Análise Resident Evil 4: DLC Separate Ways (PS5)
Em Separate Ways a Capcom dá uma aula de como criar uma expansão ao explorar tudo que o jogo base tem de melhor e elevar sua experiência.
Que o remake de Resident Evil 4 foi um enorme sucesso isso não é novidade para ninguém. O jogo mais popular da série, que após ganhar inúmeras versões nos últimos – e que rendeu ótimos memes na internet por isso – finalmente foi refeito do zero assim como os títulos anteriores (RE 2 e RE 3). Mas, algo que todos os fãs, com certeza, sentiram falta assim que o jogo foi lançado fdo capítulo Separate Ways, que no jogo original ficava disponível após o término do jogo base.
Demorou um pouco, mas finalmente chegou!
Diferente do jogo original que onde esse capítulo era gratuito, dessa vez, você vai precisar desembolsar um dinheiro para jogá-lo – embora o valor esteja abaixo do que normalmente vemos por aí até mesmo para expansões.
Mas, será que o capítulo de Ada, faz jus a expectativa consegue manter o alto nível remake?
Caminhos diferentes
Como o próprio nome deixa bem claro, a DLC conta a história de Ada que segue um caminho paralelo ao de Leon, com acontecimentos e desafios diferentes do protagonista. Antes de entrar no mérito, devo dizer que nunca joguei este trecho originalmente. Claro que, assim como todo mundo, eu joguei o Resident Evil 4 original algumas vezes, mas nunca havia iniciado este capítulo, então tudo foi novidade para mim. E ainda bem que foi.
Fui surpreendido com essa expansão, que, com certeza, conseguiu manter o nível do jogo base. A aventura de Ada mesmo que conte uma visão diferente da história do jogo principal, já que a personagem possuí interesses diferentes dos de Leon, consegue trazer um ar de frescor tanto na jogabilidade como nos cenários, já que os apresenta por ângulos e perspectivas diferentes, além de mostrar alguns caminhos novos.
Além disso, consegue com maestria demostrar um pouco mais da personalidade de Ada que sempre foi tratada como coadjuvante em todos os jogos da série, com exceção para Resident Evil 6 em que ela possuí um capítulo inteiro. Mas assim como todos os seres humanos de bem, mas vamos fingir que esse jogo nunca existiu. É melhor assim.
Embora na série principal a personagem demonstre ser alguém fria e calculista, apenas em busca de cumprir seus objetivos sem se importar com quem entra em seu caminho, Separate Ways consegue demonstrar várias nuances da personagem criando para ela um carisma tão grande que me faz pensar se Ada não merece um jogo inteiro para si.
Gameplay ainda mais fluida
Na jogabilidade o jogo usa praticamente tudo do jogo base, quase uma variação do mesmo gameplay de Leon em um primeiro momento. Porém, existem grandes novidades que dão o charme especial dessa DLC. A personagem usa e abusa de aparelhos tecnológicos como, por exemplo, um gancho, bem similar ao de Batman nos jogos da franquia Arkham, e graças a esses aparatos o jogador consegue acessar os telhados das residências da vila ou chegar no topo das torres do castelo, além de ser aproveitado para alguns quebra-cabeças.
Como já dito antes, o jogo usa todo o gunplay de armas, granadas e facas de Leon, e também conta com os mesmos inimigos. Sei que isso pode parecer algo negativo, mas para mim, não foi. Em nenhum momento me senti incomodado por enfrentar os mesmos desafios, já sabendo como lidar contra eles. Mas a Capcom acertou tanto com o gameplay do jogo base que fica difícil recusar um novo chamado para testar um pouco mais.
Não entrarei em spoiler, mas foi de sagacidade genial do estúdio incluir na campanha da Ada alguns trechos que antes eram da campanha de Leon. Eu não vou citar nenhum deles, e reforço o pedido para que você não veja os trailers da DLC, porque eles acabam entregando pontos chaves da história. Então caso você tenha sentido falta de determinado trecho do original no jogo base, reforço ainda mais o pedido para que você jogue esta expansão.
RE Engine
Algo que preciso destacar em Separate Ways, que se estende para o jogo base, é o motor gráfico da Capcom que vem sendo utilizado desde Resident Evil 7. Originalmente a empresa tinha pensado em usar a engine somente nos jogos das franquias, como seu nome indica, mas devido a ótima recepção do público com ela a desenvolvedora japonesa começou a utilizá-la em todos os jogos da casa. As próprias sequências de Resident Evil, Devil May Cry V, Street Fighter VI e Exoprimal. E esse é um acerto gigantesco para manter uma identidade concisa da empresa.
A cada aparição da engine ela parece ainda melhor e mais bonita, e não é diferente aqui. Em vários momentos eu parei para observar a beleza dos cenários, além da modelagem dos personagens absolutamente lindas e muito realistas.
Somado a tudo isso, o fato de o jogo ser absurdamente bem polido: não tive nem um único bugs, problemas com save ou queda de frames, só fazem dele uma aquisição obrigatória.
Nas máquinas de nova geração, o jogo conta o modo performance que prioriza o FPS e o gráfico que prioriza a resolução. Mas, mesmo no modo destacando os gráficos e com tecnologia de fios de cabelo ligado, o jogo varia pouco entre os 30 fps a 60 fps, entregando um balanço perfeito que torço muito para encontrar em outros jogos.
Uma aula de conteúdo extra
Separate Ways foi uma enorme surpresa para mim! Me trouxe um enorme frescor para a história original, com um gameplay ainda mais refinado que seu jogo base. Aliado ao seu preço justo, a Capcom dá uma verdadeira aula para outras desenvolvedoras de como entregar um conteúdo extra de qualidade. Ainda destacando o fato do jogo estar 100% localizado em PT-BR, e contando uma excelente dublagem.
A desenvolvedora japonesa mantém sua excelente fase com jogos de extrema qualidade nos últimos anos e com tudo que é entregue aqui, mal posso esperar para o próximo capítulo da franquia. Seja em Resident Evil 9 ou no remake de RE 5.
Se você gostou do jogo base, com certeza você irá amar a jornada de Ada.
A análise de Separate Ways foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Disponível para PS4, PS5, PC e Xbox Series.