Análise Tekken 8 (PS5)
Tekken 8 é uma aula de como um jogo de luta deve ser lançado: repleto de conteúdo para fãs e casuais, que proporciona uma experiência empolgante e definitiva de nova geração.
Não há dúvidas que o gênero de luta conseguiu sobreviver ao tempo. Digo isso porque em determinado momento, principalmente na era PS3 e um pouco do PS4/Xbox One, o gênero quase chegou a ruína. Claro que grande parte disso se deve ao fato das principais franquias como Mortal Kombat, Street Fighter e The King Of Fighters terem seus jogos mais fracos. Além disso, o gênero ainda sofreu com a evolução gráfica e de jogabilidade das outras classes.
Mas ainda bem que com o tempo, os jogos de luta entenderam que não era somente uma questão de partes técnicas e gameplay, mas sim oferecer conteúdo suficiente tanto para jogadores casuais e não casuais. Afinal de contas, hoje com jogos custando cada vez mais dinheiro para serem produzidos, é suicídio oferecer conteúdo focando somente fãs e visando campeonatos, desta forma, os jogos não se sustentaria e chegaria a ruína.
Após duras lutas (perdão pelo trocadilho), o gênero finalmente conseguiu criar um modelo de sucesso que foi seguido principalmente pelas principais franquia. E com certeza a culminação disto foi em 2023, quando Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1 foram lançados, com projetos robustos, eles souberam conversar com ambas as partes e assim, reviver o gênero como um todo, levando esses jogos a baterem recorde de vendas. Mas ainda faltava um, ainda faltava um grande jogo para completar a trindade.
E no dia 26 de janeiro, a espera finalmente acabou quando Tekken 8 foi finalmente lançado para Playstation 5, Xbox Series S/X e PC, 8 anos desde o jogo anterior.
Mas será que ele consegue trazer o mesmo nível de qualidade de seus principais concorrentes? Eu te conto!
Desde o PS1
Acho que é quase impossível quem gosta de vídeo games não conhecer a franquia Tekken. Eu acho que dentre as principais franquias ele sempre foi o menos conhecido, principalmente no Brasil, mas é inevitável você não ter ouvido falar da qualidade e importância do jogo para o gênero ao passar dos anos.
E devo ser sincero ao dizer que sempre fui um desses, eu cheguei a jogar os primeiros lá nos primórdios do PS1 e depois só voltei para franquia no Tekken 7. Mas sempre acompanhei os títulos da franquia ao longo dos anos, eu ouço de fãs de que é uma franquia que sempre oscilou entre o ótimo e ok, chegando até ter título bem ruins. Eu não vou entrar neste mérito pois como eu disse, não joguei para falar.
Mas desde um período recente, minha vontade por jogos de luta definitivamente voltou, e dos lançados recentemente eu joguei todos e é muito legal ver que os jogos conseguem se diferenciar bastante, possuindo cada um uma particularidade que os diferenciam bastante.
Desde seu anúncio oficial em um State of Play em setembro de 2022, o jogo teve minha atenção. Dali em diante, eu acompanhei os trailers de revelação de personagens, além das atualizações do time de desenvolvimento.
Porém, eu devo confessar, que em determinado momento, vendo o sucesso de SF 6 e MK 1, eu senti que Tekken 8 estava perdendo o “time”, em não aproveitar o hype do gênero, temendo que o jogo sofresse desinteresse por conta de um possível esgotamento com tantos de jogos de luta saindo. Bom, que baita engano! Definitivamente a Tekken Project sabia exatamente o que tinha nas mãos e sabia que mesmo que seus concorrentes saíram na frente, o interesse pelo jogo não seria baixo.
História empolgante
O modo história de Tekken 8 começa com os dois pés na porta, é aquele tipo de apresentação que todos os jogos em minha opinião precisam mirar. Digo isso, porque alguns jogos perdem tempo demais apresentando suas mecânicas, quando na verdade você pode ensinar o jogador no meio da luta.
Sob o controle de Jin Kazama, você busca derrotar seu pai Kazuya Mishima, que devido ao seu grande poder demoníaco busca libertar uma entidade para possuir poder infinito para conquistar o mundo. É deste em ponto em diante, que o jogos lhe joga em um confronto eletrizante que aliado de uma brilhante trilha sonora, deixando o jogador extremamente empolgado em prosseguir após o término da luta.
Com a derrota prévia de Jin, seu pai decide então realizar um torneio mundial, onde o vencedor irá ter a “honra” de duelar contra ele, enquanto os lutadores perdedores terão seus locais natais atacados. Isto não é spoiler, pois se encontra na demo que você pode baixar de forma gratuita, e além do mais, jogando é uma experiência completamente diferente.
Deste ponto em diante, Katsuhiro Harada e sua equipe conseguem entender que o que o jogador mais busca em uma hisparia de um jogo de luta é LUTAR! Além disso, ter a oportunidade de saber mais sobre seu personagem favorito, além de viver momentos épicos.
Nos últimos anos, a NetherRealm criou um formato de contar história que sem dúvidas foi grande marco no gênero e acabou sendo seguidos por outros. Em Tekken 8, existe semelhança, porém o desenrolar da narrativa é completamente diferente.
Ao longo do jogo você irá controlar diversos personagens, mas tudo se baseia na trama de Jin e Kazuya, o foco é sempre eles. A narrativa dos personagens secundários, também gira em torno deles, e, eu acho isso ótimo.
Diferente de SF 6 que possui um modo história chamado “World Tour”, que na verdade não chega a ser uma narrativa tão bem contada como MK, por exemplo, busca focar muito em personagens novos, além do personagem que você controla que nada mais é que um criado. Isso tira muito da identidade dos personagens e causa enorme frustação para quem busca saber mais dos personagens mais famosos.
Tekken 8 foca naquilo que importa, ação e seu lutadores. Desta forma, ele consegue criar uma história empolgante que conta um final épico e assustadoramente enorme, bem típico de animes, mas que acaba exatamente quando precisava e deixa pistas para onde a franquia ainda pode ir.
Claro que nem tudo é perfeito. A narrativa apesar de bem construída, ela parece um tanto quanto acelerada demais. Alguma cosias acontecem absolutamente do nada e conta com algumas conveniências que são difíceis de acreditar. Mas no fundo, isso pouco importa. O fato mesmo é que a história de Tekken 8 é tranquilamente uma das melhores já feitas no gênero.
Muito conteúdo
Como disse antes, Tekken 8 tem muito conteúdo além da parte online. Além do modo história, o jogo conta com o tradicional modo arcade que você ao escolher o personagem terá que vencer cinco desafiantes contando o chefão, que neste caso não é um igual para todos. A estrutura é de que o personagem escolhido entreterá seu inimigo pessoal.
No fim, como tradicional na franquia e fazendo melhor que todos os jogos de luta atualmente, tem um cena animada que mostra o destino final do lutador. Bem diferente de outros jogos em que no fim aparece um texto com uma imagem simples no fundo, aqui não, há cinemáticas bem elaboradas e variadas que se completam.
O jogo ainda conta o retorno do modo tekken ball. Que para quem não conhece é basicamente um jogo de vôlei com queimada e luta, é um pouco difícil de explicar mas jogando é bem simples e confesso que não é algo que atrai muito. Creio que o modo casa bem para jogar com amigos em casa naquela pegada bem zueira, mas, como eu disse, é bem feito e válido ao agregar conteúdo.
Por fim, existe o novo modo “Missão Arcade”, que serve como um bônus a narrativa do jogo. Não quero dar muitos spoilers, mas basicamente você cria um avatar tipo Xbox 360, e com ele você irá para um fliperama pela primeira vez. E lá, vai viver este clima arcade ao participar de campeonatos e fazer amigos.
Tudo é mais simples, como os diálogos que na maioria não chegam a ter voz, mas é divertido. Certamente você não irá demorar mais que 4 horas para terminar e é muito válido principalmente para jogadores que temem o modo online.
Como o próprio criador da franquia Katsuhiro Harada, a intenção deste modo é passar ao jogadores mais novos que não tiveram a oportunidade de vivenciar este clima de fliperama.
Inclusive, as lutas que acontecem neste modo conseguem ser em alguns casos mais complexas e desafiadores que buscam simular lutas online. A diferença é que o jogo pega em sua mão e ensina você a como agir em cada situação.
É um modo inteligente para situar novos jogadores que um dia almejam ir para as lutas online.
E claro, o jogo conta com o clássico modo online que não há muito a ser dito, já que segue a estrutura de todos os jogos de luta, sem nenhum tipo de novidade. Porém, vale o adendo de que o servidores, pelo menos em minha experiência funcionou perfeitamente.
Trilha sonora sublime
Eu nunca fui um cara que prestou muita atenção nas músicas de jogos de luta a não ser a música tema de cada jogo. Porém, em Tekken 8 é praticamente impossível você não notar a presença sonora. Além do áudio do jogo que é excelente com um som prazeroso nos impactos do soco, destruição de cenários, o game contém músicas absurdamente empolgantes.
Para fechar com chave de ouro, Tekken 8 ainda conta uma Jukebox, que contém a trilha de todos os jogos da franquia que você pode ativa-las a qualquer momento e deixar a trilha da forma que você quer. Isso é algo que todos os jogos deveriam ter, inclusive jogos de outros gêneros.
Nova geração
Algo que serei bem breve mas preciso destacar é a beleza deste jogo. Para quem não sabe, ele é desenvolvido na Unreal Engine 5 e o estúdio realmente consegue tirar o máximo proveito do motor gráfico.
É tranquilamente o jogo de luta mais lindo que já vi.
Talvez não seja o mais brilhante artisticamente, mas em questão de beleza em cenários, roupas, iluminação e expressões fáceis, é muito melhor que muito AAA focado em ação.
Ponto negativo
Foi muito difícil pensar em um aspecto negativo e não pense que isso é procurar pelo em ovo. Mas talvez não tenha o mesmo peso para outros que teve para mim, e é perfeitamente compreensível neste caso.
Há algum tempo jogos de lutas tem buscado serem mais acessíveis para um público maior como já disse antes, e parte dessa busca foi a criação de um modo de controle que permita jogadores casuais realizarem combos que exigem um treinamento mais complexo.
Este tema ganhou muita força no Street Fighter 6 com a adição do “controle moderno”. E Tekken tentar ir na mesma onda.
Aqui você também possui este controle simplificado que permite ao jogador realizar golpes consecutivos de forma absolutamente simples, porém, eu sinto que foi uma adição feita um pouco nas presas. Diferente de SF 6 que mesmo o controle simples te possibilita algumas abordagens, aqui em Tekken 8 você ficará completamente limitado a um estilo de luta.
Pensando em modo online, o jogador que utilizar este controle será lido de forma muito simples, pois seus golpes ficam previsíveis, além do mais, você sacrifica muitos golpes que ao ser colocados na balança, o saldo é negativo.
Eu acredito que este modo deve ser trabalhado com o tempo pela desenvolvedora para o jogador casual tenha mais possibilidades de jogo, mesmo em um controle simples.
Uma obra prima
Faz muito tempo que não via uma obra tão completa como Tekken 8. Um jogo que consegue entender tudo que um jogo de luta deve oferecer nos dias atuais, além de oferecer uma grande variedade de lutadores com um host de 32 personagens, sendo com sobras o maior dentro os jogos de hoje.
Sua campanha, seus modos secundários feitos com carinho e um online que funciona perfeitamente faz dele o melhor jogo de luta feito nos últimos anos. A Tekken Project realmente tem um produto perfeito que pode ainda ficar melhor com boas atualizações no futuro.
Eu ainda poderia falar de outras tantas qualidades do jogo, mas acho que ficou claro o quanto eu amei esse jogo e ainda pretendo passar inúmeras horas preso nele.
A análise de Tekken 8 foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Disponível PC, PlayStation 5 e Xbox Series.
