Análise Street Fighter 6 (PS5)
A Capcom consegue reerguer a franquia com Street Fighter 6 e criar o jogo (quase) definitivo para o gênero.
“Jogos de luta são todos iguais e estão ultrapassados porque não tem muito para onde eles evoluírem, além dos gráficos”.
Decidi iniciar esta review com essa frase comumente ouvida entre alguns jogadores porque em determinado momento eu mesmo cometi o grave erro de acreditar nela. Jogos de luta, assim como outros gêneros, podem ser considerados como de “nicho”, c com um público muito específico. Mas é besteira, e ingenuidade, negar sua importância para a história dos vídeos games.
Afinal de contas, tenho certeza de que qualquer um, jogador ou não, já ouviu pelo menos uma vez na vida as palavras “hadouken” ou “shoryuken”. E isso diz mais do que qualquer coisa que você possa ler neste texto — mas continue lendo, por favor.
Falando brevemente sobre meu relacionamento com jogos de luta, eles fizeram parte da minha vida, principalmente na era do Super Nintendo, com Street Fighter 2 e Mortal Kombat 2 e 3 – e no primeiro PlayStation e fliperamas com The King of Fighters e Tekken.
Acho que boa parte das pessoas, que cresceu ali nos anos 90 e início dos 2000, possuem um relacionamento com esse tipo de jogo bem parecido com o meu. Mas afinal de contas, por que estou dizendo isso? Porque acho necessário alertar você que em algum momento tenha pensado que este gênero está ultrapassado, pois não há evolução, que você está completamente errado, assim como eu estive. E sendo bem sincero, acho que nunca fiquei tão feliz de estar tão errado.
Desde sua primeira demonstração de gameplay, Street Fighter 6 ganhou completamente minha atenção, e pelos motivos citados acima, eu nem sei dizer o porquê. Creio que isso se deu pelo fato de que talvez eu esteja um pouco enjoado de tudo e, que estava a fim de experimentar “algo novo”. Mas, fato é que se o jogo não fosse bom, toda minha empolgação seria em vão. Porém, de alguma forma, eu sempre acreditei que este jogo seria algo completamente especial, mesmo que seu antecessor tenha sido um completo desastre.
O trabalho que a Capcom vem apresentando nos últimos anos, acertando praticamente tudo fez, me encheu de esperança e confiança de que um dos maiores jogos da indústria iria voltar com tudo. E já dando um grande spoiler do bem de tudo que você verá aqui. Sim! Street Fighter, está de volta.
Do que se trata?
Caso você nunca tenha tido contato com vídeo games na vida e não tenha ideia do que essa franquia se trata, isso aqui é exclusivamente para você. Street Fighter é uma franquia de jogos de luta com mais de 35 anos de existência. Desenvolvida pela empresa japonesa Capcom, o jogo se tornou desde seu início uma febre no mundo dos vídeos games, sendo uma das propriedades mais conhecidas do entretenimento.
Ao longo destes anos, mais de 25 jogos baseados na franquia ou da linha principal foram lançados. E embora que no meio desta longa caminhadas há alguns grandes tropeços, a franquia sempre conseguiu ser algo relevante na indústria, onde seus lançamentos sempre causam grandes expectativas.
Agora sim. Vamos falar do sexto jogo principal da franquia!
Um robusto single player
A maior novidade de Street Fighter 6 é com certeza seu modo World Tour.
Um modo história single player feito principalmente para jogadores mais casuais se aventurarem e aprenderem mais do mundo do jogo, seus personagens e principalmente seu combate.
Para quem já jogou algum jogo da franquia Yakuza, vai se familiarizar com e estilo que este modo se propõe.
Ao iniciar este modo, você terá que criar um avatar próprio e com ele irá para as ruas de Metro City, em busca de se tornar uma lenda das brigas da rua. Mas, para isso você terá ajuda de treinadores, que são os personagens disponíveis no jogo.
Você começa sob aos cuidados de Luke, que irá auxiliar e introduzir você neste mundo, e dar o caminho que você irá precisar percorrer, para alcançar a conquista de grande mestre.
Mas você não estará completamente sozinho, você terá a companhia de seu companheiro de treinos Bosh, um personagem feito exclusivamente para este modo, que ao seu lado irá te auxiliar, ou não, em sua jornada. Sem querer entrar em grandes spoilers, mas seu amigo vê as coisas de uma forma diferente da sua, e tem suas próprias da qual você não está incluindo, e assim, criasse uma intrigante história paralela, que irá ser interligada lá na frente.
Mas o que Metro City tem a oferecer? Muita, mais muita coisa. Como dito antes, o pequeno mundo aberto criado pela Capcom segue um padrão bastante comum em RPG’s japoneses. E isso está incluído algumas bizarrices, que acabam sendo engraçadas. Mas durante suas caminhas pelas ruas é possível chamar qualquer um para um duelo de luta, onde nela, seu personagem ganha experiência para subir nível. Personalizar seu personagem com diversas roupas que é possível comprar em lojas espalhadas pela cidade, descobrir segredos, fazer atividades paralelas, trabalhar e mais algumas coisas.
Além disso, conforme você avança da história e descobre mais mestres e, ao fazer trabalhos específicos para eles, você irá adquirir suas habilidades, que é possível introduzir ao seu personagem, onde você poderá utilizá-las nas batalhas que irá travar ao longo do caminho.
Ao criar este modo, a Capcom decidiu criar seu próprio estilo de single player e não seguir o padrão de sua concorrente NetherRealm, desenvolvedora de Mortal Kombat criou, onde é seguido um padrão mais cinematográfico de contar uma história. No início eu confesso que tinha minhas dúvidas se este modo World Tour daria certo, mas após entender sua proposta, eu consegui me divertir ao longo de todo sua jornada que dura em torno de 12 há 15 horas para terminar. Isso claro, a conclusão de todas as missões principais, pois tem muita coisa para se fazer mesmo após terminar.
Mas como nem tudo é perfeito, ao terminar eu senti que este é um grande diamante, mas que ainda precisa ser lapidado. Isso porque seu estilo de combate, pode gerar em alguns uma sensação de cansaço, pois obviamente, não existe grande variação. Ao longo do tempo, ficar somente brigando nas ruas ficou um pouco um chato, além deste modo não trazer grandes desafios. E após evoluir bem seu personagem e possuir o mínimo de noção do combate tudo fica fácil demais.
Além disso, eu tive uma grande ressalva quanto a história que eles decidiram contar. Como dito antes, tudo se baseia na caminhada de se tornar um grande mestre, e a jornada de seu companheiro de combate Bosh. Eu creio que a Capcom tem em suas mãos alguns dos personagens mais populares da indústria, onde até mesmo os jogadores causais, gostariam de ver um pouco da história de Ryu, Ken ou Chun-li, tornar estes personagens coadjuvantes em uma história paralela, faz tudo perder muito peso. Principalmente se você não se simpatizar com seu companheiro de treino.
Para um próximo o jogo, acho que seria um grande acerto é focar na história dos personagens do jogo, e criar um modo história robusto baseado neles, mesmo que você use de um personagem paralelo durante a jornada. Mas, contar uma história definitiva, seria um grande acerto.
Modos de jogo para todos os gostos
Para quem é o jogador “old-school” de Street Fighter, não fique receoso, este jogo também é para você.
Os modos mais clássicos como o modo arcade, ainda se faz presente, seguindo o estilo dos anteriores. Onde você ao escolher um personagem, segue uma série de lutas, até enfrentar o grande chefão no final. Aquele estilo bem fliperama.
Mas dentro deste modo a Capcom encontrou uma forma de contar algo que eu gostaria que fosse contado de outra história, mas isso já foi dito. Ao avançar nos combates, você tem acesso a artes com textos, bem ao estilo quadrinhos, onde a história daquele personagem é contada.
Apesar de não ser nada tão denso ou de grande peso, para os jogadores que adoram a “lore” da franquia, é um prato cheio.
Além disso o jogo possui modos treinamentos bem robusto, onde é possível acessar toda lista de combos e treinar de forma a vontade com seu personagem favorito. Ou chamar aquele seu algo para tirar aquele famoso X1, ou simplesmente jogar contra a máquina por pura diversão.
Existe também um novo modo Extreme introduzido, que é quase um modo “zoeira”, onde o ambiente possui objetos específico em que você pode atirar em seu oponente, e desta forma criar combos. Além disso, em alguns cenários, a área de batalhar é invadida e pode criar uma circunstância de duelo.
Apesar da tentativa, eu creio que este modo específico não terá grande vida. O imponderável em jogos de luta não são algo bem-vistos pelos jogadores mais entusiasmados, e não sei se terá apelo dos casuais, que devem preferir os modos mais clássicos, de qualquer forma, com certeza valeu a tentativa.
E claro, o modo online.
Online divertido e despretensioso
Aqui é um ponto que é talvez até um pouco difícil para eu falar. Com dito, eu nunca fui um jogador entusiasmado pelo gênero e mesmo quando mais joguei, passei longe de ser pelo menos um bom jogador. Mesmo assim, o modo online de Street Fighter 6 consegue divertir até mesmo os jogadores mais casuais.
Isso porque não se trata somente de ir lá e lutar. Agora existe um uma central chamada “Battle Hub”, onde você no controle de seu avatar, pode circular e quem sabe até fazer amizades. Nele é possível interagir com todos naquela central por mensagens de textos, personalizá-lo, criar lutas de avatares, assistir partidas e campeonatos, e até se divertir nas áreas de festa.
Achei esta forma de deixar o ambiente online mais leve algo muito sagaz por parte da Capcom. Afinal de contas, é sabido que os ambientes em jogos online não são os mais calmos e respeitosos, mas ao criar essa “zoeira”, tudo fica mais próximo e mais leve, e mesmo que você perca muito, como é meu caso, vale a pena ficar ali.
Um jogo de luta muito acessível
Um aspecto que gostaria de ressaltar é que Street Fighter 6 é sem dúvidas o jogo mais acessível de luta já feito.
Como todo jogo quem tem um viés competitivo ele exige um certo treinamento de sua parte, mas creio que jogos de luta, são os que mais exigem. E ao saber disto, eles criaram um sistema de controle que chamara de “controles modernos”, onde é possível realizar combos com pouquíssimos botões, soltas poderes com apenas um além de facilitar a movimentação de seu personagem.
É claro que estes controles também limitam seu personagem, alguém que joga nos moldes clássicos, terá uma variedade de combos muito maior que a sua, mas de qualquer forma é uma grande iniciativa, que é facilmente perceptível que deu muito certo, ao ver a quantidade de pessoas que enfrentei ao longo de minhas mais de 100 lutas no modo online. Isso aliado ao modo história, é um grande atrativo para jogadores mais casuais.
Um dos melhores do ano!
Street Fighter 6 tem seus tropeços como todo jogo, mas consegue ser praticamente completo para todos os gostos. Talvez nunca tenha sido tão bom dar um soco, pois o jogo consegue entregar uma sensação de prazer e conquista, como poucos jogos do gênero conseguiu.
Mesmo que você não seja um grande entusiasta de luta, eu consigo recomendar este jogo para você, pois eles conseguiram conversar com todos os públicos, e criar um jogo quase que definitivo para o gênero.
Após o desastroso quinto jogo da série, a Capcom acerta precisamente em Street Fighter 6 e só comprova a excelente fase que a desenvolvedora japonesa vem vivendo.
Essa review foi possível graças a uma chave de acesso ao jogo cedida pela Capcom Brasil, a quem agradecemos imensamente pela confiança. Street Fighter 6 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series S|X e PC.