Análise Star Wars Republic Commando (PlayStation 4)
Star Wars Republic Commando é um remaster bem vindo de um jogo muito amado pelos fãs e que se perdeu na galáxia muito distante.
Tudo Começa em Kamino
Em Republic Commando, vamos para o front de batalha na pele do líder de um grupo de elite chamado Delta Squad que conta com outros três clones treinados desde a infância especificamente para compor este pelotão. Oficialmente, nossos irmãos de batalha são conhecidos por números: 07, 40 e 62 mas nos referimos a eles pelos seus apelidos: Sev, o sniper; Fixer, o hacker; e Scorch, o especialista em demolição. A distinção entre eles, no entanto, se limita à voz, armadura e personalidade, já que quando o pau quebra, todos assumem a mesma posição de ataque até que nós (Boss) demos uma ordem aos companheiros.
Essa dinâmica de dar ordens aos companheiros de equipe não é novidade hoje como não era novidade à época já que os jogos de tiro tático, notadamente o supremo S.W.A.T. 4, lançado mais cedo naquele mesmo ano, estavam no mercado já fazia alguns anos, e foi muito bem vinda em um jogo de Star Wars, acostumado com protagonistas solitários, normalmente um Jedi.
Uma distinção interessante desse jogo para os da série Jedi Knight que já analisei aqui para o Conversa de Sofá (Outcast e Jedi Academy) está no design das fases, aqui muito mais linear e marcado por “set pieces”, eventos ativados pelo avanço do jogador como uma nave no céu ou o surgimento de um esquadrão de droids de batalha que surge após uma parede ser explodida. O cenário também perde um pouco dos detalhes em comparação com as aventuras de Kyle Katarn, uma contradição interessante para um jogo em primeira pessoa, embora os outros jogos possuam câmera nas duas perspectivas.
Nossas ordens iniciais são para perseguir e eliminar um agente inimigo e daí em diante seguimos juntos por vários planetas e encontramos ~certos personagens~ consagrados pelos filmes. Ação tática simplificada e muito carisma são a principal marca de Republic Commando e foram essas características que encantaram os fãs do jogo original em 2005. Mas nem todo carisma do esquadrão Delta é suficiente para superar algumas inadequações que esse remaster trouxe consigo.
Controles e dificuldade
De cara, a configuração dos botões é a principal falha desse remaster e infelizmente, algumas opções são imutáveis enquanto outras podem ser ajustadas.
Das que não podem ser ajustadas, a pior escolha fica por conta da função “zoom” das armas que é, na prática, o atual comando para mirar com a retícula do rifle de energia, e o comando para abaixar-se. Enquanto a mira da arma é acionada e precisa ser desacionada pressionando um botão (eu coloquei essa função no L2, obviamente), o comando para abaixar-se é feito segurando um botão, uma péssima transposição da função de um botão de teclado de computador e que torna esse comando praticamente inútil nos controles, a não ser que você decida ocupar um dos gatilhos. Um anacronismo que talvez não possa ser corrigido já que as opções do menu, transposto diretamente da versão original de 2005, não dão essa opção.
Outra ausência nos controles é que não é possível correr no jogo. Isso mesmo. Esteja você em uma situação de desespero com todos os seus companheiros caídos ou em um passeio no parque, andará sempre na mesma velocidade.
Algo que me pegou de surpresa foi a dificuldade. Mesmo no modo normal, Republic Commando exige que o jogador tome certas precauções e utilize todos os seus recursos que possui à mão, das granadas às modificações do seu rifle que podem ser equipados e o transformam em um rifle de precisão e um lança granadas. Alguns inimigos irão exigir que você e seus companheiros façam dele o alvo principal porque possuem ataques muito poderosos ou estão atrás de torres antiaéreas. Os Super Battle Droids, por exemplo, além de serem muito mais resistentes que os droids comuns, também possuem escudos que precisam ser desabilitados com granadas de pulso eletromagnético ou com muito tiro concentrado e caso você não trate de organizar a ação do seu esquadrão Delta, vocês serão despachado sem cerimônia, um soldado de cada vez.
A impressão que se tem é que, diferentemente dos jogos anteriores publicados pela Aspyr, Republic Commando usa assets em menor resolução. Essa aparência pode ser causada pelo HUD que ocupa uma parte considerável da tela, imitando um capacete – motivo de um dos efeitos mais legais que já vi em um jogo em primeira pessoa – e pelos ícones que aparecem na tela quando damos ordens aos nossos companheiros de esquadrão. Talvez esse seja um remaster feito tomando a versão de Xbox como base, mas não tenho como saber exatamente.
Por fim, a importância desse remaster, e dos demais, é maior que a qualidade do produto propriamente dito já que apesar de estar disponível para PC e Xbox Series X, Republic Commando nunca havia sido lançado para PlayStation e infelizmente nunca recebeu uma sequência, mesmo com o imenso potencial que possui e de ter sido muito elogiado à época.
Se você é fã de jogos de tiro e quer conhecer essa parte da história dos jogos da Lucas Arts no conforto do seu PlayStation 4, Star Wars Republic Commando é uma boa indicação, mesmo com seus problemas. A novidade que o jogo propõe em termos de jogabilidade tática para a série Star Wars e os personagens carismáticos fazem dele, um jogo único frente aos demais da mesma categoria.