixar, e logo é possível notar que o game tem uma fidelidade muito grande na movimentação do rosto, dublagens, expressões e sentimentos dos personagens.
A ambientação de Kena Bridge of Spirits é o ponto mais alto do jogo, imersiva mas apesar das incríveis animações utilizando o motor gráfico Unreal Engine 4 o jogo segue com diversas limitações e não chega a ser um game diferenciado, e tão pouco inovador. A trilha sonora do jogo permanece com uma qualidade boa do início ao fim, e o único problema é a repetição que é muito grande, pois eu passava por alguns ambientes diferentes do jogo e a trilha sonora dava a sensação de que não acompanhava isso. Em alguns momentos ela até muda deixando uma tensão um pouco mais depressiva e em outros mais alegres na questão musical, e em outros fica aquela trilha sonora em loop. Então, faltou um pouco mais de criatividade para fazer outras composições, pois com o passar do tempo, se torna até mesmo um pouco cansativo ficar ouvindo sempre a mesma coisa, que me dava vontade de desligar o som por irritar um pouquinho. Entretanto ela é bem imersiva no inicio do jogo, porém depois de horas jogando ela acaba enchendo o saco.
Infelizmente, o jogo não possui dublagem em Português Brasil, mas fique tranquilo pois o game possui as legendas em português. A dublagem em inglês está muito boa, a sincronia labial está maravilhosa, todavia ficou realmente devendo a dublagem para o público brasileiro, e essa parte não dá para cobrar de uma equipe enxuta de desenvolvedores. Se fosse uma equipe e estúdio maiores, com mais tempo no mercado de games e alto investimento, valeria a crítica, mas dessa vez não há motivos para reclamar, pois a legenda já está de bom tamanho se comparado a jogos da Nintendo não é mesmo ?
Por ter um mundo fechado, vários locais que despertam curiosidade, não podem ser explorados inicialmente, ou seja, a dinâmica será passar por algumas áreas e cenários que dão uma falsa sensação de mundo aberto. Ao mesmo tempo, Kena vai descobrindo várias histórias em todo o decorrer do jogo, são três máscaras que nós precisamos para concluir toda a história e cada uma dessas máscaras possui em torno de três artefatos que precisamos coletar. O jogo dispõe de doze Chefes principais e alguns chefes secundários, que são uns inimigos bem mais fortes do que as criaturas espalhadas pelo cenário. Para concluir o game precisamos enfrentar esses doze chefes (quem dera se fossem iguais os cavaleiros de ouro das doze casas, onde alguns deixavam os cavalheiros avançarem sem quaisquer tipo de confronto), mas não é bem assim em Kena Bridge of Spirits.
Depois de alguns minutos de jogo, pude perceber que Kena Bridge of Spirits é um mix de vários jogos consagrados no mercado de games e posso citar alguns que mais pude ver referencias como Zelda, Horizon Zero Dawn, God of War, Dark Siders e entre outros.
Na gameplay podemos escolher o nível de dificuldade que vamos seguir, com ela podemos escolher a jogabilidade mais casual ou apelar para as ultimas dificuldades, o que eu jamais faria, pois por ser um simples jogo de aventura, os duelos contra alguns inimigos onde temos que derrotar em um determinado tempo para conseguir libertar um baú corrompido são muito apelativas. Sem contar os Sub-chefes e Chefes que fazem o jogo ser desafiador, contudo a dificuldade exagerada acaba sendo muito frustrante para um jogo de aventura, visto que em diversos momentos eu estava prestes a derrotar um dos chefes e sentia que o jogo usava algum tipo de script pra apelar e fazer com que eu morresse diversas vezes, mas vou explicar melhor esse grande frustração no game.
Vamos lá, eu estava prestes a enfrentar um Chefe, e como todo jogador, nunca sabemos como ele irá se comportar na batalha até que depois de um tempo tentando e tentando, vamos entendendo como ele reage, o que deve ser feito e ai sim vamos adquirindo nossa estratégia de combate. Até ai tudo bem, só que sérios problemas começam a aparecer, mais precisamente no balanceamento dos combates contra os chefes. Morri diversas vezes quando o life do Chefe estava no fim e era nítido que o jogo mudava de uma forma tão grotesca a ponto de quebrar leis da física (sei que isso não é novidade no mundo dos games). Isso atrapalha e acaba irritando demais em um game em que você vem de uma progressão tranquila de puzzles leves e moderados, porém interessantes e de repente, vê tudo desmoronar devido a dosagem alta de apelação. Nesses momentos, as mão começam a ficar frias e suar no controle, a raiva seguida de frustração, que se você deixa se levar por elas, acaba desistindo de dar continuidade no game de aventura e procurando outro game pra jogar. Não sei se isso pode ser corrigido, se tratando de uma empresa indie pode ser que tenham errado a mão e talvez uma possível atualização possa corrigir esse que para muitos vem se tornando um problema.
Depois desse rage, da pra entender um pouco como é a jogabilidade de Kena Bridge of Spirits e da pra perceber que ele é muito inspirado nos jogos da franquia Souls. Óbvio que mesmo com as dificuldades, está longe de ser um Souls-Like, porque ele não é tão difícil quanto um. Mas posso dizer que ele é um “Souls-Light”, porque ele tem diversos elementos das franquias Souls, os Chefes como já falei, são bem difíceis mas não chegam no nível de dificuldade de um Dark Souls, por exemplo, mas ele é bem desafiador em alguns pontos, principalmente nos chefes onde o game destoa bastante do restante da gameplay.
Kena Bridge of Spirits nos dá a liberdade de correr, aplicar golpe forte, golpe fraco, fazer esquiva, temos um botão de interação, pulo normal e pulo duplo, temos um botão de escudo, parry e um botão que libera um raio de brilho. Basicamente essa é a mecânica inicial, mas no decorrer da gameplay, liberamos uma espécie de bomba que da para jogar nos inimigos que de acordo com o andamento do combate podemos esperar com que ela exploda ou atiramos com o arco e flecha espiritual que também liberamos no decorrer da jornada, para explodir essa mesma bomba antes do tempo, podendo usar o foco onde o jogo fica em câmera lenta e assim temos uma maior probabilidade de acertar o alvo, lembrando que essa bomba também terá um papel fundamental para acessar áreas inacessíveis e obviamente áreas essenciais do jogo.
Dentre outras coisas como os especiais para usarmos os Rots, que também fazem parte da mecânica de gameplay e nessa parte o jogo faz um feijão com arroz, porém muito bem feito. Isso é um ponto extremamente importante, porque tem muitos jogos que nem fazem o básico bem feito, como por exemplo o Biomutant, que possui um combate horrível, enquanto o de Kena Bridge of Spirits é maravilhoso, é gostoso de você jogar pondo em prática suas habilidades, mas devo falar da forma punitiva dos Chefes outra vez? Melhor não né, acho que vocês já entenderam o recado.
Kena Bridge of Spirits traz uma bela mescla em momentos de plataforma e puzzles, o game está lotado deles, que se estendem bastante durante a gameplay. Então se você gosta de puzzles, e não só quebra cabeças fáceis, você tem que parar, pensar e olhar todos os elementos do cenário e ai sim começar a agir.
Entendo que Kena Bridge of Spirits não é um jogo AAA e não dá para comparar com Horizon Zero Dawn ou Zelda, o game teve um orçamento e números de pessoas trabalhando nele muito menor do que em qualquer um dos jogos citados mas não é por isso que vou passar pano. Devido as diversas reclamações de outros jogadores que vi por ai, e até mesmo as notas do jogo podem ter caído devido a essa falta de atenção dos desenvolvedores, visto que o restante do game flui de maneira tranquila, mas como disse anteriormente, nada muito inovador, então tudo leva a crer que os jogadores iniciaram o game, acharam bonito e atrativo, foram fisgados pela qualidade visual que o jogo apresentava no trailer e até mesmo durante a gameplay onde tudo levava crer que seria uma aventura tranquila de ser levada a diante, mas sentiram a dificuldade nos momentos que citei acima.
Não pense que a dificuldade de batalha será predominante em Kena Bridge of Spirits, pois nela teremos diversas variações em sua dinâmica, transitando entre batalhas desafiadoras e estratégias para eliminar os inimigos, puzzles variados que podem determinar o seu tempo de jogo e por ultimo as plataformas, onde acredito que a maioria que está lendo esta review certamente já jogou um game do gênero e sabe muito bem o que é pular em todas elas e cair na ultima tendo que começar tudo de novo.
No decorrer da jornada, precisamos encontrar os Rots, aqueles bichinhos fofinhos que são todos semelhantes e que única forma de torná-los diferentes uns dos outros é comprando chapéus nas lojas, que encontramos em pontos específico daquele mundo. Eles estão sempre escondidos em folhagens, embaixo de pedras, baús e diversos outros locais. Os Rots agem como uma espécie de XP, pois quanto mais coletamos, mais habilidades são desbloqueadas e mais lugares ficam acessíveis, devido ao auxílio que eles dão para a nossa protagonista, seja carregando pedras para que possamos subir e alcançar um local mais alto, ou se amontoando e virando uma espécie mais poderosa de Rot, que liberta partes corrompidas do cenário, movendo peças fundamentais para liberar um puzzle.
A história de Kena Bridge of Spirits não é nada surpreendente, eu achei algo bem básico nessa questão que é a luta do bem contra o mal. Durante a história, podemos perceber que a Kena não é a protagonista do jogo, ou melhor, do jogo ela é mas não da história em si, pois a história dos outros personagens é o que realmente importa, já a de Kena, senti uma ligeira impressão que deixaram um pouco de lado para focar na missão que ela tem que cumprir nas aldeias libertando os espíritos. Fiquei com a pulga atrás da orelha sem saber exatamente o que a Kena é, o porque que ela esta ali e porque ela esta fazendo isso. Entendi apenas que ela é uma guia espiritual mas não deixam muito claro o porque que ela é uma guia espiritual e o que exatamente motiva ela. O jogo deixa bem no ar para que nós tiremos nossas próprias conclusões, pois em momento algum eu vi profundidade seja no passado ou no presente de Kena.
As lutas contamos com vários recursos, e lá estão novamente os nossos amigos Rot que no começo das batalhas eles ficam com medo e fogem, porém, quando batemos nos inimigos uma barra chamada “coragem” cresce, após cheia é possível chama-los para nos ajudar na batalha, sem contar que quanto mais vamos progredindo na história teremos o aumento do numero de ciclos da coragem e mais golpes especiais que tanto Kena quanto os Rots podem usar.
Podemos usar as magias para nos defender ou atacar e também para recuperar a vida que na luta contra um Sub-Chefe ou Chefe fazendo com que os Rots vão até uma espécie de flor e automaticamente aumentando sua barra de vida. Porém ao receber um golpe a barra abaixo da vida é reduzida, ou seja, devemos tomar cuidado com isso, porque nem sempre contaremos com essa habilidade devido a falta de magia, e caso a vida seja perdida, ela só pode ser regenerada ao termino da batalha. Também encontraremos baús, estátuas e grandes jarros, contendo carmas e cristais. O carma seria a experiência do personagem, que é gasta na vida principal para abrir novas habilidades e golpes; já os cristais são as moedas do jogo, que servem para comprar customizações para Kena e os Rots.
Para os jogadores que curtem dar uma pausa no avanço do game e explorar mais o cenário, é possível encontrar baús amaldiçoados que possuem certos desafios a serem feitos para abri-los, ou objetos de aldeões perdidos em determinados lugares que são entregues na vila principal para ganhar recompensas, assim como achar locais de meditação que são primordiais na aventura, pois eles dão um up na sua barra de vida. Então ouse a procura-los pois serão de vital importância tamanho as dificuldades que mencionei anteriormente. E não fique preocupado caso você se perca, pois no game existe o recurso de viagem rápida que nos leva ao local desejado, ou seguir uma luz azul ou amarela para continuar a história.
Caso tenha cansado de tanta luta ou esteja entediado em alguma parte do jogo, você pode relaxar um pouco fazendo algumas compras melhorando Kena e seus Rots, ou até mesmo interagir com eles, dançando, beijando e entre outros…
Kena Bridge of Spirits possuí um modo foto, neste modo podemos pegar ângulos de batalha, fazer pose ou pedir para que os personagens façam, sem contar as edições que podemos fazer ao tira-las e capturar momentos únicos para guardarmos de recordação. Posso confessar que foram inúmeras fotos que tirei desse jogo que vai ser uma tarefa difícil escolher qual delas estarão neste review.
Então vamos lá, a história de Kena Bridge of Spirits pode ser o ponto mais fraco do jogo e não é porque é ruim, mas deixou a desejar por não inovar tanto, deixando no ar coisas bem previsíveis a todo o momento e convenhamos que é algo que já está manjado ao longo dos anos, seja ela em filmes, desenhos animados e principalmente jogos eletrônicos, que é “o bem contra o Mal”. A jogabilidade é muito boa, como disse, é um feijão com arroz, mas um arroz com feijão muito bem feito. Caso sinta dificuldade no modo normal, vá para o modo mais fácil e aproveite o game de forma menos punitiva nas batalhas contra os Chefões, ou até mesmo você pode se superar e vencer o game mesmo com o modo desbalanceado do jogo e isso será uma recompensa bem satisfatória, acredite. A trilha sonora não é ruim mas peca na questão da repetição, ela pode passar despercebida por você e acredito que até vai, mas a minha experiência com o jogo ao tentar analisar tudo ao mesmo tempo, acabou causando essa sensação de irritação em ouvir sempre o mesmo som praticamente o jogo inteiro, alternando raras vezes.
A ambientação de Kena Bridge of Spirits é impecável e não tem erro, pois é praticamente uma cópia carinhosa de Zelda, fazendo de Kena um jogo bastante recomendado. Mas vamos para alguns pontos que valem ser ressaltados nessa análise, a versão básica de PC está saindo por R$ 190,99 e a versão Deluxe está saindo por R$ 237,99. No PlayStation o game está saindo um pouco mais caro, R$ 214,00 a versão básica e R$ 264,90 a versão compatível com PS4 e PS5. Até o momento dessa review, ainda não se sabe se Kena Bridge of Spirits sairá para outras plataformas, apenas rumores indicam isso, então somente o tempo dirá.
E para finalizar, Kena Bridge of Spirits é um jogo maravilhoso feito com muita qualidade, que me trouxe uma certa nostalgia de uma das minhas franquias de games favoritas que é Zelda. O jogo tem em torno de umas 10 horas de gameplay, caso você foque apenas na história e fazendo uma ou outra missão secundária. Se você for limpar o mapa – pode facilitar a sua vida durante a gameplay, devido as melhorias que você irá conquistar – pode ultrapassar um pouco mais, chegando até umas 15 ou 17 horas de jogo. Então, se tratando de preço versus tempo de jogabilidade, eu aconselho esperar um pouco mais para que o jogo fique mais em conta em suas respectivas plataformas ou pegar em uma promoção. Lembrando que em novembro o jogo sairá em mídia física para PlayStation, então talvez vocês possam pegar algumas promoções. Confesso que não encontrei grandes problemas com bugs ou algo do tipo e nem nada que venha atrapalhar a gameplay, exceto uma queda de fps na parte da vila, mas isso passa bem despercebido pois não é nela o foco central do jogo. Logo, se você é daqueles que preza por tempo de jogo e preço, o conselho é esperar um pouco mais. Porém se esta animado pra entrar nessa jornada e ajudar Kena a libertar os espíritos, vá em frente pois o game está repleto de aventuras, puzzles e desafios para você, gamer !
Kena Bridge of Spirits está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.