Análise Lost In Play (Nintendo Switch)
Lost In Play é uma aventura divertida e cheia de quebra-cabeças. Em um mundo colorido, acompanhamos dois irmãos no caminho de volta para casa.
Lost In Play parece ir na contramão dos jogos atuais. Em pleno ano de 2022, testemunhamos um ponto de virada na cultura pop com produtos de mídia cada vez mais sendo levados a sério pelos fãs e, por que não, por seus próprios criadores. Camadas e mais camadas de significado e universos imaginários interligados por fiapos de roteiro encontram lugar em meio a pessoas ávidas por consumir com afinco cada frame de filmes, séries e videogames (esses a no mínimo 60 a cada segundo) e discutir por horas cada detalhe desse ou daquele produto. No entanto, antes da riqueza criativa de mundos imaginados e da coerência abstrata das motivações de personagens que não existem, um elemento primordial deve se fazer presente em qualquer obra cultural que se proponha como entretenimento: a diversão.
Em Lost In Play acompanhamos os passos e percalços de dos irmãos Toto e Gal, protagonistas do jogo, que ao brincar fora de casa se vem perdidos e devem buscar o caminho de casa. O jogo do estúdio israelense Happy Juice Games propõe passarmos um tempo de diversão descompromissada, de preferência acompanhados da família.
O céu não é o limite
Tudo começa com uma brincadeira: Toto e Gal saem de casa e brincam como crianças, mas acabam tão entretidos na própria imaginação que se veem perdidos e precisam encontrar o caminho de casa. O problema é que a imaginação das crianças não possui limites e a aventura irá se desenrolar pelos mais extravagantes cenários.
Logo no início Lost In Play no deixa claro o primor técnico que se faz presente em todos os aspectos do jogo: gráficos, som e animação. O jogo é apresentado como um desenho animado, totalmente em 2D e com uma direção de arte belíssima utilizada para mostrar a imaginação psicodélica dos irmãos.
Intercalando os momentos em que controlamos Toto e Gal, Lost In Play apresenta cenários em que devemos resolver os quebra-cabeças propostos para avançar para a próxima fase. A jogabilidade é desenvolve-se com a interação com o cenário, seja diretamente com os personagens ou utilização de objetos encontrados para destravar as etapas e avançar para o próximo cenário.
Essa parte do gameplay é menos interessante em termos de mecânicas mas bastante criativa em relação às interações, uma vez que o próprio cenário apresentado é psicodélico ou absurdo o suficiente para não entregar uma solução de lógica simplificada. No entanto, sempre é possível obter uma dica do que fazer em seguida para avançar, o que ajuda bastante a deixar o jogo com um bom ritmo, sem afastar jogadores pela frustração de não conseguir solucionar os quebra-cabeças propostos.
Há uma segunda camada de jogabilidade, muito bem-vinda por sinal. Ao avançarmos em determinada fase, em algum momento teremos um mini-game para jogar ou quebra-cabeças para solucionar. Esses momentos são responsáveis por uma quebra na dinâmica de simples interação com cenário do jogo, sendo portanto, o ponto alto em termos de gameplay, sobretudo porque esses jogos dentro de Lost In Play são variados o suficiente para não enjoar.
No entanto, alguns cenários são grandes o suficiente (com 4 ou 5 telas) para atrapalhar na movimentação do personagem em busca de uma solução do quebra-cabeça, pois em diversos momentos devemos levar algum objeto, por exemplo, da 5ª tela para a 2ª e a movimentação do personagem não é rápida. Na verdade a movimentação é muito lenta. Acredito que um botão para fazer o personagem correr ou pelo menos andar mais rápido resolveria a questão.
Excelência técnica
Em relação ao som e animação do jogo, eu repito: o estúdio Happy Juice Games entrega uma experiência muito bem lapidada com excelentes músicas orquestradas e cenários e personagens animados em altíssimo nível. O design de som também é um show à parte com a utilização de uma língua fictícia pelos personagens o que faz com que eles sejam compreendidos por qualquer pessoa, graças à ação contextual e ícones presentes na tela. Existe até mesmo uma música cantada no idioma ficcional do jogo deixando claro o cuidado e carinho do estúdio ao elaborar essa experiência.
Também não posso deixar de mencionar a beleza da direção de arte e da criação de todos os personagens que vemos na tela. Tudo criado visando o enriquecimento visual da história e garantir o bom-humor sempre presente no jogo. Inclusive, Lost In Play tem breves momentos de fazer o riso sair fácil com piadas visuais das mais bobas (no bom sentido) e que mantém o espírito leve do jogo sempre presente.
Para fechar com chave de ouro, o jogo está totalmente traduzido em português do Brasil!
Encontrando a diversão
Apesar da jogabilidade simplificada, própria do gênero de jogos de aventura, Lost In Play consegue manter o ritmo do jogo sempre constante, pois em qualquer momento podemos nos valer das dicas e avançar ao objetivo. Os mini-games presentes também ajudam à manter a dinâmica ao jogo, embora a movimentação seja um pouco lenta demais.
No mais, é um ótimo jogo para quem gosta do gênero ou pretende aventurar-se nele, de preferência com a criançada, pois trata-se de uma opção de game sem qualquer tipo de representação de violência. Lost In Play remete a uma época lúdica e divertida, em que nossa única preocupação eram os horários dos desenhos na TV e a volta da escola para brincar mais. Tudo isso embalado em uma apresentação artística de primeira.
Lost In Play foi desenvolvido pelo estúdio Happy Juice Games e publicado pela Joystick Ventures em 10/08/2022 para Nintendo Switch e PC (via Steam).
A análise foi feita com base em uma cópia digital do jogo para Nintendo Switch fornecida pela assessoria de imprensa do game.