Análise SpeedRunners (Nintendo Switch)
Um jogo simples, divertido e surpreendente. Pessoas fantasiadas correndo sem nenhum propósito, mas com um gameplay tão coeso que qualquer questionamento desaparece em meio à diversão: isso é SpeedRunners!
Lançado originalmente para navegadores de Internet (sim, em Flash), SpeedRunners trilhou um longo caminho até chegar no Nintendo Switch. Começando pelo Xbox 360 em 2013, chegando na Steam em 2016. Despontou na geração atual de consoles em 2017 e agora, em pleno ano de 2020, encontra nova morada no console híbrido da Nintendo.
O jogo conta com um modo campanha e modo versus, em que é possível jogar em co-op local ou pela online. Na campanha controlamos SpeedRunner, uma espécie de super-herói que é desafiado por outros paladinos para mostrar sua real habilidade… na corrida. Com o tempo, descobrimos que todos os personagens do jogo são super-heróis que tiveram seus “empregos” (por assim dizer), abalados com a chegada de SpeedRunner (afinal ele é mais rápido que todos) e resolvem disputar o controle de New Rush City por meio de corridas. Basicamente, quem perder fica de fora. Esse é o fiapo de roteiro do game.
Beleza não se põe à mesa, mas é bem-vinda
Visualmente, SpeedRunners é bem bonito, apresentado com gráficos que parecem ter saído diretamente de um desenho animado da Cartoon Network (com um leve toque da Pixar de Os Incríveis) sem muita textura ou pixel art. As corridas se desenvolvem em cenários circulares em 2D, no estilo side-scroller e mesmo em momentos de maior velocidade, o desempenho não fica comprometido. Aliás, o desenrolar do jogo é muito competente, que flui passando muito bem a sensação de velocidade nas corridas.
No entanto, os gráficos simples comprometem a apresentação do jogo, pois as telas de transição, em que aparecem os personagens, diálogos e as conquistas pós corrida, por exemplo, poderiam ser mais bonitas. Penso que não custaria muito os desenvolvedores capricharem um pouco nas artes para esse lançamento do Nintendo Switch, sobretudo se pensarmos que o jogo está pronto desde 2013.
Velozes AND Trapaceiros
As músicas do jogo são muito boas, com temas que evocam aventuras dos anos 1960 e 1970, lembrando as trilhas de filmes como James Bond e Missão Impossível. Uma pena que parece que o jogo tem apenas umas 3 ou 4 músicas diferentes, que ficam repetindo-se indefinidamente. Ao menos, elas são muito boas mesmo. Os efeitos sonoros são econômicos, mas eficientes e contribuem bem para o conjunto da obra.
Os movimentos dos personagens são muito fluídos e cada um possui uma pequena variação de corrida e saltos, o que lhes confere uma certa personalidade muito bem-vinda. Os competidores também são carismáticos, com fantasias totalmente galhofa, como Homem-Tubarão e Homem-Unicórnio.
Mas são nas mecânicas que o jogo brilha, pois SpeedRunners é econômico, mas altamente eficiente. Basicamente, o jogo se desenvolve em um cenário em 2D, no estilo sidescroller, em cenários “cíclicos”, tal como um circuito mesmo. A câmera segue apenas o primeiro colocado da corrida. Assim quem ficar para trás, no fim da tela, é eliminado. Ganha quem terminar em primeiro lugar em 03 corridas.
que maravilhaaaa #SpeedRunners #NintendoSwitch pic.twitter.com/XVyqsMU8FV
— tiagohardco ✝🍺🍕🎮🤘 (@tiagohardco) March 31, 2020
Run Like Hell!
Após a eliminação do último colocado, a moldura da tela começa a diminuir, deixando cada vez menos espaço para os corredores que estão atrás do líder. Isso faz com que a corrida exija movimentos cada vez mais precisos dos corredores, pois qualquer erro significa eliminação. Uma fórmula certeira para equilibrar desafio e diversão.
Fiquei maravilhado com o level design de #SpeedRunners #NintendoSwitch pic.twitter.com/JrQuF1FNGr
— tiagohardco ✝🍺🍕🎮🤘 (@tiagohardco) April 7, 2020
O jogo se utiliza de apenas 07 mecânicas: corrida, pulo, uso de item, deslizamento no chão, balanço no ar (em um gancho que permite que os corredores balancem tal qual o Homem-Aranha) e, se você perder precocemente, o congelamento dos adversários para que a partida entre os bots termine mais rápido. Dito isso, SpeedRunners tira leite de pedra e consegue entregar um gameplay coeso e que só melhora conforme avançamos.
Em dificuldades mais altas o desafio é tão intenso que a resposta ao que está na tela é quase instintiva, sem pensar. Tudo na base da memorização do cenário, memória muscular e reflexos. Uma escalada de dificuldade e diversão muito rara de se ver, com mecânicas muito bem balanceadas e um level design primoroso, que favorece a fluidez das corridas. Até mesmo congelar os bots pode ser usado de maneira estratégica. Confesso que fiquei muito positivamente surpreso, sobretudo porque SpeedRunners, à primeira vista, não parece entregar tanto.
Como lágrimas na chuva…
Infelizmente, a campanha (se é que podemos chamar assim), tem apenas 16 corridas, 04 contra contra cada “antagonista”. Para aumentar a longevidade, SpeedRunners conta com um modo versus e multiplayer online, sendo que as pistas e personagens são desbloqueados através da campanha principal (que pode ser repetida várias vezes em dificuldades diferentes). Alguns itens cosméticos precisam ser desbloqueados com dinheiro do mundo real, mas nada que impacte no gameplay ou no desempenho dos personagens.
Enfim, SpeedRunners preenche todos os requisitos de um bom jogo: bons gráficos, boas músicas, excelente desafio e muita diversão. Uma pena que seja um jogo tão curto, pois poderiam ter sido implementadas melhorias desde que foi lançado pela primeira vez. Ainda assim, a parte que interessa (diversão) acaba se sobressaindo, pois de nada adianta um jogo belíssimo e chato. Como é um jogo curto, compre por um preço bem camarada e não irá se arrepender.
SpeedRunners foi desenvolvido pela DoubleDutch Games e publicado pela tiny Build games e está disponível para Xbox One, PlayStation 4, PC Master Race, Linux, MacOS e Nintendo Switch. A análise foi feita com base em uma cópia de Nintendo Switch gentilmente cedida pelos desenvolvedores.