Análise Tchia (PlayStation 5)
Tchia é uma caminhada profunda através da cultura de um local pouquíssimo conhecido e encantador, apesar de ser um pouco cansativo como jogo.
Se existe algo que me fascina no mundo dos jogos atualmente, é como essa mídia evoluiu ao ponto de criar experiências meramente contemplativas. Dizer isso pode soar como uma obviedade nos tempos em que vivemos, mas vale ressaltar que videogames surgiram com um conceito base “vencer”. Tudo envolvia desafio e recompensa, para que o jogador de alguma tivesse aquela sensação de estar progredindo. Bom, mas porque estou dizendo isso, porque jogos assim me fascinam pela sua simplicidade e para mim é a definição perfeita do que é vídeo games para mim.
Este é o caso de Tchia, um jogo de aventura em mundo aberto, desenvolvido pelo estúdio canadense Awaceb, inspirado na ilha de Nova Caledônia, um local real, embora pouquíssimo conhecido. Essa fonte de inspiração está presente em absolutamente todos os aspectos do jogo, seja na cultura, folclore e geografia regional.
O que e Tchia?
Como dito anteriormente, Tchia é um jogo de mundo aberto com foco em exploração, combate e narrativa. Este é o clássico jogo que absolutamente qualquer um pode jogar. Suas funções básicas são simples e de fácil aprendizagem, além de possuir um visual absurdamente carismático e lindo.
No controle de Tchia, você irá descobrir com ela, tudo que este local tem a lhe oferecer. É basicamente um tour por Nova Caledônia, através do vídeo game, e isto e brilhante. A personagem que antes, morava em um pequeno vilarejo, tem que desbravar o mundo após um acontecimento familiar fazer com que ela vá para o “grande centro”, em busca de respostas e conhecimentos.
Gameplay com ótimas inspirações, mas tropeça
Para jogadores mais ansiosos, como são a maioria das pessoas atualmente, Tchia pode causar um certo “tá, mas que hora vai acontecer algo?”. O time de desenvolvido não se preocupou em nenhum momento em apressar demais as coisas, e fazer com que o jogador não atentasse a cada detalhe do mundo. Obvio que estamos falando de um jogo indie, então não espere gráficos ultrarrealistas, ou mesmo detalhes que se assemelhem a realidade. Mas que o jogo quer é que você curta este passeio, sem pressa. É como uma viagem de férias, vá devagar curta o momento. O motivo de eu enfatizar isso, é por pura questão de quebrar as expectativas das pessoas, ao acharem que Tchia é mais um jogo aventura, onde a personagem possui um arco e flecha e vai sair matando tudo que vê, e não é.
Após um acontecimento chocante na vida de nossa personagem, ela descobre que é abençoada por uma deusa e descobre o poder alma, que faz com que Tchia além de saltar mais alto, transfira seu espirito e assuma o controle deste em que receber. E pode ser qualquer coisa, animal, fruta ou objeto. É desta forma que o jogador será guiado para vencer os obstáculos que entrarão na frente de nossa protagonista, além de facilitar a locomoção, onde assumir um pássaro fará com que você vá do ponta A ao B de forma muito mais ágil.
Em sua exploração o jogo se inspira totalmente em Zelda Breath of the Wild, mas muito mesmo. E isso é ótimo. Afinal de contas estamos falando de um jogo de mundo aberto modelo. Em suas travessias, esqueça pontos de interrogação e marcações para onde ir. Claro que o jogo oferece seus objetivos, mas ele não pega em sua mão. Ele te joga no mundo e vai. E tudo que você vê, acredite, você pode ir lá. Isso com certeza aumenta ainda mais o senso de exploração, embora possa frustrar os mais apressados que não querem ficar procurando o que precisar fazer.
O jogo ainda possui diversos mini games, como escultura em pedra, tocar instrumentos musicais, resolução de puzzles e outros que não contarei para não estragar a surpresa.
Outro aspecto de sua gameplay é seu combate. Por que sim, Tchia tem combate, infelizmente. Eu realmente fiquei surpreso quando soube disto jogando, por que eu não estava sentido a menor falta disto. Mas, entendo a inserção desta mecânica, para que o jogo possa quem sabe desta forma, atingir um público maior. Mas, como dito antes, a personagem é uma criança, além de querer passar uma mensagem positiva. Então não espere nada violento ou de grande movimento. Com seu poder de transferência de alma, a protagonista usa de objetos no ambiente, para combater os inimigos do jogo. Algo simples, mas que eu realmente não senti a necessidade de sua inserção.
Estrutura cansativa
Sim, Tchia teve excelente inspirações, mas creio que também teve as más. Principalmente em sua estrutura de fases. Para ser bem simples, citarei um jogo que provavelmente todo mundo uma vez na vida deve ter jogado, Assassin’s Creed, principalmente os recentes.
A estrutura de leva e traz é presente durante toda jornada de 4 horas. Suas missões são absurdamente simples, que ficam repetitivas rapidamente, causando frustração de forma rápida. Creio que essa estrutura foi escolhida pelo time, por ela oferecer muitos passeios pelas regiões, fazendo com que o jogador, sempre esteja em movimento pela ilha. Mas isso cansa, e cansa rápido. Eu respeito completamente quem gosta deste estilo, mas sinto que ás vezes é uma estrutura simples demais, que desconversa com todo resto. Esses objetivos de “busque isso” ou “Leve isso”, me tirava toda vez do jogo.
E isso é realmente frustrante, porque as conclusões destas missões são simplesmente mágicas. Sempre te contado algo novo sobre o local, trazendo um sentimento verdadeiro de busca e conquista. Pena que para isso, você tenha que se cansar um pouco.
O poder da trilha sonora
Algo que sempre me traz para dentro de um jogo, é uma bela uma trilha sonora. Como uma boa música é capaz de trazer você para algo né. E Tchia usa e abusa das canções locais para contar histórias. É através destas canções originais, com vozes de moradores locais, que fará você se apaixonar completamente pelo jogo. É aquele tipo de momento que aquece o coração e leva você para dentro da aventura, acendendo o fogo para que você possa continuar.
Mas é bom?
Sempre que escrevo ou converso com um amigo sobre jogos assim, eu sempre falo a mesma coisa, depende de você. Para mim, foi ótimo. Mesmo que jogo caia aqui e ali, sua estrutura básica é ótimo, seu mundo é lindo e sua trilha sonora é apaixonante. Mas, pode sim frustrar. Principalmente os mais apressados.
Como disse, o jogo não quer correr e nem quer que você corra. Só ande pela ilha, curta a viagem. Tente esquecer sua estrutura problemática e se concentre naquilo que é novo para você. Afinal de contas, conhecer uma nova cultura é sempre bom né.
Por fim destaco a coragem e compromisso do time de desenvolvimento em querer retratar para tantos a história de pequeno e desconhecido lugar. Eu confesso que nunca tinha ouvido falar de Nova Caledônia, mas foi ótimo conhecer.
A análise de Tchia foi feita com base em uma cópia digital para PlayStation gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do jogo. Disponível para PS4, PS5 E PC, e incluso no serviço da PS Plus, nos níveis Extra e Deluxe.