Análise Scott Pilgrim vs The World: The Game Complete Edition (Nintendo Switch)
Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition traz de volta o Beat’em Up que introduziu boas mecânicas no gênero.
Alguns gêneros clássicos da era 16 bits mantêm-se firmes com o passar do tempo dentro do universo dos videogames. Jogos de plataforma, RPGs e metroidvanias, por exemplo, estão aí desde que os consoles começaram a estragar as televisões nas casas do mundo todo. Infelizmente, os jogos de porrada são uma exceção. Um dos gêneros mais queridos dos games, que incentivava as crianças da década de 1990 a acariciar a face de transeuntes com os punhos fechados e catar comida do chão, tem bons lançamentos cada vez mais raros. No entanto, os jogos lançados possuem características únicas que refinam o estilo e modernizam a simulação de uma das atividades mais primitivas do homo sapiens, que é descer o cacete em alguém que está andando na rua. Esse é o caso de Scott Pilgrim Vs The Word: The Game – Complete Edition, jogo lançado originalmente para Xbox 360 e PlayStation 3 e que agora ganha uma edição especial em comemoração do aniversário de 10 anos.
Scott Pilgrim versus
A premissa do jogo (adaptado de uma HQ e um filme) é bastante original: Scott Pilgrim e Ramona Flowers estão apaixonados, mas Ramona tem um passado romântico conturbado e agora 07 ex-amores malvados uniram-se para atrapalhar o relacionamento do casal. No início do jogo podemos escolher entre os 06 personagens jogáveis, Scott Pilgrim, Ramona Flowers, Stephen Hill, Kim Pine, Knives Chau e (ufa!) Wallace Wells. Cada um deles possui movimentos próprios e progresso próprio na campanha, o que na prática significa que são 6 campanhas diferentes no jogo, uma com cada personagem (não dá pra iniciar um jogo com Scott Pilgrim e continuá-la com Ramona, por exemplo).
The World
Scott Pilgrim Vs The World: The Game – Complete Edition, possui gráficos cartunescos em arte pixelada bastante simples e com uma abordagem artística interessante que de certa forma remetem ao estilo da HQ (com a diferença de que o jogo não é em preto e branco). No entanto, a parte os gráficos possuem cores sólidas e grandes contornos e, embora seja competente, não traz a beleza gráfica de outros títulos Beat’em Up como River City Girls ou Mother Russia Bleeds. Ainda assim, há uma variedade interessante de cenários e referências visuais bacanas (o mapa das fases é bem legal) e caracterização bem legal dos personagens, cada um com sua própria identidade visual. Em resumo, o jogo não é o mais bonito do mundo, mas tem seu carisma.
Por outro lado, a trilha sonora não é tão boa. Claro que existe quem goste do gênero “keygen” ou “chiptune” trazido pela banda Anamanaguchi, baseada em Nova Iorque. Embora tenha seu apelo, esse estilo musical me pareceu não casar bem com a proposta Beat’em Up e a temática quase indie/hipster/emo do jogo. Eu realmente achei que a música iria para outro lugar em algum momento e que o chiptune evoluiria para algo mais contemporâneo (afinal, é um relançamento modernizado), mas tive minhas expectativas frustradas. Se você gosta do estilo, ouça a trilha sonora no Spotify. Apesar da música não me agradar, em termos de aspectos técnicos, o design de som é excelente de um modo geral.
The Game
Chegamos então ao ponto forte do jogo, a excelente jogabilidade. Como eu disse lá no início do texto, Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition trouxe novos elementos ao gênero da porradaria com a inclusão de um sistema de progressão bastante simplificado, mas que é responsável por aumentar as possibilidades e enriquecer bastante o gameplay.
Basicamente, como na maioria dos Beat’em Up, podemos bater nos inimigos com golpes fracos e fortes (porrada e chute, respectivamente), além de pular, correr, abaixar e defender-se. Também é possível agarrar os inimigos para bater ou arremessá-los contra os demais.
Além da pontuação de vida (HP), existem os “Gut Points” (GP) que servem para três coisas: aplicar golpes especiais (um golpe único de cada personagem), chamar um amigo para dar um pouco de dano em todos os inimigos da tela ou reviver o personagem quando a vida acaba (a quantidade de GP restante preenche o HP). Uma vez que o personagem foi revivido e não restar mais GP, é consumida uma vida, das 03 disponíveis, sendo importante usar os “Gut Points” com sabedoria pois Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition não é exatamente um jogo fácil.
Eu ousaria dizer que a dificuldade é levemente desequilibrada, pois o modo fácil (Average Joe) é quase normal, o modo normal (Rough and Tough) é bem difícil e, para ser honesto, sequer cheguei perto da dificuldade mais alta (Supreme Master). Mas para nos dar alguma chance de sobreviver no meio de tanta porradaria, nossos personagens podem ser melhorados.
Como em um RPG, os personagens podem subir de nível e desbloquear uma nova ação como rolar, dar salto duplo, um super soco entre outras melhorias que ampliam as possibilidades para acertar os inimigos e desviar ou defender seus golpes. Todavia, não é possível escolher quais as melhorias, ainda que dê para verificar na tela de status do personagem quais serão os próximos desbloqueios. Também é possível comprar comidas ou itens em lanchonetes (catar comida do chão é coisa do passado) ou lojas distribuídas pelas fases para melhorar os atributos dos personagens como velocidade, força, defesa e determinação (que influencia os GP).
Parecem mecânicas e estatísticas demais, mas na hora do jogo tudo flui de maneira adequada, com a ressalva de que não há descrição do efeito de cada item consumido (a gente só descobre depois que consumiu) e o jogo não possui textos em português, o que pode atrapalhar. No fim das contas, como os principais upgrades são automáticos, basta comprar tudo que tiver nas lojas e o problema está resolvido.
Complete Edition
Para fechar o pacote dessa edição de aniversário, a Ubisoft trouxe vários modos extras a começar pelo multiplayer online e local de até 04 jogadores para completar a campanha do jogo. Além disso, existem outros modos de jogo como survival horror, battle royale, boss rush e dodge ball (no Brasil conhecido como “queimada”), também com multiplayer, mas apenas local. Infelizmente, não tenho amigos para convidar e não consegui encontrar jogadores aleatórios para ingressar na campanha online.
No fim das contas, Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition entrega muita coisa e possui um grande fator de replay, agregando muito valor ao produto que, além de tudo, está custando um quarto do preço de um jogo de lançamento nos consoles. Excelente relação de custo-benefício!
Conclusão
Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition é um excelente Beat’em Up com um sistema de progressão de personagens como em um RPG que, mesmo que simplificado, melhora o gameplay conforme avançamos pelo jogo. Os gráficos não são maravilhosos, mas tem personalidade e uma trilha sonora interessante. Se você gosta do gênero, não vai se arrepender.
Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition foi desenvolvido e distribuído pela Ubisoft, com lançamento em 13/01/2021 para PC, Xbox One, PlayStation 4, Google Stadia e Nintendo Switch.
A análise foi feita na versão digital para Nintendo Switch gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.