Análise Mullet MadJack (PC)
Desligue o cérebro e se divertida. Um jogo com uma estética linda e uma gameplay viciante, faz Mullet MadJack ser uma das melhores experiências de 2024.
Os últimos anos para a indústria de vídeo games tem sido cada mais nebuloso. Com empresas multibilionárias fechando estúdios criativos e demissões em massa, aliado a visão de muitas produtoras em focar cada vez mais em jogos “live service”, que passam a sensação de dinheiro infinito, nos passam o sentimento pessimista, principalmente para quem vem dos anos 90.
Mesmo assim, ainda existe estúdios e principalmente, desenvolvedores criativos e competentes que conseguem extrair muito de muito pouco. Este é o caso de Mullet MadJack, um FPS desenvolvido pela Hammer95, um jogo brasileiro que bebe de fontes como DOOM e Hotline Miami, além da clara inspiração dos animes dos anos 1990, como Evangelion, Akira e outros.
Porém, mesmo sendo um jogo que bebe de muitas fontes, ele consegue se tornar algo muito original, mesmo que muito simples. Mullet MadJack é tão bem-produzido, que se transforma em uma das melhores experiências que tive com jogos neste ano. Vou além, para mim, é um dos melhores indies dos últimos cinco anos pelo menos.
O poder do estilo
Sob o controle Jack, um mercenário de uma megacorporação. Você terá que invadir um prédio cheio de inimigos robóticos esquisitos e matar todos eles. Além disso, você terá que fazer tudo isso fazendo live em uma rede social, para resgatar uma influencer, que foi sequestrada por robôs bilionários para um ritual.
Sei que isso parece doido demais, e sem noção, mas de alguma forma que é até meio difícil de entender, o jogo consegue entregar uma narrativa que faz sentido, e cheia de reviravoltas. O jogo ainda é muito inteligente ao usar a quebra da quarta parede em alguns momentos para trazer mais carisma e usar a rede social para trazer mais realismo ao usá-la como uma ferramenta de crítica social.
Todo o jogo é como se fosse uma enorme “live”, o que faz sentido ao trazer a perspectiva para primeira pessoa. Ou seja, tudo você vê e faz, é como se fosse uma câmera filmando todos os seus movimentos.
Frenético
Mullet MadJack é um jogo completamente frenético. Imagine algo como DOOM ainda mais rápido. Como dito antes, você está em um prédio e seu objetivo é chegar ao topo dele. Cada andar é uma fase, e elas são bastante curtas. Você na verdade, nem precisa matar todos os inimigos, tudo que precisa fazer é sobreviver.
Mas, você acaba sendo obrigado a partir para o combate sempre, já que sua vida, o “HP” do personagem funciona com um “timeout”. Você tem 10 segundos de vida, e a cada inimigo derrota ele te concede um tempo extra de dois segundos. Mas, caso você mate o inimigo com estilo, como usar um item do cenário, também concede um tempo extra a mais.
Ou seja, o jogo consegue criar este senso de urgência no jogador, induzindo ele a sempre partir para cima e atirar. E para isso, o jogo conta com um bom arsenal, como pistolas, rifles, espingardas e até espadas. Cada uma delas possuem atributos e cabe ao jogador qual se encaixará melhor em seu estilo de jogo, em meu caso, eu adorei a espingarda calibre 12.
É importante frisar que Mullet MadJack é um roguelike, mas, bem acessível e não muito punitivo. Por exemplo, cada andar possuí 10 fases com um chefe no final, caso você morra na fase quinze, você volta para o começo daquele andar, ou seja, você retornar para a fase 10. Ele não te obriga a começar o jogo literalmente do zero. E por ser fases que você completa em um minuto, nunca fica cansativo ter que reiniciar.
A cada fim de fase, você pode adquirir novas habilidades e caso morra, sua build já era, você terá que começar uma nova. Exceção as habilidades adquiridas ao término de capítulos, que concedem habilidade permanentes.
Sendo um roguelike, o jogo precisaria trazer uma gameplay viciante e ele acerta precisamente. Mesmo após o término eu ainda permaneci fazendo novas runs, porque matar em Mullet MadJack é muito divertido.
Estética linda e retrofuturista
Eu não entendo absolutamente nada animes, mas pelos poucos que vi quando crianças, Mullet MadJack parece ter saído de uma anime dos anos 90. Com traços característicos de animações japonesas, muito violento, além de falhas e instabilidades na tela, que passam essas coisas de televisão antiga.
Tudo que existe no jogo remete a este período, como uso de fontes antiquadas, computadores de tubo e muita poluição visual, bem aquela visão antiga de como seria o futuro.
Os desenvolvedores brasileiros estão realmente de parabéns ao trazer uma identidade visual tão original, mesmo bebendo de fontes tão explicitas. O jogo nunca passa uma sensação de cópia, pelo contrário, a estética poluída é sem dúvidas um grande chamativo para o jogo e é algo fundamental durante toda jornada.
Por fim, o jogo conta com vários níveis de dificuldade caso o player tenha dificuldade em prosseguir. E ainda possuí um “modo infinito”, que só acaba quando Jack morre. Isso tudo completamente localizado em PT-BR, até porque o estúdio desenvolvedor do game é brasileiro.
É muito bom!
A Hammer95 mirou em criar um jogo estilo, violento e muito divertido e digo com louvor que eles acertaram e muito. Mullet MadJack é uma experiência viciante que estimula o jogador a sempre partir para cima sem pensar muito. É uma experiência de desligar o cérebro e matar.
Isso tudo aliado a uma estética linda e uma história que por mais seja meio maluca, desperta o interesse para ver onde tudo vai chegar, fez deste jogo uma das melhores experiências que tive com jogos neste ano e com sobras um dos melhores indies dos últimos anos.
Eu recomendo fortemente.
A análise de Mullet MadJack foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game.