Análise Tales Of Symphonia Remastered (Nintendo Switch)
Tales of Symphonia Remastered traz para a geração atuais um dos JRPGs mais famosos de todos os tempos!
Tales Of Symphonia Remastered foi desenvolvido pela Namco Tales Studio e lançado originalmente no final de 2003 para o Gamecube da Nintendo. Na época, era o 5º título da série, que começou com Tales Of Phantasia, em 1995 no final do ciclo do Super Famicon no Japão (SNES no resto do mundo). Atualmente a série já conta com mais de 15 títulos, sem contar os jogos derivados (spin-offs) e o último jogo lançado foi Tales Of Arise, muito bem recebido pela crítica.
Sabemos que grandes franquias de JRPG tendem a sofrer com uma certa inconstância, com alguns jogos muito aclamados enquanto outros se esforçam para segurar o nome da série, como acontece com Final Fantasy ou Star Ocean, por exemplo. Mas os fãs podem ficar despreocupados, pois Tales Of Symphonia Remastered traz apenas melhorias ao jogo original, o que significa que a qualidade desta remasterização está diretamente ligada ao jogo original.
Começando a aventura
Começamos nossa aventura em uma sala de aula, onde aprendemos sobre o estado atual do mundo de Sylverant, no qual a energia vital do planeta (mana) está se esvaindo aos poucos e, no momento certo, uma escolhida deve sacrificar-se para a restauração de tudo e libertar os humanos dos chamados “Desians”, uma raça de humanoides muito maus. Eu sei que você já viu algumas premissas parecidas com essa antes, mas levemos em conta de que isso é o roteiro de um jogo com mais de 20 anos nas costas.
Eventos dramáticos acontecem e colocam os protagonistas Lloyd, Genis e Colette na ação para salvar o mundo, sendo esta “a escolhida”. Durante o desenrolar da campanha, fica claro que a escrita possui um tom dramático e exagerado (bastante exagerado), com diálogos demasiadamente explicativos de cada elemento da história e sem deixar nada para ser interpretado pelos jogadores. Também é visível o maniqueísmo, sendo que apesar de o jogo construir alguns mistérios em relação ao passado de alguns personagens, assim como as situações por eles vivenciadas, eles não são complexos: ou é bom ou é muito mau.
Se por um lado, essas características não são muito bem-vindas nos RPGs atuais, a superficialidade da narrativa cria uma atmosfera de leveza para o jogador simplesmente se divertir enquanto acompanha as aventuras de Lloyd e sua turma. Nesse aspecto é importante ressaltar a existência de interseções narrativas durante o gameplay, onde podemos acompanhar pequenos trechos de diálogos animados entre os personagens, o que revela mais de suas personalidades, preocupações e objetivos. Esses momentos também são responsáveis pela construção de cada um deles e, devo admitir, os personagens são muito carismáticos.
Lloyd é um lutador, que não tem paciência para explicações sobre a construção do mundo ou sobre algumas mecânicas como os quebra-cabeças existentes no mundo. Impossível não me identificar quando, ao final de uma explicação, Lloyd exclama: não entendi nada! Genis, por sua vez, é o amigo estudioso e que puxa a orelha de Lloyd dizendo que ele saberia mais coisas se não dormisse nas aulas. A dinâmica entre eles é bem bacana, sempre trazendo diálogos bem-humorados. Os demais personagens também se encaixam bem na narrativa, com estereótipos clássicos que dão um tom leve (para não dizer infantil) à aventura. Em resumo: é divertido.
Gameplay
Os personagens carismáticos e a narrativa simples fazem com que a experiência de Tales Of Symphonia Remastered seja agradável, mas o grande trunfo do jogo é o gameplay, sobretudo nos combates.
Embora seja um RPG de grupo (party-based) durante o jogo, controlamos apenas um dos personagens (que pode ser trocado) utilizado na exploração do cenário e interação com os NPCs. A exploração do mundo divide-se em dois momentos. O primeiro, dentro das cidade, é onde encontramos os personagens secundário da história. As áreas são interligadas e não há longos carregamentos entre uma e outra. É quando encontramos vendedores de itens, armas e armaduras, além de ingredientes para cozinhar. Também durante as explorações de cenário encontramos locais onde o jogo pode ser salvo (o que é recomendo fazer com frequência).
O segundo momento de exploração acontece em um mapa regional, o chamado “overworld” onde Lloyd e sua turma viaja entre cidades do jogo. Essa exploração é bem menos interessante, com uma câmera que não auxilia a movimentação, uma vez que ela não é voltada para o horizonte, mas para uma porção do solo à frente de Lloyd. Imagino que essa “solução” é devida à limitação do GameCube na época, quando não era possível carregar objetos distantes do jogador. De qualquer modo, funciona e demos uma bússola e um mapa para nos guiar aos locais de interesse.
Inimigos são visíveis durante a exploração (em qualquer dos modos) e, ao esbarrar em algum deles, iniciamos uma batalha. Aqui reside o ponto alto do jogo. Tales Of Symphonia Remastered traz um sistema de batalhas em tempo real (em oposição ao sistema de turnos) que lembra muito jogos de luta. Lloyd e os demais personagens lutam todos ao mesmo tempo, mas os ataques são fixados em apenas um dos inimigos. Podemos acionar ataques normais (executando combos) ou escolher um ataque especial, seja apertando os comandos no controle ou pelo menu do combate. Ao final, o resultado da batalha é exibido, com uma avaliação do nosso desempenho.
Nesse momento, entra em cena também o modo cooperativo. Embora Tales Of Symphonia Remastered seja predominantemente para apenas um jogador, durante as batalhas até 3 outros jogadores podem assumir o controle dos demais personagens, fazendo com que a aventura possa ser compartilhada com amigos ou família. Além disso, o combate possui uma profundidade estratégica bem-vinda, com acionamento da IA e direcionamento do comportamento do resto do grupo para que atuem da maneira desejada pelo jogador. Um sistema muito moderno que se mantém funcional até hoje.
Aspectos Técnicos
Bom, Tales Of Symphonia Remastered é uma atualização do jogo para os consoles atuais. Não existem grandes novidades que já não haviam sido apresentadas nos relançamentos feitos anteriormente, para PS3 e PC. Ainda assim, existem alguns problemas de quedas na taxa de quadros aqui e ali, mas que na minha opinião não comprometem a experiência, sobretudo com a possibilidade de poder jogar em qualquer lugar com o Nintendo Switch.
Os gráficos são bastante agradáveis e carregam as decisões artísticas de 20 anos atrás. Um dos pontos altos do jogo são as animações em 2D e dublagem, que podem ser tanto em inglês como em japonês (eu particularmente, prefiro jogar no idioma original).
As músicas também não fazem feio e são bastante agradáveis, dando o tom certo para a aventura. Inclusive, eu duvido que alguém jogue Tales Of Symphonia Remastered e não fique com a música das batalhas ecoando na mente por horas depois de jogar.
Conclusão
Tales Of Syphonia Remastered possui elementos que o destacam dos demais JRPGs que já pude experimentar. Embora alguns ingredientes sejam os mesmos, caracterizando o gênero a qual ele pertence, as peculiaridades no combate e no estilo de narrativa, fazem com que o jogo seja muito agradável e divertido. Acrescente-se as melhorias da versão remasterizada e temos um jogo obrigatório para os amantes do gênero. Recomendo muito.
Tales Of Symphonia Remastered foi publicado pela Bandai Namco e está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4, e Xbox One, podendo ser jogado nos consoles mais atuais por meio da retrocompatibilidade.
A análise foi realizada com base em uma cópia digital para Nintendo Switch, gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo.
