Análise Little Nightmares II (PlayStation 4)
Little Nightmares II é um jogo de plataforma e puzzle com uma galeria de criaturas e cenários aterrorizantes.
Little Nightmares II, desenvolvido pela Tarsier Studios e publicado pela Bandai Namco, é um jogo de plataforma quase tradicional que tem como seu diferencial o pesadelo que constrói nos seus cenários opressores e nos inimigos grotescos que espreitam e perseguem os pequenos heróis dessa história lúgubre. Como não podemos vencer a todos, o melhor a fazer é fugir para não sofrer as mortes violentas e bizarras nas armadilhas do jogo.
Sozinho na Floresta
O pequeno bonequinho que agora a pouco estava sentado precisa avançar com muito cuidado por uma floresta escura onde não se vê sequer o chão coberto por folhas secas. Apesar do silêncio ameaçador pontuado apenas pelo som dos passos do personagem, é possível ver uma plataforma suspensa mais adiante. Um pulo rotineiro para quem cresceu com esse estilo de jogo que teria sido perfeitamente executado se o boneco não estivesse agora atravessado pelos dentes de ferro de uma armadilha de urso que se camuflava no solo, entre as folhas.
O início de Little Nightmares II define o tom do que será visto pelo resto do jogo em termos de dificuldade: haverá muitas armadilhas no caminho deste pequeno personagem e elas ceifarão a sua vida num piscar de olhos. Por isso, não bastasse que o movimento do boneco na tela seja lento, também cabe ao jogador a tarefa de não apressar as coisas sob pena de ser devolvido ao ponto de gravação imediatamente anterior, pois o que nos mata o faz com apenas um golpe. Essa característica não é nada demais de início quando a curiosidade e o mistério são a principal motivação para seguir em frente mas o acúmulo de mortes que pareciam perfeitamente evitáveis passa a deixar um gosto ruim a cada vez que uma delas ocorre; e como o jogo utiliza a perspectiva 2.5D, quem tiver dificuldade – aparentemente eu tenho – em julgar profundidade, estará em maus lençóis quando entrar em combate em Little Nightmares II.
Combustível de Pesadelos
Apesar da jogabilidade pesada, não há como negar que Little Nightmares II brilha mesmo é na direção artística e de som. O jogo não irá causar medo no jogador que já tiver seus 15 anos completos mas certamente consegue proporcionar momentos de desconforto visual com seus inimigos que são puro “combustível de pesadelo”. Uma professora bizarra, um caçador psicopata, manequins deformados e bonecos de cerâmica são alguns dos obstáculos “vivos” que precisamos ultrapassar e que se nunca mais eu vir na minha frente, passarei bem. Esses são os momentos de ouro em que a arte se une à atmosfera do jogo para caçar os personagens que fogem com movimentos dignos de uma cena de suspense em que não sabemos se dará tempo de chegar até o outro lado de um corredor infestado de inimigos.
Mas mesmo essa atmosfera sofre com a imprecisão dos controles na hora de agarrar uma corda ou subir em uma plataforma e nada consegue eliminar o medo tão bem quanto repetir uma situação até ela ser totalmente conhecida.
Nos momentos que passei com o jogo, ainda encontrei certos problemas que interromperam meu progresso até que eu reiniciasse o software mas sendo bem justo, isso não é um problema tão sério assim hoje em dia. Certamente hoje, alguns desses bugs já devem ter sido resolvidos. O problema é que eu não acho que valha à pena voltar para uma experiência que parece, para mim, uma galeria de arte com obras genuinamente horripilantes mas onde eu só posso andar em fila indiana segurando na mão do meu colega da frente.
Aposto como jogadores com gosto distinto do meu irão adorar a experiência soturna de Little Nightmares II e elas estarão cem por cento certas. Então aproveite esse texto para sanar suas dúvidas e torço para que ele seja o tipo de jogo que você estava procurando. Para quem preza jogabilidade ágil em plataformas como em The Messenger ou Shovel Knight e estava aguardando um bom jogo de plataforma – eu sei, a proposta é totalmente diferente – talvez seja melhor aguardar um pouco.