Análise Neighbours Back From Hell (PlayStation 4)
Neighbours Back From Hell é o relançamento de dois jogos que te coloca como protagonista de um reality show cujo objetivo é se vingar do seu vizinho.
Começamos com uma animação que mostra como o protagonista, Woody, sofre após a mudança do seu vizinho, o Sr. Rottweiler. Sua solução é por a cabo uma vingança que envolve luzes, câmeras e pegadinhas (?) armadas feitas para levar o vizinho inconveniente à beira de um ataque de nervos. Assim é Neighbours Back From Hell, um jogo com premissa simples e com execução e conceitos que podem seguramente ser chamados de duvidosos.
Olha essa fera aí, bicho!
Todas as fases de NBFH começam com Woody entrando na casa do Sr. Rottweiler e sendo aplaudido pelo público – ele transformou a casa do vizinho em um cenário de show de tv americano como Fresh Prince ou como fazia o antigo Sai de Baixo. Em cada uma delas, há um determinado número de pegadinhas que Woody pode aplicar até que vença. Ele irá utilizar objetos encontrados na casa do seu desafeto e tem que fazer tudo sem ser visto (temos 3 chances). Então, observamos a rotina do vizinho e avançamos de cômodo em cômodo, evitando ser pegos enquanto coletamos itens como sabonete, serrote, marcador permanente, ratoeira, e os colocamos no caminho do homem desengonçado para que ele tropece, prenda os dedos, caia da cadeira, etc.
Os gráficos do jogo são cartunescos e a animação dos personagens chega a parecer que eles foram tratados com a técnica stop-motion mas como esse é um remaster que inclui jogos lançados no início dos anos 2000, não há nada visualmente impressionante. Tudo bem, esse não é o objetivo do jogo. A direção de arte, especialmente o desenho dos personagens parece algo saído de jogos educativos dos anos 90. É bem único, com certeza.
Eu tenho duas queixas com relação à jogabilidade. Primeiro que certas ações levam mais tempo que outras mas não há qualquer indicador informativo ou barra de progresso dizendo quanto tempo falta para terminar de serrar os pés da poltrona do Sr. Rottweiler. Em outra ocasião, eu terminei um nível com uma graxa de sapato cujo uso eu não consegui encontrar na fase. Fora isso, as missões são bastante simples e não tem muito mistério para descobrir como irritar o vizinho com as nossas pegadinhas.
Persistência sem recompensa
Agora, eu estou aqui nessa casa colocando sabão numa poça d’água na cozinha para que meu vizinho escorregue, ou rabiscando o quadro com o retrato da mãe dele para que ela fique com bigodes e óculos, ou ainda, colocando água da banheira na garrafa de leite que ele está usando na receita de bolo e isso tudo está sendo transmitido por um canal de televisão, mas pra quê?
Até tive alguma satisfação quando consegui evitar o vizinho e plantar todas as armadilhas em uma só volta pela casa mas repetir a mesma fórmula fase após fase só me fez perceber que eu não estava me divertindo. Passear pelo cenário tirando coisas de lugar para preparar armadilhas é no fim das contas um quebra-cabeças que depois de algumas repetições ficou apenas enfadonho e nem a variedade das pegadinhas (colocar tônico capilar no lugar do desodorante foi criativo) conseguiu prender a minha atenção para continuar jogando. Ainda que a premissa de Neighbours Back From Hell seja sem dúvida original, executar essas tarefas, vencer esse quebra-cabeças está longe de ser prazeroso, satisfatório ou recompensador. Uma pena.
Eu não sei o que poderia ser feito para tornar o jogo mais atraente, e nem quem pode ser o público alvo nesse caso. Talvez seja o jogo perfeito para aquele tio que todo mundo “adora” quando aparece no churrasco da família.
A análise de Neighbours Back From Hell foi feita graças a uma cópia digital do jogo gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.
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