Análise Ruiner (PS4)
Ruiner é um twin-stick shooter com visão isométrica e temática cyberpunk com visuais, jogabilidade e trilha sonora excelentes, mas com uma narrativa que poderia ter sido muito melhor explorada.
Ruiner finalmente foi lançado para Nintendo Switch ontem, 18 de junho de 2020, apesar de já estar disponível para Xbox One, Windows, Mac, Linux e PlayStation 4 desde 25 de setembro de 2017.
Eu joguei recentemente no PS4 e fiquei com vontade de falar mais sobre, mas como já era um game lançado a um tempo considerável não achei que caberia em um review aqui para o Conversa, mas agora com o lançamento para o portátil da Nintendo surgiu uma boa oportunidade para isso, então vamos lá.
Desenvolvido pelo estúdio polonês Reikon Games e publicado pela Devolver Digital, Ruiner me impressionou em vários pontos enquanto me decepcionou levemente em alguns poucos e às vezes esses sentimentos atuavam em conjunto.
A narrativa é centrada em um protagonista mudo que usa uma máscara tecnológica que funciona como uma tela para os seus sentimentos (não que você expresse algo além de um desejo de vingança implacável), na busca para encontrar o seu irmão que foi capturado por uma organização multimilionária que controla a decadente cidade de Rengkok em 2091.
Contudo, o ponto que Ruiner mais peca, na minha opinião, é na sua história simples e de certa forma previsível, existe um plot twist no final, mas até chegar a esse ponto você já entendeu o interesse e motivação por trás das ações dos personagens tanto aliados como opositores, e apesar disso nem sempre ser de todo ruim acredito que pela temática e ambientação do game ele poderia ter feito muito mais.
Tão Punk quanto Cyber
Por falar em ambientação, a temática cyberpunk de Ruiner é um dos retratos mais incríveis desse tipo de narrativa que tive contato dentro dos videogames recentemente.
A cidade têm seus neons brilhantes característicos, a tecnologia caótica que mescla inovação e decadência e a consequente desumanização das pessoas em um mundo opressivo e individualista.
E Ruiner faz isso de forma perfeita ao combinar visual variando entre tons monocromáticos e ambientes com cores berrantes estouradas com uma trilha sonora maníaca que dá ao jogador um sentimento de opressão e claustrofobia.
Por conta disso em vários momentos você vê referências a animes clássicos como Akira ou Ghost in the Shell, assim como obras um pouco menos conhecidas no ocidente como Cyber City Oedo 808, com toques de um dos filmes que mais gosto do cineasta Nicolas Winding Refn: Drive, de 2011.
Em matéria de ritmo, Ruiner aposta em um gameplay frenético e rápido, o jogo é bem desafiador nas maiores dificuldades e um tanto trivial nas dificuldades mais baixas, então na sua primeira jogada talvez o normal seja a melhor escolha.
Mas se optar por começar direto no difícil não se preocupe, não existem maiores punições em Ruiner ao morrer e aos moldes de games como Hotline Miami, publicado pela própria Devolver, o retorno a vida é instantâneo, sem nem mesmo um loading significativo.
Ruiner quer que você fique sempre em movimento, trocando de arma frequentemente, usando ataques corpo a corpo e indo de arena em arena derrotando inimigos e Chefões variados de acordo com a temática de cada fase.
Essas fases são divididas em múltiplos cenários menores que funcionam como pequenas arenas e ao final de cada uma dessas áreas uma pontuação é atribuída baseada na velocidade ao derrotar os inimigos e dano sofrido. Esse score é convertido em créditos de carma que podem ser usados para desbloquear upgrades para o personagem, como mais vida, energia, um escudo, granadas, maiores cargas de dash, etc.
Esses upgrades são essenciais para as fases finais de Ruiner já que até inimigos mais comuns começarão a usar alguns truques novos como teleporte e escudos, ou mesmo tentar te vencer através de números, tornando sua morte cada vez mais eminente se você vacilar.
KILL BOSS KILL BOSS
Infelizmente essa quantidade crescente de inimigos em alguns cenários pode criar um sentimento de imprecisão já que você precisará desviar usando o dash múltiplas vezes, tornando tudo mais caótico.
Mas até o caos tem o seu charme em Ruiner.
Em relação à duração, o game é curto e não vai tomar do jogador mais do que 5 ou 6 horas em uma primeira jogada, dependendo obviamente da dificuldade escolhida e da habilidade, e essa duração o torna perfeito para o Nintendo Switch.
Para estender sua vida útil Ruiner tem um modo arena bem desafiador, onde não se pode usar os upgrades conquistados na campanha e sim melhorias aleatórias conquistadas a cada onda completada, além de um modo speed run.
Como recompensa por terminar esses modos o jogador recebe trajes temáticos para customizar o personagem, como uma roupa inspirada em Kill Bill, um traje punk cheio de espetos, ou ainda uma roupa coberta de sangue, bem condizente com a temática do game, além de algumas outras.
Em resumo, consigo recomendar Ruiner para quem gosta de um twin-stick shooter frenético, com duração condizente para o seu escopo e valor, principalmente pelo seu visual, temática e trilha sonora excepcionais, sendo minha ressalva mais significativa em cima da narrativa, que poderia ser mais bem construída em volta do tema riquíssimo que aborda.
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