Análise Neversong (Xbox One)
Ajude Peet a resgatar sua amiga das mãos do maléfico Dr. Smile em Neversong, uma aventura psicológica onde a música, amizade e a esperança são fundamentais em sua jornada.
Neversong é um jogo de plataforma focado em exploração e puzzles com uma leve pegada de Limbo e Inside, desenvolvido pela Atmos Games e publicado pela Serenity Forge.
Assim que iniciamos o game, nos deparamos com uma abordagem mais delicada, como solidão, morte e culpa como pontos fundamentais do enredo de Neversong.
Iniciamos o game controlando Peet, um jovem órfão solitário e com características depressivas que encontrou o que podemos chamar de “caminho da luz” em sua amiga Wren dentro do orfanato, e a partir daquele verão começaram a ter alegrias e grandes momentos de diversão.
Wren é o oposto de Peet, nela podemos notar que é uma garota feliz e cheia de alegria, que adora tocar piano e é considerada a jovem mais bonita e talentosa de Red Wind Village, e ambos tem uma conexão diferente de qualquer outra, tanto que acabou ensinando Peet a tocar Piano, porém o excesso de diversão e aventura se tornaram um pesadelo quando em uma noite enquanto procuravam um lugar especial para tocar em uma região abandonada.
E nas sombras daquela noite de luar, Wren é sequestrada por um ser misterioso de face pálida e sombria conhecido como Dr. Smile, e sem conseguir ajudar sua amiga, Peet desmaia ao ver a aparência horrível de Dr. Smile e acaba entrando em coma, e é aí que a nossa jornada começa.
Peet retoma a consciência e vai em busca de Wren pela cidade, e descobre que muitas coisas estranhas aconteceram enquanto ele se recuperava do coma. Os adultos desapareceram misteriosamente e alguns monstros estão espalhados em todos os lugares.
O enredo é um pouco complexo, mas se tiver a paciência de conversar com todos os personagens no qual são bastante carismáticos, pode ser que te faça entender mais sobre o universo de Neversong.
A jogabilidade é totalmente simples e dinâmica até o fim do game, os comandos são bem precisos quando você explora o cenário, que inicialmente Peet apenas corre e pula e logo após alguns minutos de gameplay, ganhamos um taco de Beisebol, fazendo com que Peet libere um grande aliado que ele mesmo chama de “Pássaro” logo no início do game e é de imensa importância, pois ele consegue carregar alguns itens essenciais que nos ajudam em momentos específicos. E não pense que o taco de beisebol, serve apenas para libertar aliados, muito pelo contrário, usamos ele para atacar os inimigos que virão pela frente.
Para progredir em Neversong, precisamos desvendar alguns quebra-cabeças e avançar pelo cenário até encontrar o Chefe que parecem monstros de pesadelos que lembram alguma animação de Tim Burton, e que em seu primeiro encontro sempre estão dormindo até que você descubra a forma de fazê-lo despertar e iniciando assim o confronto. O sistema de combate é fácil e funciona de uma forma em que após uma boa sessão de danos no Chefe, é lançada uma nota musical durante a batalha e ao completá-las o chefe é derrotado.
Terminado a luta contra o Chefão, Peet aprende uma nova canção que nada mais são do que notas musicais bem semelhantes ao que vimos em “The Legend of Zelda – Ocarina Of Time”.
Uma das partes mais legais, é quando temos que ir até a casa de Wren, nos aproximamos do Piano dela e tocamos todas as notas que ganhamos após vencer o Chefe. A canção é tocada por completa e logo em seguida adquirimos uma nova habilidade que nos dá a possibilidade de alcançar uma nova etapa do cenário.
Posso afirmar que Neversong, exige atenção nas falas dos personagens e exploração no cenário, pois o jogo não mostra nenhum novo caminho a ser percorrido, fazendo com que o jogador percorra pelo cenário até que descubra de maneira natural como avançar no game. Ah, mas o jogo tem mapa ? Não, e isso dificulta ainda mais a forma de exploração já que somos obrigados a voltar na cidade de Red Wind Village com certa frequência sem opção de viagem rápida e muito menos um salvamento automático, fazendo com que o jogador encontre lareiras em pontos fixos do cenário para ter sua jogatina salva e garantida.
Ao decorrer do jogo, Peet vai ganhando novas habilidades, e quantidade de vida que nada mais são do que os famosos corações que com certeza já vimos em outros jogos. A fórmula de ganhar novos corações em Neversong é bem simples, a cada inimigo que derrotamos dropam uns pontos brilhantes que podem ser coletados, e a cada 100, ganhamos um coração novo em nossa barra de vida, tudo isso de uma maneira natural e tranquila.
Podemos encontrar em Neversong, alguns cartões que permitem mudar a aparência de Peet, deixando o personagem com uma forma mais amigável e divertida. Temos uma HUD bem simplificada, no qual só é mostrado a nossa barra de vida e o contador para o upgrade dos corações, nada mais que isso. Para a proposta de Neversong é um ponto positivo, pois ficamos focamos na interação com o cenário e com os personagens sem se distrair com diversas informações na tela durante a gameplay.
A ambientação do jogo é bem trabalhada e tenta vagarosamente ser assustadora em alguns momentos, e isso pode ser ligado diretamente a direção de arte que encontramos em Neversong, que tenta entregar toda aquela atmosfera que sentimos em Limbo e Inside. A música de fundo tocada em piano é um ponto de destaque que vale ser ressaltado e fica melhor ainda contra os chefes, pois soa como uma hipnose e cada vez mais nos vemos imersos de uma forma bem profunda no jogo.
As cenas que vamos assistindo no decorrer do jogo são totalmente focadas no vazio existencial que podemos sentir em algum momento de nossas vidas. Com vozes distorcidas e imagens com cores sóbrias, te levam para o lado mais depressivo e assustador de quem talvez sofra de algum transtorno mental e Neversong consegue fazer isso com perfeição mesmo em cenas curtas. Mas logo após os momentos de reflexão, nos vemos controlando Peet novamente e a vontade de encontrar Wren é o sopro de esperança que temos logo após essas cenas que mexem bastante com o psicológico de quem está jogando.
Confesso que o game é curto, mas é feito na medida certa para que a mensagem criada pela Atmos Games chegue até você.
Com toda certeza o grande trunfo da Atmos Games em Neversong foi explorar o lado emocional, com um adicional de preocupação e autoajuda que consegui absorver após o encerramento do game, e tudo se encaixa perfeitamente.
E agora os meus sinceros sentimentos que absorvi em Neversong…
Levei cerca de 3 horas para concluir Neversong, bem pouco né ? Mas a mensagem deixada pelo jogo ficou presa em meus pensamentos por muito mais tempo que as 3 horas de gameplay controlando Peet.
Apesar de toda a escuridão que enfrentamos, terminei o game com uma alta dose de esperança para nossas vidas, pois o título toca em emoções naturais da condição humana, somos pegos com reviravoltas e narrativas que nos ensinam o valor da esperança. O game consegue ser tão profundo a ponto de fazer com que sentimos o peso da culpa por não estar presente na vida dos nossos entes queridos quando mais eles precisam de nós. Muitas vezes nós desejamos mudar o passado para ter resultados melhores no futuro, quanto na verdade precisamos seguir em frente com essas memórias para nos servir de guia. Neversong nos obriga a refletir sobre suas emoções mais profundas em forma de jogo em uma pequena amostra bem construída que pode agradar um grande público e principalmente aqueles que se identificarem com a mensagem por trás de uma simples tela de TV.
E só para finalizar, caso você leia esse texto até o fim e neste exato momento estiver passando por problemas psicológicos ou sofrendo por qualquer motivo que seja, conte para alguém em que você confia de verdade.
E em hipótese alguma perca a esperança!
Assim como foi a amizade de Peet e Wren, em Neversong…
A análise de Neversong foi escrita com base em uma cópia de Xbox One gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.
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