Análise Starfield (Xbox Series S)

Starfield entrega uma imensidão de conteúdo com gameplay refinado e ótimas atividades paralelas, mesmo que a parte técnica seja um pouco ultrapassada.

Starfield

“Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço”.

Creio que ao menos uma vez na vida você já ouviu essa frase de Carl Sagan em algum lugar. Afinal de contas, poucas coisas chamam mais a atenção dos seres humanos do que a imensidão espacial que órbita nossa galáxia. Até por que, nós, curiosos que somos, temos anseio pela descoberta, para buscas entender o desconhecido.

Jogos, filmes, literaturas, desenhos e outras obras já realizaram inúmeras imaginações sobre o que pode existir lá fora, já que certeza, temos praticamente nada.

Starfield, o novo jogo da Bethesda, chega para inserir mais um de reimaginação nesta imensidão de pensamentos sobre o espaço, e talvez trazer para os videogames, a melhor representação de jornada espacial já produzida, mas será que eles conseguiram?

Destaco que não darei spoilers de história do jogo, mas falarei de algumas mecânicas que caso você não queria saber, recomendo que você jogue primeiro, e depois volte aqui.

O que é Starfield

Starfield é o jogo mais Bethesda que você pode imaginar. E digo isso no bom sentido. Caso você seja um grande fã de Skyrim, saiba que você rapidamente irá se ambientar com a dinâmica do jogo e como ele evolui. Sinto na verdade, que a desenvolvedora nem se preocupe muito em alterar essa “fórmula”, e, que faça seus jogos para seus fãs. É importante destacar isso, por que vejo muitas pessoas que não gostam da maneira como a empresa conta suas histórias ou desenvolve seus personagens, então fique atento isso.

Starfield

Para mim, foi diferente. Isso por que, eu como qualquer pessoa que gosta de vídeo games, já jogou os mais aclamados da empresa, mas nunca fui muito afundo de fato em nenhum deles. E isso foi um aspecto positivo durante minhas 40 horas de jornada, já que tudo parecia novo.

Ou seja, saiba que seu personagem não possuir fala, somente seleção das falas e escolhas ao longo da jornada. Você nunca irá ou pouquíssimas vezes verá uma cutscene cinematográfica onde seu personagem é inserido e externa seus sentimentos e pensamentos com mais expressividade. Tudo se baseia em conversas diretas, com câmeras focadas nos rostos do personagens, onde você escolhe os diálogos.

Confesso, que no início isso me afastou um pouco do jogo, mas conforme a história ia se desenvolvendo e os personagens se tornavam mais próximos de você, isso passou longe de ser uma preocupação para mim, e rapidamente fui inserido na proposta do jogo. Mas, destaco isso, por que sei que isso é um grande problema para alguns.

Mas este mérito de Starfield, se deve para excelente escrita que o jogo possui. Com debates atuais, escolhas que realmente causam impacto e reflexões profundas. Ou seja, 100% Bethesda. Ser mais “engessado” acabou não sendo um problema mim.

Uma história ótima, mas existem melhores

A narrativa de Starfield começa morna, muito morna, o que direi aqui, pode causar impacto, mas foi algo que ouvi bastante e concordo totalmente: “As primeiras horas são muito ruins”. Calma. Eu vou explicar. Tenho certeza que você já jogou algo em sua vida, que nas primeiras horas você recebe uma imensidão de informação que você não consegue guardar e vai perdendo seu interesse pela história, mas algo de muito profundo acontece, e você volta a ficar completamente preso no jogo né. Pois é, Starfield é justamente o contrário.

Nada acontece. Tudo se resume a ir de um lado para outro, onde absolutamente nada é explicado e você segue somente o fluxo de missões principais onde vai vendo inúmeras coisas acontecendo, e você para e se pergunta: Tá, e guando vão me ensinar como eu me curo, pois é, não vão.

Starfield

É como se aquele mundo já existe e você foi literalmente inserido em uma busca misteriosa, que você precisa por si só, entender a dinâmica das coisas.

Mas, depois de algumas missões, tudo fica um pouco mais claro, e você finalmente se sente um pouco mais inserido na jornada, que sim, é ótima, embora ela caia um pouco no “normal” em histórias espaciais, mas há si momentos emocionais, de angústia ou de pura ação.

Porém, meu destaque fica para as histórias secundárias. Que são excelentes! E, em muitas casos, muito melhor que a principal. Eu recomendo fortemente que você jogue com paciência e com tempo, por que há inúmeras histórias que valem a pena serem vividas e apreciadas. Recomendo a missão da sua nave, que tem um excelente desfecho que ficará comigo por um bom tempo.

Ao quase infinito e quase além!

Desde seu anúncio oficial em 2018, em uma conferência da falecida E3, Starfield foi vendido como o maior jogo já feito da Bethesda e o ápice da exploração espacial. É verdade que não são muitos jogos que almejaram entregar a exploração definitiva, mas foi uma baita desafio assumido pela desenvolvedora e pelo seu diretor Todd Howard, ainda mais quando ele disse que teríamos mais de 1.000 planetas para explorar.

Cockpit da sua nave

Eu não sei você, mas sou do time “menor e mais denso”, do que “maior e maior”. Sempre fiquei preocupado com a ambição do time de querer entregar algo tão profundo, sendo que ele precisaria rodas em máquinas como o Xbox Series S, que sim é bem potente, mas não se compara as tecnologias principalmente em computadores que possuímos nos dias atuais. Então é claro e evidente que não seria bem assim. E bom, não é.

Eu não sei quantos planetas existe em Starfield, mas são centenas. Porém suas explorações são muito superficiais. Não existe muita diferença de um planeta para outro a não ser uma paleta de cores ou condições do planeta. Tudo que nele existe se assemelha a todos os outros, como bases de inimigos, alguns animais alienígenas que em algumas vezes são encontrados em mais de um lugar e principalmente a limitação clara de até onde você pode ir.

É óbvio que nunca imaginei explorar um planete inteiro. Isso seria uma insanidade. Mas a limitação é tão pequena, e sua variedade é tão inexistente, que é difícil não se decepcionar. Em todos eles você se depara com os famosos “muros invisíveis” limitando sua exploração.

Isso bate perfeitamente com a decisão do estúdio de não inserir automóveis. Inicialmente disseram que seria para preservar a parte artística do jogo e fazer com que o jogador realmente visse tudo que o planeta tem a oferecer. Mas fica claro que com carros, tudo pareceria ainda menor. Você rapidamente se chocaria com um muro invisível, tornando a exploração muito rasa.

Pouso no planeta

Além disso, o fato de você não poder sair de um planeta pilotando sua nave ou aterrizando, também são uma decepção. Tudo é resolvido por viagens rápidas, tanto para entrar quanto para sair. Até existe uma animação para ambas situações, mas convenhamos que não é mesma coisa.

Isso choca com que disse. Creio que o passo foi muito maior que perna. O foco entregar mais e mais, acabaram limitando a equipe sobre até onde densidade seria um fator.

Mas, destaco que o espaço que é sim é enorme. Eu até tentei ir de um planeta para outro sem usar a viagem rápida, mas desisti, é simplesmente impossível. Andei por cerca de 20 minutos e pareceu que não andei nada.

Gameplay fluído e divertido

Eu confesso que sempre que via um trailer de jogabilidade de Starfield, eu ficava pensando, “poxa, será que isso é divertido”. Isso se devia ao fato de ser um jogo FPS, com foco total na ação em troca de tiros. Claro que isso não é o problema. Mas me preocupava se um jogo tão grande, conseguiria se sustentar somente usando de tiros. Mas, me enganei, e, é sim, para minha surpresa, um jogo é muito divertido.

Você pode jogar tanto em primeira pessoa ou em terceira pessoa, e recomendo que você faça como eu, exploração com câmera nos ombros e troca de tiros em primeira pessoa. O jogo possui uma vasta e infinidade de armas com variados tipos e efeitos, além de ser possível modificá-las, evoluí-las a seu gosto, deixando o gameplay do jeito que você preferir. O jogo até possui uma mecânica de stealth, mas eu não sou este tipo de jogador, e nem recomendo. Vá para ação que vale a pena.

Starfield

A resposta das armas são excelentes, o impacto que ela causa nos inimigos seja humanos, robôs ou monstros são sempre excelentes.

Algo que não sabia, é que seu personagem possui poderes, que auxiliam demais o gameplay deixando ainda mais divertidos se bem utilizados. O que talvez até facilite demais determinadas batalhas, mas o que importa mesmo é a diversão e Starfield entrega, e muito neste ponto.

É lindo, mas é feio!

Desde o lançamento de Starfield no dia seis de setembro, minhas redes sociais foram completamente inundadas de posts de gente criticando e elogiando os gráficos do jogo. Claro que não estou inserindo neste ponto comentários de fanboys que esses não valem a pena serem ouvidos. Mas, de gente séria e que ama vídeo games.

Eu joguei no Series S, e tinha um baita medo se a máquina conseguiria tancar o game. E fico imensamente feliz em dizer que a experiência foi ótima. Claro que houve uma queda de frames aqui e ali, ou uma textura que não carregou, mas de forma geral, não houve nada que estragou minha experiência e caso você tenha este medo, digo que jogue tranquilamente.

Porém, eu devo dizer que a parte gráfica do jogo foi um mistura de queixo no chão com careta. Vou direto ao ponto, tecnicamente o jogo não impressiona. Mas em nenhum momento o achei feio.

Minha maior decepção, fica por parte das modelagens e expressões dos personagens e NPC. Com disse lá atrás, este é um jogo da Bethesda em seu estado puro. Então, há câmeras focadas nos rotos dos personagens o tempo todo. Porém, isso também destaca, a quase inexistente expressão facial de todos os personagens. Elas não existem. Isso acaba tirando o peso de alguns diálogos pois a expressão do personagem, não condiz com o que está sendo tradado.

Expressões faciais em Starfield

Além disso, algumas texturas mereciam mais cuidado, principalmente de todas as cidades do jogo. Querendo ou não, isso se torna sim um problema, por que claramente poderia ser feito um trabalho melhor nestes trechos.

Mas, a parte especial do jogo é sim de cair o queixo o que acaba rendendo fotos belíssimas. Chegar em um planeta e ter outro a poucos quilômetros de você, junto daquela imensidão de estrelas, é simplesmente mágico.

Ponta do Iceberg

Mesmo após tantas horas de jogo, eu sinto que não fiz praticamente nada em Starfield. Ainda há inúmeras de mecânicas para se fazer com mais profundidade como personalização de sua nave que é um pouco complexa, mas de um cuidado impressionante e absurdamente profundo. A possibilidade de criar bases de pesquisas nos planetas que você visita, além da infinidade de itens que o jogo possui, que ainda preciso descobrir sua real utilidade.

É realmente impressionante a imensidão que a Bethesda conseguiu entregar aqui. Seja com conteúdos, personagens, missões secundários, trabalhos e relacionamentos. Por que sim, dá para casar no jogo.

Novamente eu reforço o pedido para que você jogue com calma e com tempo, para que você possa realmente aproveitar tudo que essa imensidão tem para lhe oferecer, por que é impressionante a quantidade de conteúdo que este jogo consegue entregar.

Fico pensando no que a desenvolvedora inda poderá fazer com este jogo, com futuras expansões, deixando tudo ainda mais impressionante.

Pode até não ser um jogo que chame a atenção de todos em um primeiro momento devido à sua estrutura, porém tem potencial para cativar jogadores com uma gameplay refinada e histórias extremamente bem contadas. Uma pena que nem todas as promessas foram cumpridas e alguns aspectos técnicos deixam a desejar, e querendo ou não isso influencia diretamente nossas opiniões, sem isso essa seria uma aventura ainda melhor.

Paisagens de Starfield

A análise de Starfield foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Também disponível para Xbox Series X, PC e Microsoft Cloud.